As práticas verdes estão crescendo, bem como a pressão para se minimizar o consumo de energia e conter as emissões de CO2
Na semana passada, fiquei sabendo de estudo da Global Industry Analysts, Inc sobre o consumo de materiais de construção sustentáveis. De acordo com a pesquisa, em 2015, o mercado de materiais para construção verde deve movimentar U$ 406 bilhões. Isso porque as práticas verdes estão crescendo, bem como a pressão para se minimizar o consumo de energia e conter as emissões de CO2. Isso vem impulsionando a utilização de produtos que são ecologicamente corretos na construção de edifícios, tanto comerciais quanto residenciais.
Os países da Europa já estão bastante adiantados nesse sentido. No mês passado, estive presente à Batimat Paris, maior feira da construção do mundo, e a eficiência energética na construção foi um dos principais temas do evento, que propunha diversas soluções em novas tecnologias e também novos produtos. Nos Estados Unidos, essa consciência também vem crescendo. No Brasil, ainda estamos começando a caminhar, embora não tenhamos ainda números que revelem essa demanda.
REAPROVEITAMENTO - Reaproveitamento de material demolido, medidores individuais de água, uso de energia solar, isolamento térmico de paredes, uso de bacias sanitárias economizadoras de água: estes são alguns dos pontos relevantes para a construção verde. Assuntos sobre como gerir resíduos, o planejamento sustentável da obra, como economizar água, o uso racional de materiais e as fontes de energia renováveis começaram a fazer parte dos temas ligados à construção. E ideias simples podem economizar milhões. Uma delas é a questão do uso racional da água nos edifícios.
DESPERDÍCIO - Estudos recentes demonstram que 35% da água de uma casa se esvaem pela bacia em descargas sanitárias. Nós, da Anamaco, apoiamos um projeto de uso racional da água. No Brasil, os quase 50 milhões de imóveis existentes desperdiçam cerca de 575 milhões de m³ de água por mês em descargas sanitárias. Levantamento realizado pela Anamaco indica que o País precisa trocar cerca de 100 milhões de bacias sanitárias. São produtos antigos que gastam cinco vezes mais água do que os encontrados hoje no mercado.
Numa residência com quatro pessoas, a descarga sanitária é acionada, em média, 16 vezes ao dia. Se em cada descarga gastamos 30 litros, o total do consumo diário é de 480 litros e mensal 14,4 mil litros. Quando é feita a substituição por produtos sustentáveis, com nova tecnologia, que utilizam seis litros por descarga, o consumo é de 2.880 litros/mês. Essa conta revela economia de 11.520 litros/mês ou redução de 80% no consumo. Podemos começar a construção sustentável por aí.
As bacias são apenas um exemplo dos materiais amigos do meio ambiente. Muitos dos materiais de construção sustentáveis são provenientes de madeiras reflorestadas, madeiras de reúso, ou do reaproveitamento de plásticos, garrafas PET, vidros reciclados e pneus. Pisos que usam material reciclado em sua composição (polipropileno proveniente do plástico descartado) já estão sendo fabricados. Esses materiais, por exemplo, reduzem a demanda por matéria-prima virgem e diminuem o descarte de resíduos industriais no meio ambiente.
TECNOLOGIA - Outros materiais possuem tecnologia de ponta, como é o caso da nanotecnologia, que hoje está tornando possível o desenvolvimento, por exemplo, de tintas com isolamento térmico para áreas externas como paredes e telhados que recebem muita radiação. Esses produtos podem reduzir a temperatura dos ambientes em até 30%, reduzindo o uso de climatizadores e aparelhos de ar-condicionado.
Esse assunto tem tido grande destaque nas reuniões do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, entidade da qual faço parte. Temos de estimular práticas sustentáveis e apoiar iniciativas, empresas e produtos que se coloquem nessa linha para assim podermos garantir o advento das gerações futuras.
Essas e outras novidades estão mudando a maneira de se construir e de morar. Nesse contexto, o Brasil seguirá a tendência mundial, implementando cada vez mais soluções amigas do planeta.
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