Murilo Ferreira assume a presidência da Vale defendendo maior diálogo e preocupado com a Sustentabilidade



Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em site e Plurale em revista




Fotos de Luciana Tancredo/ Divulgação, Vale

Crescimento, diálogo e sustentabilidade. Estes são, na visão do próprio novo diretor-presidente da Vale, o mineiro Murilo Ferreira, os pontos fortes do seu estilo de liderança. 
Com a experiência de quem já ocupou outros cargos relevantes na estrutura do grupo - presidente da Albrás, diretor da área de Alumínio e presidente da Inco (no Canadá) - o executivo de 57 anos assumiu hoje, oficialmente, o comando de uma dos maiores mineradoras não só do Brasil, mas a nível global.

"Relacionamento com os stakeholders é muito importante", disse o novo diretor-presidente, ocupante agora do lugar antes de Roger Agnelli. O executivo paulista - egresso do Bradesco, estava na direção desde a privatização da empresa, ocorrida há 14 anos, e apesar de ser reconhecido pelo mercado por ter transformado a empresa em uma das mais lucrativas e fortes mineradoras do mundo, sofreu um desgaste intenso nos últimos tempos com o governo, acionistas e outros grupos. Mais cedo, Roger se despediu da funçao reunindo, em um café da manhã, assessores, executivos, a família e alguns jornalistas.

Ferreira confirmou a atual Diretoria-Executiva, indicando ainda a engenheira Vânia Somavilla, que ocupava o cargo de Diretora de Sustentabilidade e, antes de Energia, para o cargo de Diretora-Executiva de Gestão de Pessoas e Serviços Compartilhados. Vânia assume a vaga de Carla Grasso, a única da equipe de Roger Agnelli que não foi mantida. O novo diretor-presidente disse que encaminhará ao Conselho de Administração, na próxima segunda-feira, um pedido de recondução dos Diretores-Executivos da companhia e de confirmação de Vânia para o cargo.

O relacionamento com o Governo, comunidades, empregados, imprensa e a sociedade será, segundo Ferreira, "sempre aberto e ainda mais valorizado". E fez questão de mostrar uma característica de seu temperamento: a busca pelo consenso, sempre pronto para dialogar e ouvir. "Os amigos me chamam aqui na empresa de Murilo-san", brincou Ferreira, ao explicar que o consideram quase um japonês.

Sobre sua maneira de administrar, respondendo à pergunta de Plurale em site, resumiu: "Tenho grande entusiasmo pela palavra crescimento. A Vale tem vocação para crescer. Continuar a ter um bom relacionamento com todos os nossos colaboradores será minha outra prioridade. Tenho ideia fixa em relação a isso."

Antes, o executivo trabalhou por cerca de 11 anos na Vale, tendo ocupado vários cargos relevantes. Infartou, desgastou-se na administração de Agnelli e acabou pedindo demissão. Perguntado porque saiu naquela época e agora está aceitando voltar, Ferreira explicou que "lá era o fim de um ciclo e agora é o início de outro. Não sou uma pessoa intempestiva. Não sairia por divergências."

Acompanhado do presidente do Conselho de Administração da Vale, Ricardo Flores, e de representante da trading japonesa Mitsui (também acionista), Oscar Camargo, Murilo Ferreira fez questão de elogiar, logo no início da coletiva Agnelli. "Gostaria de manifestar aqui o meu enorme respeito por Roger Agnelli, com quem tive a honra de trabalhar. Ele foi de uma intensa dedicação à empresa", afirmou. Ferreira esteve, o tempo todo, acompanhado de sua Diretoria-Executiva, sentada na primeira fila do auditório da sede da mineradora.

Belo Monte e siderurgia - Ricardo Flores confirmou que o planejamento estratégico e os investimentos da Vale , de U$ 24 bilhões, estão mantidos. "Nada muda neste sentido", disse, frisando que a meta é agregar cada vez mais valor para a companhia. Ele também destacou o compromisso da Vale de participar do desenvolvimento do país. Flores assegurou que a Vale "continuará a trilhar o caminho do sucesso" e que os acionistas continuarão tendo "bons dividendos". Segundo o presidente do Conselho de Administração, a Vale respeitará cada vez mais o trabalho da empresa no Brasil e no exterior, além das comunidades onde atua.

Os jornalistas questionaram se não haverá maior influência política, do governo, na companhia. "A Vale é uma empresa privada", frisou Flores. No entanto, o tempo todo da coletiva ficou claro que as palavras-chave agora da nova gestão serão a busca do consenso e do diálogo.

O novo diretor-presidente da mineradora anunciou ainda que irá procurar prestigiar a indústria nacional sempre que puder. “Eu acho que as coisas [buscar lucros e desenvolver o País] não são incompatíveis. Ao optar por adquirir bens no País, a empresa estará gerando empregos e impostos”, afirmou. “Existem situações e situações, mas essas (comprar bens e serviços fora do Brasil) são exceções”. Na gestão de Agnelli, a empresa fez compra de navios de grande porte fora do Brasil, o que teria ajudado a desgastar ainda mais o relacionamento do executivo com o então presidente Lula.

Sobre o recente investimento na usina de Belo Monte - a Vale entrou no lugar do grupo Bertin - o diretor-presidente da mineradora disse que chegou a acompanhar a análise do relatório técnico elaborado pelos especialistas e que considera este um investimento bastante relevante. "Os estudos técnicos indicaram que a Vale deveria entrar. A Vale precisa de energia para o seu crescimento e a pior coisa seria não ter a certeza desta disponibilidade", afirmou, respondendo à pergunta de Plurale em site.

Os investimentos em Siderurgia também serão mantidos, assegurou o executivo, citando projetos no Pará e Ceará. "Fazem sentido para a Vale e é extremamente importante para a empresa que o Brasil tenha um parque siderúrgico", explicou.

Falou aos funcionários, revelando que a sua meta é transformar a Vale em uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil em termos de clima - "foi assim por oito anos quando estive à frente da Albrás". E também para as comunidades próximas de instalações e projetos do grupo. "Estaremos sempre abertos ao diálogo."

Com mais de 30 anos de experiência no setor de mineração, Murilo Ferreira ingressou na Vale em 1998 como Diretor da Vale do Rio Doce Alumínio - Aluvale, atuando em diversos cargos executivos até sua saída em 2008, quando atuava como Presidente da Vale Inco (atual Vale Canadá) e Diretor Executivo de Níquel e Comercialização de Metais Base da Vale.

Fonte: www.plurare.com.br

Nenhum comentário: