10 lições de Steve Jobs para ajudar na sua carreira


Um artigo publicado na Forbes listou as maiores lições que os profissionais podem aprender com o fundador da Apple
SÃO PAULO - Um artigo publicado na Forbes lista as maiores lições que o fundador da Apple, Steve Jobs, pode ensinar sobre carreira, negócios e vida pessoal. Você sabe quais são elas? Confira abaixo:
1. Ame o que faz
Jobs era cercado de coisas que ele amava: sua empresa, seus produtos e até as pessoas com que trabalhava. Claro que ele se tornou um bilionário ao longo do tempo (e como não amar isso?), porém, a questão é ter insistido em uma paixão.
“Nós todos temos maus empregos, seja por um ponto ou outro. Mas a grande questão que você tem que se perguntar é: estou no trabalho certo? Eu encontrei o que quero fazer para o resto de minha vida? É esse o grupo de pessoas com quem quero trabalhar?”, questionou o autor da publicação, Eric Jackson. “Se predominarem as respostas negativas, tenha coragem de fazer uma mudança o mais rápido. A vida não dura para sempre, como nós mesmo vimos com Jobs. Comece a construir seu caminho agora”.
A Forbes levantou as maiores lições que o fundador da Apple poderia lhe dar (Sivaram V/Reuters)
A Forbes levantou as maiores lições que o fundador da Apple poderia lhe dar (Sivaram V/Reuters)
2. Não tolere palhaços ao seu redor
Durante sua vida, Steve tinha um senso detector de palhaços. Ele não deixava pessoas desse tipo se proliferarem em suas empresas. Por quê? Steve acreditava que pessoas que faziam piadas sobre tudo, não levavam nada a sério e até passavam do limite não conseguiam tomar decisões que não fossem “de palhaços”. “Palhaços contratam palhaços. Não deixe que eles se enraízam em torno de você”.
3. Você não pode fazer tudo sozinho
Entre a primeira e segunda vez que Jobs comandou a Apple, ele se tornou um chefe muito melhor. Ele aprendeu que não dá para carregar tudo nas costas, inclusive em sua carreira. Você precisa de pessoas talentosas, inspiradoras e que você goste delas. O mais importante: elas devem ter a oportunidade de ter sucesso por conta própria, não ser apenas seu fantoche.
“Você deve aprender a ser um grande líder e gestor de pessoas, se quiser ver suas ideias e trabalho tendo impacto sobre o mundo”, resume Jackson.
4. Se você quiser vender algo, se coloque no lugar do comprador
A Apple era especial para Steve, e não porque ela proporcionava muito dinheiro, mas porque ela era do jeito que ele amava. Seus produtos sempre foram os melhores que ele poderia imaginar, e não é à toa que muitas pessoas pensem igual. Isso não vem apenas do marketing da empresa, mas porque o consumidor se identifica e gosta do produto. Como Jobs, acredite no seu produto ou serviço, tente se apaixonar eles. Se você não conseguir, reveja se eles são bons para seu público.
5. Seja o melhor de sua área, mas não seja tão inacessível
“Uma das coisas que aprendi com Steve foi que ele produzia tecnologias tão surpreendentes, que até seu custo valia a pena. Os produtos da Apple são caros para muitas pessoas, mas quem compra, adora", disse a publicação. Um iPhone, por exemplo, é utilizada tanto pela classe média, quanto para a classe alta. O diferencial da Apple não é exclusividade, mas sim a experiência do consumidor.
6. Se você não vence a competição no jogo, mude as regras
Quem iria trocar o mp3 e músicas grátis por um iPod que obrigava seus usuários a pagarem pelo que ouve? Os smartphones tinham teclados físicos, como do BlackBerry, Palm Treo e até o Android, do Google. Mas, a Apple lançou algo totalmente diferente com a tecnologia touch. Jobs revolucionou mercados que ninguém acreditava que poderia liderar, passando por gigantes como Samsung, Dell e Google.
A maior lição disso é que não há jogo que você não possa vencer, basta pensar diferente e mudar as regras do tabuleiro.
7. Não brinque com sua saúde
Além das lições de liderança, criatividade e de negócios, é impossível não falar sobre as lições que Jobs poderia lhe ensinar sobre a saúde. “É ótimo celebrar o que Jobs fez em sua vida e aprender com ele, mas o fato é que ele não está mais aqui. E ele provavelmente ainda estaria se tivesse tratado agressivamente seu câncer, como seus médicos sugeriram quando descobriram a doença. Em vez disso, Steve utilizou um monte de terapias naturopáticas que não eram eficazes”.
Quando ele finalmente seguiu os conselhos médicos, muito tempo já tinha se passado para salvá-lo. Cuidar da mente é importante, mas ter saúde para seguir em frente é essencial.
8. Não se acomode com o sucesso
A Apple demorou 10 anos para liderar as vendas de celular. E, uma vez que chegou ao topo, muitos achavam que Jobs e os executivos da Apple poderiam descansar e aproveitar sua fortuna e sucesso profissional. A Apple não fez nada disso. Pelo contrário, continuou trabalhando duro visando conquistar outros mercados.
9. Não tenha apenas um embrulho, mas também uma apresentação
Steve Jobs foi quase mítico quando o assunto era a apresentação de um produto. Críticos da Apple não gostavam disso, pois alegavam que Jobs lançava uma espécie de feitiço sobre as pessoas. Mas, em vez de apenas criticar, por que não aprender com ele? Uma boa apresentação causa ótimas impressões. Invista nisso em sua empresa ou carreira.
10. Você faz um trabalho que se orgulharia em mostrar a seus amigos e familiares?
Lembra da primeira lição de Jobs? Além da paixão, você também precisa ter orgulho do que faz. Uma das máximas da Apple é testar seus funcionários sobre seu trabalho: você se orgulha do que está fazendo? Falaria bem dele para seus colegas e familiares?
Essa é uma ótima maneira de motivar seus subordinados, pois seu foco muda da empresa para o trabalho do funcionário. Será que o problema não pode vir de você? Isso serve tanto para a vida pessoal quanto profissional. Afinal, ao chegar em casa, você se orgulha do que fez ao longo do dia?

José Goldemberg ganha prêmio internacional

Frances Jones, da Agência FAPESP












O físico José Goldemberg, que já foi ministro da Educação, secretário do Meio Ambiente da Presidência da República e reitor da Universidade de São Paulo (USP), obteve em janeiro mais um reconhecimento internacional. 

Ele foi o vencedor do Prêmio Zayed de Energia do Futuro (Zayed Future Energy Prize) na categoria Life achievement, concedido a profissionais de destaque na área de energia renovável.

Das mãos do xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Goldemberg recebeu o prêmio no valor de US$ 500 mil em uma cerimônia na capital dos Emirados Árabes Unidos (EAU).

“Fiquei admirado por ter recebido o prêmio, porque não só é um reconhecimento do trabalho científico que tenho feito, mas também de que a bioenergia é um ingrediente importante para um futuro sustentável”, disse Goldemberg à Agência FAPESP.

Este é o quinto ano em que o prêmio é concedido pela fundação criada pelo filho e sucessor do xeique Zayed bin Sultan Al Nahyan, fundador dos EAU, falecido em 2004.

Nos outros anos, segundo Goldemberg, o prêmio laureava em geral trabalhos em energia fotovoltaica e eólica e sobre conservação de energia.

“É a primeira vez que eles premiam alguém cujo trabalho principal não foi nessa área, mas em bioenergia, o que chama atenção, porque se trata de um prêmio concedido no Oriente Médio”, disse. Os Emirados Árabes têm uma das dez maiores reservas de petróleo no mundo.

O júri deste ano foi composto por personalidades como o presidente da Islândia, Ólafur Ragnar Grímsson, a ex-reitora do Massachusetts Institute of Techology (MIT) Susan Hofkfield e o ator e ativista norte-americano Leonardo DiCaprio. Foram avaliados o impacto, a inovação, a visão a longo prazo e a liderança nas áreas de energia renovável e sustentabilidade ao longo da carreira dos indicados.

Além da premiação conquistada por Goldemberg, voltada para indivíduos, o prêmio tem categorias voltadas a pequenas e médias empresas, escolas de ensino médio, organizações não governamentais e grandes empresas, vencida este ano pela Siemens. No total, a Masdar, a Companhia de Energia do Futuro de Abu Dhabi, distribuiu US$ 4 milhões em prêmios.

Masdar também é o nome do bairro de Abu Dhabi inteiramente movido a energia solar, situado a cerca de 10 quilômetros do centro da cidade. “É tudo high tech, alta tecnologia”, contou Goldemberg, que visitou o local. “É caro também. Mas essas coisas no começo são caras e depois o preço vai caindo.”

Sustentabilidade

De acordo com Goldemberg, o prêmio é um estímulo para a procura de um futuro mais sustentável. “Eles querem prestigiar empresas ou pessoas que estejam trabalhando para a sustentabilidade, porque essa é que era a visão do velho xeique [Zayed bin Sultan Al Nahyan].”

Em 2007, a revista Time escolheu Goldemberg como um dos “heróis do meio ambiente”. Em 2008, ele recebeu o Planeta Azul, da Asahi Glass Foundation, do Japão, um dos mais importantes em ecologia, entre outros motivos por sua importante participação na realização da Rio 92.

“Tenho uma carreira longa. Entrei na área de energia já com 40, 50 anos de idade. O que me impressionou é que o conforto que uma parte importante da humanidade tem hoje é baseado no uso de combustíveis fósseis”, afirmou Goldemberg, que iniciou a carreira como físico nuclear. “Toda a civilização que temos – a civilização do século 20 – é baseada em combustíveis fósseis. E essa situação não pode durar.”

“É preciso procurar soluções sustentáveis. E soluções sustentáveis são energias que vêm do Sol, por exemplo”, disse.

Na área de bionergia, no fim dos anos 1970, Goldemberg publicou na revista Science um artigo no qual calculou a quantidade de energia consumida por três plantas – mandioca, sorgo-doce e cana de açúcar – para produzir o etanol, mostrando a eficiência da cana na comparação.

“Ajudei a identificar as características positivas da bioenergia. O pessoal produzia açúcar e etanol há 30 anos, mas não tinha se dado conta de que etanol é no fundo energia solar transformada em um líquido. Meu trabalho publicado na Science mostrou isso: etanol é no fundo energia solar convertida em líquido”, disse.

Mais informações sobre o prêmio: 



(Agência FAPESP)

Novos ângulos para uma antiga paixão: vídeo sobre o Rio faz sucesso na internet

“Tempo do Rio” retrata o astral da cidade que une natureza exuberante à agitação de uma metrópole em ascensão


Mistura de cores e ritmos da Cidade Maravilhosa é capturada no vídeo "Tempo do Rio" (Foto: Divulgação)

Captar o astral de uma cidade em sua fase áurea, que mistura paisagens de tirar o fôlego com a rotina acelerada de uma metrópole em ascensão, é o mote de um vídeo que anda conquistando internautas dentro e fora do Brasil. 

“Tempo do Rio”, que está “em cartaz” desde dezembro na grande rede, testa novos ângulos para uma antiga e extensamente retratada paixão: o Rio de Janeiro.

Pelos olhos de dois fotógrafos, um de São Paulo e outro de Recife, a produção mostra a inesgotável fonte de belas e inovadoras imagens que é a Cidade Maravilhosa. 

Com técnicas de captura de imagem como o slow motion, o time lapse e o hyper lapse, os autores mostram locais históricos, pontos turísticos e a intensa rotina dos moradores da cidade-sede do maior evento esportivo do planeta em 2016.

“Adoramos viver no Rio de Janeiro e saber que nossa produção realmente comunicou nosso amor pela cidade. A beleza que nela existe nos deixa muito feliz”, afirma Gustavo Pellizzon, co-produtor ao lado do sócio Marcos Michael. 

O vídeo já conta com mais de 250 mil visualizações na internet.

Assista!

Fonte: www.rio2016.com

Moda e Meio Ambiente

TV Ser Sustentável com Estilo


Sabe a roupa que você está vestindo agora? Antes de chegar a você, ela passou por vários processos. Mas, o que nem todo mundo sabe, é que alguns deles deixam rastros nada bons para o meio ambiente. 

Mas é possível reduzir os impactos que a produção de tecido e vestuários ocasiona. Nesse episódio da #TVSSE, você vai conhecer um exemplo de uma malharia que se preocupa com o meio ambiente. 

Chiara Gadaleta mostra o dia a dia sustentável da malharia Lunelli. 

A equipe foi para Jaraguá do Sul, no Norte de Santa Catarina, para ver de perto como uma empresa pode cuidar da natureza a sua volta sem nunca perder o estilo.

*O canal Ser Sustentável com Estilo (SSE) reúne os melhores vídeos publicados no site da Chiara Gadaleta, que fala de moda ética, preocupada com o consumo consciente, com o artesanato, comércio justo, reciclagem e todas as questões do desenvolvimento sustentável.
(TV Ser Sustentável com Estilo)

Apoio a pesquisas em química sustentável

Agência FAPESP
A FAPESP e a International Union of Pure and Applied Chemistry (Iupac) lançaram chamada de propostas para apoiar projetos de pesquisa em química sustentável.


A chamada foi lançada juntamente com a National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos, a Fundação Alemã de Pesquisa Científica (DFG), da Alemanha, e a Fundação Nacional de Ciências Naturais da China (NSFC).

O tema da chamada é “Novos enfoques na teoria e síntese moleculares e supramoleculares para a catálise sustentável”. O objetivo é alimentar a cooperação internacional em química sustentável, sendo os pesquisadores elegíveis ao apoio financeiro por parte de suas respectivas agências de fomento à pesquisa.

O programa é desenhado para equipes de três a quatro pesquisadores principais, englobando até três países. Cada equipe pode submeter apenas uma única proposta conjunta de projetos de até três anos.

As propostas deverão: introduzir novas abordagens para o desenvolvimento de novos catalisadores, em que elementos raros sejam substituídos por elementos abundantes e de fácil extração; e endereçar algum problema ambiental significativo.

Grupos de pesquisa interessados em submeter propostas no âmbito da chamada devem enviar formulário de interesse até 1º de fevereiro de 2013.

O financiamento das propostas selecionadas deverá ter início em janeiro de 2014.

Mais informações: www.fapesp.br/7446

(Agência FAPESP)

Bancada ruralista se articula para derrubar vetos ao Código Florestal


José Carlos Oliveira, da Agência Câmara Notícias





Mal entrou em vigor, o novo Código Florestal (Lei 12.651/12) inicia 2013 em meio a polêmicas. No Congresso, a bancada ruralista se articula para derrubar os vetos da presidente da República, Dilma Rousseff, ao texto.

O vice-líder do DEM e integrante da Frente Parlamentar do Agronegócio, deputado Ronaldo Caiado (GO), quer aproveitar a análise de mais de 3 mil vetos presidenciais, que o Congresso poderá fazer em fevereiro, para resgatar o texto aprovado pelos parlamentares, sobretudo quanto à recuperação de áreas de preservação permanente (APPs).

“Foi acordado que a recuperação das áreas que já estão produzindo teriam uma escala em menor proporção, ou seja, elas teriam de ser avaliadas sobre a real necessidade de sua preservação. 

E, no caso dos cursos d’água acima de 10 metros, teríamos uma graduação menor na metragem. Esse foi o acordo feito e que, infelizmente, não foi respeitado pela presidente”, argumenta Caiado.

Vetos

O projeto original (PL 1876/99) do novo código, aprovado pelos parlamentares em maio do ano passado, já havia sofrido vetos parciais, que foram complementados pela Medida Provisória 571/12. 

Essa MP (convertida na Lei 12.727/12), porém, após ser modificada pelos parlamentares, também teve nove itens vetados por Dilma, em outubro, sob o argumento de não anistiar desmatadores e garantir a inclusão social no campo.

Desde então, um decreto presidencial resgatou a chamada “escadinha”, que traz regras diferentes de recomposição das margens desmatadas de rios, de acordo com o tamanho da propriedade.

Ministério Público

O novo Código Florestal também é alvo de três ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) movidas pela Procuradoria Geral da República (PGR), no Supremo Tribunal Federal (STF). 

O Ministério Público questiona vários dispositivos da nova lei, entre eles a definição de APPs, a redução da reserva legal e a chamada anistia para quem desmatou até julho de 2008. O Partido Verde divulgou nota em apoio à iniciativa dos procuradores.

O coordenador de política e direito do Instituto Socioambiental, Raul do Valle, avalia que, apesar do atual momento de insegurança jurídica, o pior cenário seria a manutenção de uma lei que, segundo ele, possui itens inconstitucionais e que afetam o equilíbrio ecológico. 

“Não há dúvida de que haverá insegurança jurídica. Esse é o preço que os parlamentares que quiseram aprovar essa lei colocaram para a sociedade.”

Valle lembra que, na história recente do Supremo, poucos casos de relevância e complexos como a legislação ambiental foram decididos rapidamente. “Então, nesse contexto, acho que o ideal é implementar a lei e aguardar o que vai mudar. 

Acho difícil o STF derrubar a lei inteira, mas, muito provavelmente, retirará alguns pontos importantes, sobretudo no que diz respeito à anistia”, complementa.

Nas ações encaminhadas ao Supremo, o Ministério Público pede a concessão de liminar para a suspensão imediata dos dispositivos questionados no novo código, até o julgamento final do caso.

(Agência Câmara de Notícias)

As mudanças climáticas e o mito do progresso humano


Chris Hedges*
Clive Hamilton em seu “Réquiem por uma Espécie: Por que resistimos à verdade sobre a mudança climática”, descreve um alívio sombrio que vem de aceitar que a “catastrófica mudança climática é praticamente certa”. 
Esta obliteração de “falsas esperanças”, diz ele, exige um conhecimento intelectual e um conhecimento emocional. O primeiro é atingível. 

O segundo, por significar que aqueles que amamos, incluindo os nossos filhos, estão quase certamente fadados à miséria, insegurança e sofrimento dentro de 

poucas décadas, senão de alguns anos, é muito mais difícil de adquirir. Aceitar emocionalmente um desastre iminente, atingir a compreensão visceral que a elite do poder não vai responder de forma racional à devastação do ecossistema, é tão difícil de aceitar como nossa própria mortalidade. 

A luta existencial mais difícil do nosso tempo é a de ingerir esta terrível verdade – intelectualmente e emocionalmente – e continuar a resistir às forças que estão nos destruindo.

A espécie humana, liderada por europeus e euro americanos brancos, tem sido um alvoroço de 500 anos de conquistas, saques, pilhagens, explorações e poluições da Terra, bem como matando as comunidades indígenas que estavam no caminho. 

Mas o jogo acabou. As forças técnicas e científicas que criaram uma vida de luxo sem precedentes – bem como inigualável poder militar e econômico – para as elites industriais agora são nossa desgraça. A mania de expansão econômica e de exploração incessante tornou-se uma maldição, uma sentença de morte. 

Mas assim como nossos sistemas econômicos e ambientais desvendam-se, após o ano mais quente em 48 estados desde que a manutenção de registros começou há 107 anos, não temos a criatividade emocional e intelectual para desligar o motor do capitalismo global. 

Juntamos-nos a uma máquina do fim do mundo que tritura tudo em seu caminho, como o projeto de relatório do Comitê Consultivo Nacional do Clima e Desenvolvimento ilustra. Ilustração por Mr. Fish.

Civilizações complexas têm o mau hábito de destruírem-se. Antropólogos, incluindo Joseph Tainter em “O Colapso das Sociedades Complexas”, Charles L. Redman em “Impacto Humano em Ambientes Antigos” e Ronald Wright, em “Uma Breve História do Progresso” estabeleceram os padrões familiares que levam ao colapso do sistema. 

A diferença desta vez é que, quando descermos, todo o planeta irá conosco. Não haverá, com este colapso final, novas terras para explorar, nem novas civilizações para conquistar, nem novos povos para subjugar. 

A longa luta entre a espécie humana e a Terra terminará com os remanescentes da espécie humana aprendendo uma dolorosa lição sobre a ganância desenfreada e a autoadoração.

“Há um padrão no passado da civilização após civilização desgastando suas boas-vindas da natureza, superexplorando seu ambiente, super expandindo-se, super povoando”, disse Wright quando fiz contato com ele por telefone em sua casa em British, Columbia, Canadá. 

“Eles tendem a entrar em colapso pouco depois de chegarem ao seu período de maior esplendor e prosperidade. Esse padrão vale para uma série de sociedades, entre eles os romanos, os antigos maias e os sumérios do que é hoje o sul do Iraque. Há muitos outros exemplos, incluindo sociedades de menor escala como a Ilha de Páscoa. 

As mesmas coisas que fazem com que as sociedades prosperem no curto prazo, especialmente novas maneiras de explorar o ambiente, tais como a invenção da irrigação, levam ao desastre no longo prazo por causa de complicações imprevistas.

Isto é o que eu chamei de “armadilha do progresso” em “Uma Breve História do Progresso”. Temos colocado em movimento uma máquina industrial de tal complexidade e tal dependência em expansão que não sabemos como fazer com menos ou mudar para um estado de equilíbrio em termos de nossas demandas da natureza. 

Nós temos falhado em controlar o número de humanos. Eles triplicaram durante minha vida. E o problema é muito pior pelo crescente espaço entre ricos e pobres, a concentração de riqueza garante que nunca tem o suficiente para todos. 

O número de pessoas em extrema pobreza, hoje, é cerca de dois bilhões, maior do que toda a população do mundo no início de 1900. Isso não é progresso”.

“Se continuarmos a não tomar conta das coisas de uma forma ordenada e racional, iremos a algum tipo de catástrofe, mais cedo ou mais tarde”, ele disse. “Se tivermos sorte, será grande o suficiente para nos despertar em todo o mundo, mas não grande o suficiente para nos eliminar. Isso é o melhor que podemos esperar. 

Devemos transcender a nossa história evolutiva. Nós somos caçadores da Idade do Gelo, de barba feita e vestindo um terno. Nós não somos bons pensadores para longo prazo. 

Nós gostaríamos de desfiladeiro sim nos de mamutes mortos conduzindo um rebanho de um penhasco que descobrir como conservar o rebanho para que ele possa alimentar a nós e aos nossos filhos para sempre. Isto é a transição que nossa civilização tem que fazer. E nós não estamos fazendo isso.”

Wright, que em seu romance “Um Romance Científico” pinta um retrato de um mundo futuro devastado pela estupidez humana, cita “arraigados interesses políticos e econômicos” e uma falha da imaginação humana, como os dois maiores obstáculos à mudança radical. 

E todos nós, que usamos combustíveis fósseis, que nos sustentamos através da economia formal, diz ele, estamos em Sociedades capitalistas modernas, Wright argumenta em seu livro “O que é a América?: 
Uma Breve História da Nova Ordem Mundial”, derivam de invasores Europeus, a pilhagem das culturas indígenas das Américas do 16 ao século 19, juntamente com o uso de escravos africanos como uma força de trabalho para substituir os nativos.

Os números desses nativos caíram mais de 90% por causa da varíola e outras pragas que não existiam antes. Os espanhóis não conquistaram nenhuma das principais sociedades até a varíola os atingir; de fato, os astecas os venceram de primeira. 

Se a Europa não foi capaz de aproveitar o ouro das civilizações asteca e inca, se não tivesse sido capaz de ocupar a terra e adotar culturas altamente produtivas do Novo Mundo para uso em explorações agrícolas europeias, o crescimento da sociedade industrial na Europa teria sido muito mais lento. 

Karl Marx e Adam Smith chamaram atenção para o fluxo de riqueza das Américas como tendo feito a Revolução Industrial e possível o início do capitalismo moderno. Foi o estupro das Américas, ressalta Wright, que acionou a orgia de expansão europeia. 

A Revolução Industrial também equipou os europeus com sistemas de armas tecnologicamente avançados, criando mais subjugação e pilhagem, tornando a expansão possível.

“A experiência de 500 anos relativamente fáceis de expansão e colonização, a constante assunção de novas terras, levou ao mito capitalista moderno que você pode expandir para sempre”, disse Wright. “É um mito absurdo. Nós vivemos neste planeta. 

Nós não podemos deixá-lo e ir para outro lugar. Temos que trazer nossas economias e demandas da natureza dentro dos limites naturais, mas nós tivemos 500 anos em que os europeus, euro americanos e outros colonos invadiram o mundo e o dominaram. 

Esta execução de 500 anos fez com que a situação parecesse não só fácil, como normal. Nós acreditamos que as coisas vão sempre ficar maior e melhor. Temos que entender que este longo período de expansão e prosperidade era uma anomalia. Ele raramente aconteceu na história e nunca vai acontecer de novo. Temos que reajustar nossa civilização inteira para viver em um mundo finito. 

Mas nós não estamos fazendo isso, porque nós estamos carregando bagagem demais, versões míticas demais da história deliberadamente distorcidas e um sentimento profundamente arraigado de que ser moderno é ter mais. 

Isto é o que os antropólogos chamam uma patologia ideológica, uma crença autodestrutiva que leva sociedades a se destruírem e queimarem. Estas sociedades continuam fazendo coisas que são realmente estúpidas, porque elas não podem mudar sua maneira de pensar. E é aí que nós estamos”.

E, enquanto o colapso se torna palpável, se a história humana é um guia, nós como sociedades passadas em perigo vamos recuar em que os antropólogos chamam de “cultos de crise.” 

A impotência que sentiremos do caos ecológico e econômico irá desencadear delírios mais coletivos, como a crença fundamentalista em um deus ou deuses que vão voltar à Terra e nos salvar.

“Sociedades em colapso muitas vezes acreditam que se certos rituais são realizados todas as coisas ruins vão embora”, disse Wright. “Há muitos exemplos disso ao longo da história. 

No passado, estes cultos de crise aconteceram entre as pessoas que haviam sido colonizadas, atacadas e mortas por pessoas de fora, que perderam o controle de suas vidas. Eles veem nesses rituais a capacidade de trazer de volta o mundo passado, o que enxergam como uma espécie de paraíso. 

Eles procuram voltar ao modo de como as coisas eram. Cultos de crise espalharam-se rapidamente entre as sociedades americanas nativas no século 19, quando os búfalos e os índios estavam sendo mortos, por fuzis e pistolas, armas de fogo. 

As pessoas passaram a acreditar, como aconteceu no Ghost Dance, que se fizessem as coisas certas, o mundo moderno, que era intolerável, – o arame farpado, as ferrovias, o homem branco, a metralhadora – desapareceria”.

“Nós todos temos a mesma fiação psicológica básica”, disse Wright. “Isso nos faz muito mal em planejamento de longo prazo e nos leva a apegar-nos a ilusões irracionais, quando confrontado com uma ameaça séria. 

Olhe para a crença da extrema direita de que se o governo desaparecesse, o paraíso perdido da década de 1950 iria voltar. Olhe para a forma de como estamos deixando a exploração de petróleo e gás seguir em frente, quando sabemos que a expansão da economia do carbono é suicida para os nossos filhos e netos. 

Os resultados já podem ser sentidos. Quando se chega ao ponto onde grande parte da Terra experimenta quebra de safra ao mesmo tempo, teremos fome e colapsos em massa. Isso é o que está por vir se não lidarmos com as mudanças climáticas.”

“Se falharmos neste grande experimento, esta experiência de macacos se tornarem inteligentes o suficiente para assumir o comando do seu próprio destino, a natureza não se importará e dirá que foi divertido por um tempo deixar os macacos executar o laboratório, mas no final foi uma má ideia”, disse Wright.

* Chris Hedges é colunista para Truthdig.com. Hedge se formou em Harvard Divinity School e foi durante quase duas décadas correspondente estrangeiro para o New York Times. 

Ele é o autor de muitos livros, incluindo: A Guerra É Aquela Força Que Nos Dá Sentido, O Que Todos Deveriam Saber Sobre Guerra, e Fascistas Americanos: A Direita Cristã e a Guerra na América. Seu livro mais recente é Império da Ilusão.


(Carta Maior)

Empresa brasileira investe em customização de roupas


CicloVivo
A customização pode ser feita para renovar a cor de uma peça descorada, mudar totalmente sua cor ou simplesmente cobrir manchas. | Foto: Restaura Jeans

Quem ama não joga fora. Esse é um dos slogans utilizados pela Restaura Jeans que define uma opção de vida mais sustentável e ecologicamente correta.

“Somos procurados por quem ama sua roupa e não quer perdê-la; por quem quer customizar peças e sair com algo exclusivo e também por quem tem consciência ecológica e sabe que a tendência mundial é a de aproveitar bem os recursos que temos, incluindo as roupas”, comenta Denice Conrad, diretora de produção da rede Restaura Jeans.

Restaura Jeans é uma empresa que possui mais de 200 lojas e pontos de coleta especializados no cuidado com as roupas. 

Tingimento, customização, costura, lavanderia e cuidados especiais com peças de couro – que incluem bolsas e calçados – estão disponíveis nas lojas.

A indústria de pigmentos apostou na tecnologia para criar cores, texturas e efeitos e transformou o ato de tingir roupas em um hábito de quem procura economia, diferenciação e cuidado com o meio ambiente.

O processo de tingimento da Restaura Jeans é industrial, ou seja, o mesmo utilizado pelas confecções no tingimento de peças novas. São mais de 50 opções de cores e efeitos, sendo que há lançamentos o ano todo. 

“A indústria de pigmentos para tecidos está intimamente ligada à moda. Assim como nas coleções dos estilistas e confecções, o tingimento também tem suas coleções, que podem incluir detalhes – como bigodes (aqueles riscos horizontais nas calças jeans), desbotamento, aplicação de resinas e brilho”, explica.

O tingimento pode ser feito em qualquer peça que tenha no mínimo 60% de algodão. Pode ter várias finalidades, como renovar a cor de uma peça descorada, mudar totalmente sua cor ou simplesmente cobrir manchas.

Em relação aos tecidos podem-se tingir jeans, sarja, veludo, moleton, plush, cotton, crochê, toalhas e redes com no mínimo 50% de algodão em sua composição. Tecidos como lã acrílica, lã natural, poliéster, lycra, suplex e sintéticos em geral não suportam o processo de tingimento.

Peças de vestuário à decoração podem ser tingidas. Desde as mais básicas vestimentas até tapetes, colchas, cortinas, redes de descanso, toalhas e roupões. “Peças de crochê, sejam de uso pessoal ou para decoração, ficam lindas com tingimento”, sugere Denice.

Em geral, as peças de algodão, entre elas os jeans, não encolhem, porém um “ajustamento” pode ocorrer e, normalmente, elas voltam ao tamanho original depois de vestidas. 

“Esse risco é maior em peças com fios de trama mais aberta e solta, ou que tenham poliéster em sua composição. Quando isso ocorre, na maioria dos casos o problema é solucionado com sua colocação sobre um manequim de ar quente que infla a peça, fazendo-a voltar ao tamanho original”, explica.

Tingir uma peça representa uma economia ecologicamente correta, pois para tingir usa-se menos matéria-prima do que na confecção de uma peça nova, além de a despesa ser bem menor. 

Toda a água usada no processo de tingimento é tratada antes de voltar ao meio ambiente. “Outra vantagem de tingir é a durabilidade da cor que, pelo processo totalmente industrial, pode ser igual ou superior a uma peça nova”, garante a diretora de produção da empresa. 

Consulte a relação das lojas no site.

(CicloVivo)

Dossiê Verde

Publicado em 16 de janeiro de 2013 por admin 

Diretrizes para uma economia verde no Brasil 

Por Walfredo Schindle

Definindo temas e setores
O que é economia verde? Seria uma nova denominação para desenvolvimento sustentável? 
Ou, talvez, uma definição mais precisa para o triple bottom line
Ou ainda, como sugerem alguns, uma maneira dos países desenvolvidos imporem regras para o desenvolvimento dos países emergentes? 
De fato, a definição mais aceita para economia verde é aquela proposta pela United Nations Environment Program (UNEP), em documento denominado Towards a Green Economy – Pathways to Sustainable Development and Poverty Eradication, conforme a tradução seguir:
“O PNUMA define a economia verde como aquela que resulta da melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Na sua expressão mais simples, uma economia verde pode ser pensada como pouco intensiva em carbono, eficiente no uso de recursos naturais e socialmente inclusiva.”
Nesse documento, o PNUMA (sigla da UNEP traduzida para o português como Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) também lista os dez setores prioritários para a transição do atual modelo de desenvolvimento para a economia verde, apresentando alguns diagnósticos sucintos, críticas e recomendações, sempre em escala global.
O desafio encarado pela FBDS foi replicar esse tipo de trabalho para a realidade brasileira. Procurou-se focar, então, aqueles setores que, ao mesmo tempo, fossem altamente relevantes para o país e para os quais a instituição pudesse aportar um nível de conhecimento que propiciasse uma efetiva contribuição para o conjunto da sociedade, incluindo os diferentes níveis de governo, setor produtivo, academia e sociedade civil.
Foram sete os setores escolhidos que deram origem a 12 diferentes estudos, elaborados por alguns dos maiores especialistas nas respectivas temáticas.
Em ordem alfabética, são eles:
Agricultura (agricultura familiar e agronegócio);
Energia (políticas públicas e opções tecnológicas);
Recursos Hídricos (setor público e setor privado);
Resíduos Sólidos; 
Transportes (mobilidade urbana e logística de carga);
Silvicultura e Florestas; e Sistema Financeiro.
O objetivo prioritário do levantamento foi, além de avaliar o conceito de economia verde, oferecer possíveis diretrizes públicas e privadas que possam contribuir para a implementação de uma economia de baixa emissão de gases de efeito estufa, com o uso sustentável de recursos naturais renováveis e não renováveis e maior inclusão social no Brasil.
Entre os principais tópicos levantados, destacam-se a sustentabilidade na agricultura familiar;
os cenários para a oferta e demanda de energia no Brasil para as próximas décadas;
as opções tecnológicas na geração de energia; a sustentabilidade no setor logístico brasileiro; a mobilidade urbana, a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos;
a gestão pública das bacias hidrográficas e gestão privada do uso de água; os desafios de integrar agronegócio e silvicultura com o meio ambiente;
e como as finanças públicas podem contribuir com incentivos corretos à transição para a economia verde. 

Quatro desses desafios são abordados no texto a seguir.
Agricultura
A agricultura brasileira pode ser classificada em dois conjuntos distintos, com características bem determinadas: a agricultura familiar e o agronegócio (agribusiness).
A primeira garante a segurança alimentar da maior parte da população, sendo responsável pela produção de 70% dos alimentos básicos consumidos no país, como arroz, feijão, milho, mandioca, verduras, entre outros.
Por outro lado, o agronegócio é responsável pela exportação dos produtos cultivados em larga escala, como soja, café, derivados da cana-de-açúcar, derivados cítricos, entre outros.
O uso da terra no Brasil apresenta o perfil ao lado:
Observa-se, no quadro acima, que apenas 8% do território nacional dedicam-se à produção agrícola, enquanto 20% são destinados à pecuária extensiva, em sua maior parte de baixa produtividade (em média uma cabeça por hectare) e ocasionando degradação das respectivas áreas.

Por outro lado, a produtividade da atividade agrícola apresentou um acentuado crescimento nos últimos 20 anos, como demonstrado, por exemplo, pela produção de grãos, que cresceu 154%, enquanto a área plantada cresceu apenas 25%.

Com respeito à área agrícola, pode-se estimar que aproximadamente um quarto é ocupado pela agricultura familiar e três quartos pelo agronegócio.
A agricultura familiar é definida como aquela que explora uma área produtiva de até quatro módulos fiscais, utiliza mão de obra predominantemente familiar e gerencia a atividade no âmbito da própria família.

Apesar de todo o progresso obtido ao longo dos últimos anos, apresenta uma clara (e compreensível) defasagem tecnológica com relação ao agronegócio, tendo um grande potencial de aumento de produtividade e de inclusão social.
Há necessidade de uma transformação profunda das atividades oficiais de transferência de tecnologia para o pequeno agricultor, direcionada a uma modernização dos sistemas de cultivo. Recomenda-se que essa transmissão de informações atinja os minifúndios por meio de campos de demonstração, cursos, palestras e, sobretudo, de meios de comunicação de massa, como rádio, televisão e internet.

Atualmente, a assistência técnica rural é desenvolvida basicamente por técnicos de empresas privadas ligadas à produção de defensivos agrícolas e fertilizantes, visando a vantagens financeiras na venda desses produtos.
Graças à implementação das mais modernas tecnologias, desenvolvidas por universidades e centros de pesquisa brasileiros, o agronegócio atingiu níveis de produtividade compatíveis, em muitos casos superiores, aos melhores congêneres internacionais, tornando o Brasil o segundo maior exportador de produtos agrícolas do mundo.



Contudo, apesar de todo esse progresso, ainda apresenta características muito distantes do conceito de economia verde.

