Telhados brancos: uma solução contra aquecimento e consumo de energia

Cidade de São Paulo e o estado do Rio de Janeiro analisam aprovação de legislação sobre uso de telhados brancos nas habitações. Alternativa é defendida para reduzir emissões de gases de efeito estufa e diminuir consumo de eletricidade
 

Telhados brancos: garantia de economia
de energia, menos emissão e conforto
ambiental
Danilo Oliveira, para o Procel Info

Uma solução que ainda enfrenta resistência para aprovação, mas que tem recebido incentivos no Brasil. A utilização dos chamados telhados brancos como forma de reduzir as emissões de gases poluentes e o consumo de energia elétrica tem sido estimulada por projetos de lei em todo o país. Para minimizar a polêmica, o Conselho Brasileiro da Construção Sustentável está elaborando um posicionamento sobre tetos frios, que deve ser lançado em breve.

Em alguns estados, como São Paulo, existe um projeto que prevê a obrigatoriedade do uso desse tipo de medida. O PL 615/2009, do vereador Antonio Goulart (PMDB), prevê a pintura dos telhados de casas na cor branca, de modo a reduzir os efeitos do aquecimento global.

"O principal benefício está na redução no gasto de energia para o resfriamento dos imóveis, pois a cor branca reflete mais luz solar e absorve menos calor. A maioria dos telhados é de cor escura e emite somente 20% da luz do sol", explicou o autor do projeto, que foi aprovado em primeira votação na Câmara Municipal de São Paulo em novembro de 2010, mas depende da segunda votação para proceder com a sanção da Lei.

De acordo com Goulart, a solução pode ser aplicada em qualquer tipo de construção, desde casas particulares e escolas até prédios residenciais e comerciais. A proposta do vereador baseia-se na campanha One Degree Less, lançada no Brasil, que têm como principal objetivo a diminuição de um grau Celsius da temperatura do planeta. Esta ação trata de um programa criado pela organização Green Building Council Brasil.

Segundo pesquisadores da Lawrence Berklay Laboratory, da Califórnia, nos Estados Unidos, o monitoramento de 10 edifícios, nesta cidade e na Flórida, apontou que o uso dos telhados frios poupa para moradores e proprietários, de 20% a 70% do uso de energia gasta com resfriamento. 
"Os telhados pintados de branco, ou de outra cor clara, possuem reflexão de 60% ou mais. Com isso, os efeitos de incidência solar diminuiriam. Cada 100 metros quadrados pintados, compensariam 10 toneladas de emissão de CO2. 
Se em 20 anos todas as coberturas forem pintadas, teremos o efeito de tirar metade dos carros que rodam em todo o mundo a cada ano deste programa", destacou Goulart, baseado na pesquisa.

"O principal benefício está na redução no gasto de energia para o resfriamento dos imóveis, pois a cor branca reflete mais luz solar e absorve menos calor. A maioria dos telhados é de cor escura e reflete somente 20% da luz do sol", diz vereador

No Rio de Janeiro, a Assembleia Legislativa aprovou projeto que prevê a implantação de telhados pintados de branco nas novas habitações a serem construídas pela Companhia  Estadual de Habitação (CEHAB-RJ). No entanto, o projeto foi vetado pelo governador Sérgio Cabral e será apreciado pelo Plenário, que é soberano, podendo ser derrubado. O autor do projeto, o deputado Luiz Paulo (PSDB-RJ), destaca que os telhados brancos estão ligados diretamente à redução do gasto com energia e à queda da temperatura ambiente.

O deputado do Rio de Janeiro contou que o projeto beneficiará não só os setores da economia interessados na redução do consumo de energia elétrica, mas também ambientalistas e setores como arquitetura e engenharia. "A cor branca reflete mais luz e absorve menos calor solar. Sendo assim, naturalmente, com os ambientes mais frescos, as pessoas podem reduzir o uso do ar condicionado e do ventilador, fato relevante em países quentes como o nosso e cuja matriz energética é composta, em sua maior proporção, de fontes hídricas", explicou.

Roberto Lamberts, da UFSC, alerta sobre a importância de se analisar a durabilidade das tintas com a ação do tempo, sobretudo pelo escurecimento dos telhados e, consequentemente, com eficiência energética reduzida. "Estamos medindo a absortância na hora de etiquetar os edifícios. Mas a degradação é uma ponderação importante. Vamos ter que partir para uma regulamentação de materiais que envolvam a análise da degradação com o tempo", observou. Ele explicou que esse problema é bastante sério e ocorre, principalmente, em locais com climas mais úmidos, como Belém (PA).

Lamberts ressaltou que os telhados brancos, assim como os verdes, têm efeito positivo para a economia de energia elétrica. Ele lembrou que no projeto Casa Eficiente, a Eletrobras Eletrosul obteve bons resultados de redução no consumo de energia com a utilização desse tipo de telhado. "Precisamos nos preocupar em ter tetos mais frios, para minimizar o micro clima da cidade. Mas tanto o verde quanto o branco são soluções interessantes", avaliou.

"Temos que evoluir na certificação dos produtos brancos de baixa absortância em termos de se prevenir contra a degradação com o micro clima. Eles são mais importantes em superfícies impermeáveis do que superfícies que absorvam água (como teto verde e telha cerâmica). Não dá para aprovar lei que obrigue todo mundo a ter teto branco", afirmou Lamberts.
 

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