Alguns dos principais problemas detectados são:
- O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com utilização inadequada em muitas culturas;
- O programa de análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos, operado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), detectou que quase 30% dos itens alimentícios disponíveis in natura nos supermercados apresentam resultados negativos, em função da utilização de ingredientes ativos não recomendados ou concentração muito elevada de algum ingrediente ativo autorizado (ANVISA, 2010);
- O Brasil possui a segunda maior área plantada com transgênicos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos;
- O uso excessivo e desnecessário de fertilizantes vem provocando contaminação do solo e água;
- Particularmente com relação aos fertilizantes nitrogenados, seu excedente de aplicação ocasiona a emissão de óxido nitroso, um poderoso gás de efeito estufa;
- O setor agrícola é o que consome maior quantidade de água, sendo responsável por cerca de dois terços do total consumido no país, com elevado desperdício desse recurso, devido à utilização de técnicas inapropriadas e ao plantio de culturas em áreas inadequadas;
- Apesar desse intenso uso de água, a agricultura irrigada é responsável por apenas 4% da produção agrícola, cobrindo 7% da área plantada;
- Existem significativas emissões de GEEs (gases de efeito estufa) que poderiam ser facilmente evitadas, com a adoção de tratos culturais adequados.
Diante desses desafios, propõem-se as seguintes principais linhas de ação:
- Ampliar o uso de agentes biológicos de controle, que possuem baixo impacto ambiental, baixa toxicidade e alta especificidade taxonômica;
- Difundir conhecimentos relacionados às melhores técnicas de utilização de fertilizantes, particularmente nitrogenados (implementar em larga escala o FBPM – Fertilizer Best Management Practices);
- Universalizar a fixação biológica de nitrogênio (FBN) antes da semeadura da soja, substituindo totalmente o uso de adubos nitrogenados, reduzindo o custo da produção, as emissões de GEEs, elevando o conteúdo de matéria orgânica e a fertilidade do solo (a lavoura de soja teve uma redução de custos anuais da ordem de R$ 10 bilhões utilizando a FBN no lugar da adubação nitrogenada);
- Desenvolver ou adaptar a tecnologia de FBN para outras culturas importantes;
- Melhorar as técnicas de irrigação atualmente adotadas, particularmente em regiões já sujeitas a stress hídrico (partes das regiões Sul, Sudeste e todo o Semiárido);
- Ampliar a utilização de tecnologias modernas que reduzem a emissão de GEEs, tais como plantio direto, rotação de culturas, integração lavoura-pecuária, entre outros;
- Fomentar a conversão de pastos degradados para atividades agrícolas, com a utilização de técnicas adequadas de recuperação. Estudo da Embrapa indica que, se metade dos pastos degradados fosse convenientemente manejada, o Brasil poderia triplicar a produção de grãos, sem avançar sobre nenhuma área adicional;
- Aprofundar os estudos sobre os possíveis impactos das mudanças climáticas globais sobre a agricultura brasileira, uma vez que o atual nível de conhecimento aponta para substancial redução nas áreas adequadas para diversas culturas;
- Exigir o estrito cumprimento do Zoneamento Agrícola de Risco Climático, que indica as melhores regiões para plantio de 38 diferentes culturas.
Todas essas medidas poderiam ser implementadas por meio de legislação específica, condições adequadas de financiamento e aprofundamento das pesquisas existentes (principalmente da Embrapa), contribuindo decisivamente para viabilizar a perfeita interação entre alta produtividade (já alcançada) e economia verde (ainda distante). 

Isso poderia, inclusive, abrir novos mercados para a produção agrícola brasileira e afastar definitivamente qualquer risco de imposição de barreiras comerciais travestidas de exigências ambientais.

Ressalte-se que o setor agrícola brasileiro é responsável por 30% do PIB e por um superávit de mais de US$ 70 bilhões no comércio exterior.
Energia
O Brasil possui uma das mais limpas matrizes energéticas do mundo, principalmente em virtude da geração hidroelétrica e do complexo sucroalcooleiro. Considerando-se todas as fontes primárias, as energias renováveis representam 46% de nossa matriz, contra 13% no resto do mundo.

Para analisar com mais detalhes as peculiaridades do setor energético brasileiro, enfocamos separadamente os subsetores de energia elétrica e combustíveis líquidos.
No setor elétrico, as vantagens brasileiras são ainda mais evidentes na comparação com o agregado planetário, com a geração a partir de fontes renováveis representando, respectivamente, 86% contra 19% do total.

A situação que vem se configurando ao longo dos últimos anos, entretanto, é de um progressivo (ainda que lento) aumento na geração a partir de combustíveis fósseis. Tal situação deve-se aos seguintes principais fatores:
- Necessidade de aumento na segurança do grid nacional, excessivamente dependente da hidroeletricidade;
- Essa dependência torna-se ainda mais problemática em função de possíveis anomalias causadas pelas mudanças climáticas globais (MCG) e pelas exigências normativas ambientais que privilegiam a construção de novas usinas a fio d’água, ou seja, sem capacidade de estocagem de energia potencial,  sob a forma de água nos reservatórios;
- Do gigantesco potencial hidráulico brasileiro, estimado em 260 GW, mais de 40% já estão aproveitados, considerando-se 90 GW já instalados e diversos empreendimentos em construção e licenciamento.

O potencial ainda não utilizado concentra-se na região amazônica (cerca de 70%), com todos os problemas associados aos impactos sobre biodiversidade, comunidades tradicionais, desmatamento, entre outros.
- A solução passa necessariamente pelo fomento a outras formas de energia renovável, sobretudo biomassa (principalmente cana-de-açúcar) e eólica.

A cogeração nas usinas de cana já representa uma potência instalada de mais de 7 GW (6% do total brasileiro, estimado atualmente em 120GW), em perfeita sintonia com a hidroeletricidade, uma vez que o aproveitamento dos resíduos da safra (bagaço e palha, por exemplo) ocorre majoritariamente nos meses de seca na região Sul-Sudeste, quando os reservatórios das principais usinas estão esvaziando.

O custo dessa geração, variando entre R$ 700 e R$ 1,4 mil/kW instalado, é altamente competitivo. Os entraves para a ampliação dessa fonte energética serão comentados logo a seguir, em análise da situação do etanol no Brasil.
- Ainda com relação à geração hidroelétrica, algumas ações poderiam ser implementadas no curto prazo. Recomenda-se maior incentivo à implantação de PCHs – Pequenas Centrais Hidroelétricas, por meio de financiamentos especiais concedidos pelo BNDES e, principalmente, da simplificação dos procedimentos para licenciamento ambiental (que atualmente seguem regras similares às de grandes hidroelétricas).

O menor impacto ambiental e a oferta descentralizada de energia tornam as PCHs uma opção muito atrativa. Recomenda-se, ainda, o aprofundamento de estudos referentes à repotenciação de usinas antigas, via modernização de equipamentos, sem aumento da área alagada ou emissões adicionais de gases de efeito estufa.

Estudos preliminares apontam para uma geração adicional entre 3% e 20% em usinas que, atualmente, somam uma capacidade instalada de 32 GW.

A considerar-se um valor médio intermediário entre esses dois extremos, obtém-se um potencial adicional de 4 GW, equivalente à energia firme a ser gerada pela usina de Belo Monte, no Pará.
A energia eólica, por sua vez, representa um enorme potencial de geração, porém não totalmente seguro, tendo em vista a inconstância dos ventos, mesmo nos locais mais indicados para esse tipo de empreendimento.

De qualquer forma, trata-se de uma fonte energética que vem tendo expansão acelerada, graças ao rápido desenvolvimento tecnológico, progressiva redução de custos, agilidade no licenciamento ambiental e diferentes tipos de subsídios governamentais (temporários, porém muito importantes nesta fase de viabilização comercial).

O potencial dessa fonte, segundo estudo realizado pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), em 2001, era de 145 GW, concentrados particularmente nas regiões Nordeste e Sul. Com o expressivo desenvolvimento tecnológico ocorrido desde então, incluindo torres muito mais altas, aerogeradores de maior envergadura e maior espectro de aproveitamento das velocidades dos ventos, esse potencial mais do que dobrou.

Atualmente, a geração eólica representa pouco mais de 1 GW (menos de 1% do total brasileiro), porém a Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) prevê uma expansão para quase 6 MW, em 2014, e quase 12 GW, em 2020 (cerca de 7% do total brasileiro previsto para aquele ano).

Os custos por kW instalado situam-se, atualmente, em torno de R$ 2 mil, mas reduzindo rapidamente. Propõe-se que os leilões específicos de fontes renováveis sejam mantidos e ampliados, como estímulo à participação das energias renováveis na matriz energética brasileira.

Esses leilões, que ainda carecem de legislação clara que prescreva sua realização periódica com preços e quotas previsíveis, têm sido fundamentais para a expansão da energia eólica no Brasil.
No setor de combustíveis líquidos, o Brasil também se destaca, tendo em vista a expressividade da produção de etanol, que pode ser considerado como o mais importante programa de energia renovável do mundo, gerando o equivalente a quase um milhão de barris de petróleo por dia, cerca de 18% da oferta interna de energia.

O etanol é um combustível renovável, que emite 80% menos GEEs que os combustíveis fósseis (BNDES, 2008) e com uma excelente relação entre produção e consumo de energia, da ordem de 9,2/1.

Na matriz de transportes brasileira, o etanol representa cerca de 18% da energia consumida, contra cerca de 5% de energia renovável utilizada no restante do mundo.
Essa importante e promissora fonte de energia renovável vem sendo ameaçada pelos subsídios governamentais ao consumo de combustíveis fósseis, particularmente com o represamento do preço da gasolina, que compete diretamente com o etanol e cujo preço ao consumidor vem sendo mantido em níveis artificialmente baixos há mais de 5 anos, equivalentes a US$  60-70 por barril de petróleo (os preços internacionais já chegaram ao dobro desse valor).

Essa absurda situação, além de causar séria insegurança aos possíveis investidores do setor sucroalcooleiro e do próprio setor petrolífero, transmite uma mensagem errada à população e à sociedade civil em geral, no momento em que os assuntos relacionados à sustentabilidade e meio ambiente tornam-se cada vez mais relevantes.
Resta ainda a destacar que o Brasil possui amplas áreas propícias ao cultivo de cana e, consequentemente, à produção de etanol. O zoneamento agroecológico da cana, realizado pela Embrapa em 2009, proíbe o cultivo em biomas sensíveis (como Amazônia e Pantanal), bem como sua expansão sobre qualquer tipo de vegetação nativa.

Apesar dessas limitações, o país conta com 65 milhões de hectares aptos a esse cultivo, dos quais 37 milhões são atualmente pastagens degradadas.

Comparando-se com os 8 milhões de hectares atualmente destinados à cana, e levando-se em consideração os constantes aumentos de produtividade alcançados no campo (da ordem de 500% nas últimas quatro décadas), pode-se vislumbrar o enorme potencial de expansão dessa fonte de energia renovável.

Propõe-se, portanto, a eliminação de todos os subsídios para os combustíveis fósseis, bem como a incorporação progressiva dos impactos ambientais e sociais aos custos da energia. Iniciativas governamentais e privadas de fomento ao cultivo de cana em áreas degradadas também são prioritárias.
É importante abordar, também, a questão da eficiência energética, que vem desde sempre sendo relegada ao segundo plano. Todas as atenções relativas à temática energética são usualmente direcionadas à expansão da oferta, esquecendo-se que a energia poupada é quase sempre muito mais barata e com muito menor impacto ambiental que qualquer forma de energia gerada.

Mesmo com uma grande dispersão de valores em torno da média, pode-se considerar, a título ilustrativo, o custo médio de R$ 75/MWh de energia economizada, e o custo marginal de expansão da ordem de R$ 140/MWh.

Apesar da existência de diversos programas oficiais, como o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), o Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural (Conpet), o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), entre outros, essas iniciativas têm reduzida prioridade na agenda governamental.

Existe, de fato, um grande potencial para economia de eletricidade e combustíveis, desde que haja uma sinalização correta para a sociedade e o setor produtivo.

Recomenda-se, portanto, a adoção progressiva de rigorosos padrões de eficiência energética para todos os equipamentos elétricos, de iluminação e veículos, bem como a disponibilização de linhas de crédito adequadas a essa finalidade.
Finalmente, recomenda-se um aprofundamento dos estudos sobre os impactos das mudanças climáticas globais sobre a matriz energética brasileira, não somente no que diz respeito à disponibilidade hídrica e confiabilidade da geração hidroelétrica, mas também com relação ao potencial de energia eólica.
Recursos Hídricos
Com cerca de 12% da água doce do planeta, o Brasil possui uma disponibilidade hídrica per capita de 40 mil m³/ano, uma das três maiores do mundo.

Infelizmente, esse recurso está mal distribuído no território nacional, com a Amazônia concentrando três quartos dessa disponibilidade enquanto diversas outras regiões estão submetidas a stress hídrico, seja por causas naturais (semiárido) ou pelo elevado consumo da agricultura e/ou aglomerados urbanos.
Até o início dos anos 90, a política de águas no Brasil era totalmente fragmentada, prevalecendo interesses e poder de influência setoriais, sem uma visão integrada do conjunto.
A partir de então, tanto a União quanto os estados da federação instituíram suas políticas de gestão integrada de recursos hídricos, nas quais procuram compatibilizar e otimizar o uso múltiplo das águas no que diz respeito à agricultura, abastecimento público, indústria, geração de energia, navegação e recreação.
Desses, apenas os três primeiros apresentam uso consuntivo, ou seja, consomem água das bacias hidrográficas. Para os outros itens, o que importa é a manutenção do fluxo e da qualidade da água em valores adequados.

O consumo de água está distribuído da forma ao lado:
Há três regiões no país com problemas crônicos relacionados à quantidade de água disponível: o Semiárido, que engloba grande parte de 8 estados da federação; o conjunto formado pela Região Metropolitana de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, reunindo quase 25 milhões de habitantes; e parte do centro-oeste do Rio Grande do Sul, onde se concentram 1,2 milhão de hectare de cultivo de arroz por inundação.
Outra situação que compromete a disponibilidade de água no longo prazo é a degradação ou supressão das matas ciliares, que vinha ocorrendo em todo o território nacional, mas especialmente nas áreas de expansão da agricultura e pecuária.

E, finalmente, nas zonas urbanas constata-se um índice de perdas no abastecimento de água extremamente elevado, com uma média nacional da ordem de 50%.

Há viabilidade para redução desses índices para valores abaixo de 25%, considerando-se que nos países desenvolvidos essas perdas situam-se na faixa de 5 a 15%.
Com relação à qualidade das águas, percebe-se uma progressiva deterioração ao longo do tempo. Tomando-se por base cerca de 1,8 mil pontos de amostragem distribuídos por todas as bacias hidrográficas brasileiras, pode-se estimar os seguintes níveis de qualidade (ver gráfico ao lado).
O principal problema é que são justamente os rios de pior qualidade que se situam nas proximidades e, muitas vezes, representam as fontes de abastecimento para as populações urbanas.

Percebe-se, portanto, que mais do que a quantidade, é a qualidade dos recursos hídricos que representa o maior desafio para sua correta gestão.

Contrariamente ao senso comum, que costuma atribuir às atividades industriais o maior peso no que diz respeito à degradação das águas, são os esgotos urbanos que efetivamente carregam essa responsabilidade.

Apesar de cerca de 60% da população urbana contar com serviços de coleta de esgotos, apenas metade dessa vazão coletada recebe algum tipo de tratamento, sem que se chegue a questionar a real eficiência de remoção das cargas poluidoras.

Em resumo, 70 % da população urbana brasileira (mais de 100 milhões de pessoas) descartam seus esgotos nos corpos hídricos sem qualquer tratamento e, mesmo para aquela parcela que tem acesso a estações de tratamento, permanecem dúvidas com relação à sua efetividade ao longo do tempo.
Com relação ao setor industrial, os maiores usuários de água são, nesta ordem: produção de alimentos, têxtil, mineração, siderurgia, papel e celulose, petróleo e derivados, e produtos químicos.

A maioria dessas indústrias possui sistemas de captação e lançamento/tratamento próprios que, em princípio, atendem aos requisitos da legislação vigente, exceto quando ocorrem eventos extraordinários (acidentes e vazamentos, por exemplo).

Para todos os segmentos industriais, a gestão de recursos hídricos demanda continuados avanços tecnológicos, incluindo a otimização e o reúso das águas recebidas, como também níveis cada vez mais elevados de remoção de cargas poluentes.
Diante de tais desafios, as principais recomendações são as seguintes:
- Realizar maciços investimentos na coleta e tratamento adequado dos esgotos urbanos, acompanhados de severa fiscalização, com resultados impactantes na qualidade dos corpos d’água e na saúde da população;
- Implementar a cobrança pelo uso de água nas principais bacias hidrográficas brasileiras, particularmente no centro-sul do país;
- Metodologia e critérios de cobrança devem considerar a quantidade de água captada e a qualidade dos efluentes gerados e devem atingir valores que sinalizem aos usuários o valor econômico da água (os atualmente praticados nas poucas bacias hidrográficas que adotam essa iniciativa situam-se em patamares de 5% a 20% inferior àqueles adotados em países europeus);
- Aprofundar e disseminar a prática de pagamento por serviços ambientais voltados para a proteção de mananciais, particularmente nas áreas rurais de baixa renda;
- Utilizar os recursos hídricos (bacias hidrográficas) como fator preponderante de ordenamento do território, servindo ao diagnóstico e à previsão de impactos socioambientais associados a diferentes cenários de desenvolvimento regional e dos respectivos processos de ocupação e uso do solo;
- Reforçar os programas de recuperação de matas ciliares, bem como a fiscalização atualmente existente;
- Reduzir as perdas na distribuição urbana de água;
- Aprofundar os estudos relativos aos impactos das mudanças climáticas globais sobre as diferentes bacias hidrográficas brasileiras.
Resíduos Sólidos
A gestão adequada dos resíduos sólidos é um dos grandes desafios da sociedade moderna, pois a produção em massa, a obsolescência programada, o consumo compulsivo e o descarte prematuro fazem parte de seu funcionamento intrínseco. 

Mais do que a redução dos impactos ambientais, essa gestão permite a diminuição do desperdício e o reaproveitamento de materiais, propiciando economias no uso de recursos naturais, possíveis decréscimos de custos e grande potencial de inclusão social.
A gestão integrada de resíduos sólidos (GIRS) no Brasil apresenta uma acentuada dicotomia, com algumas cidades/regiões apresentando índices razoáveis de eficiência, enquanto outras permanecem em patamar muito baixo. 

A mesma coisa pode ser dita com relação a diferentes setores produtivos e seus respectivos índices de geração de resíduos e reúso/reciclagem. 

Quando se debate essa temática, deve-se sempre ter em mente a chamada hierarquia de gestão de resíduos, que em resumo pode ser apresentada, em ordem decrescente de interesse, como:
não geração = reúso = reciclagem/compostagem  =  disposição adequada  =  ”lixão”
A coleta regular de resíduos sólidos vem apresentando substancial evolução na última década, atendendo atualmente cerca de 90% dos domicílios. 

Em algumas das principais cidades, esse índice atinge 98%, compatível com os padrões dos países desenvolvidos. 

Em pequenos municípios do interior e nas áreas rurais, contudo, essa coleta não chega, em média, a nem um terço das residências. Quando se analisa a coleta seletiva, que facilita enormemente o reúso e reciclagem dos materiais, a situação é muito diferente. 

Apenas 8% dos municípios brasileiros contam com esse tipo de serviço, ainda com cobertura parcial, abrangendo menos de 12% da população brasileira. Isso pode ser em parte explicado pelo alto custo desse tipo de coleta, quatro vezes mais caro que a regular (CEMPRE, 2011).
São coletadas aproximadamente 190 mil toneladas de resíduos sólidos por dia no Brasil. A composição e a destinação aproximadas desses resíduos são:
Observa-se, portanto, que quase 40% dos resíduos coletados ainda têm destinação inadequada. Ressalte-se que apenas 3% do total dos resíduos acabam sendo aproveitados para reciclagem, mas 90% deles são coletados por catadores em aterros e “lixões”, normalmente em condições degradantes de trabalho.

Estima-se que, com uma coleta adequada, infraestrutura de manuseio e condições de trabalho satisfatórias, esse percentual poderia ser dobrado. Da mesma forma, poderia haver uma revalorização dos resíduos orgânicos, por meio de compostagem para produção de material orgânico para a agricultura e, em alguns casos, geração de energia por meio da queima do metano.

Atualmente, menos de 2% dos resíduos orgânicos coletados são encaminhados para tratamento via compostagem.
Os principais materiais que já possuem taxas de reciclagem elevadas são: latas de alumínio (99%), latas de aço para bebidas (82%), papelão ondulado (80%), garrafas PET (56%), embalagens longa vida e alguns tipos de plástico.

As cadeias de reciclagem desses materiais foram estruturadas e atingiram-se altos índices de recuperação sem imposições legais ou interferência governamental, impulsionados pelo valor do material reciclado no mercado e pela ação do setor produtivo, desenvolvendo tecnologias para aumento do valor agregado dos produtos fabricados a partir de resíduos e apoiando a indústria recicladora e as cooperativas de catadores.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) representou um grande avanço no esforço para implementação de uma GIRS com alcance nacional. Dentre as principais medidas estabelecidas, merecem destaque:
- Obrigação de estruturar e implementar sistemas de logística reversa, de forma independente do serviço público de limpeza urbana, para fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de uma série de produtos considerados perigosos, tais como, agrotóxicos, pilhas e baterias, óleos lubrificantes, entre outros;
- Prazo para implementação e conteúdo mínimo dos planos municipais de GIRS;
- Prioridade no acesso aos recursos da União para os municípios que optarem por soluções consorciadas intermunicipais para a GIRS e para os que implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas de catadores de baixa renda.
As principais proposições com relação a esse assunto são:
- Ampliação progressiva da exigência de “compras verdes” por parte da administração pública e empresas estatais, estimulando o ganho de escala de fornecedores desses produtos e induzindo o setor privado a adotar posicionamento semelhante;
- Estabelecimento de metas para redução de geração de resíduos, principalmente por meio de medidas que facilitem o reúso ou reciclagem de embalagens e bens de consumo duráveis;
- Forte estímulo à criação de consórcios intermunicipais para coleta e correta disposição dos resíduos sólidos, erradicando os “lixões” no curto prazo;
- Investimento em processos de tratamento via compostagem;
- Forte campanha de esclarecimento para combater a obsolescência programada dos bens de consumo duráveis;
- Obrigatoriedade de informar ao consumidor sobre a reciclabilidade do produto e de sua embalagem, com as orientações pertinentes.
Próximos Passos
Encerrada a etapa de estudos e propostas, a FBDS dará prosseguimento ao trabalho durante o ano de 2013, tendo como objetivos principais:
- Definir a métrica mais adequada para mensurar os progressos realizados nos diferentes setores, por intermédio de indicadores simples, abrangentes, verificáveis e construídos sobre bases de dados facilmente disponíveis;
- Propor diversas metas dentro de cada setor, procurando sempre que possível dimensionar os custos envolvidos, prazos necessários, benefícios auferidos e aderência aos compromissos internacionais do Brasil;
- Propor uma sistemática de acompanhamento dos resultados, com uma metodologia simples e auditável;
- Propor ações de curto prazo que sejam emblemáticas e possam transmitir uma forte mensagem de que o Brasil já se encontra em firme processo de transição para uma economia verde.
Esse é o novo desafio à frente, para o qual espera-se contar com o apoio financeiro e institucional do mesmo grupo de patrocinadores dos estudos já publicados;
o suporte técnico e científico dos parceiros no mundo acadêmico;
o apoio do Governo Federal, principalmente por intermédio do Ministério de Meio Ambiente e BNDES;
a experiência do “mundo real” e o aconselhamento prático daquele que gera a riqueza do país, o setor empresarial.
Walfredo Schindler é diretor-superintendente da FBDS – Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, organização sem fins lucrativos cuja missão é difundir as melhores práticas de meio ambiente e sustentabilidade e influenciar seus públicos de interesse por meio da geração de conhecimento, contribuição na formulação de políticas públicas e realização de projetos de consultoria.

Fonte: www.ideiasustentavel.com.br