Gestão sustentável para pequenas empresas











  
Sustentabilidade não é um assunto obrigatório apenas para médias e grandes empresas, mas também para as micro e as pequenas. Na verdade, toda empresa deve orientar sua gestão para um modelo sustentável em função da redução de riscos e, principalmente, das oportunidades que surgem em virtude dessa nova forma de gerir seus negócios.




 
Redução de riscos – Quando uma empresa, independentemente de seu porte, adota critérios de sustentabilidade para sua gestão, ela apresenta em seu escopo políticas de gestão ambiental na área da qualidade, recursos humanos, no relacionamento com seus clientes, funcionários e fornecedores, que acabam reduzindo riscos de inadequação legal. Dessa forma, prejuízos com multas e adequações de urgência (em que não será possível uma negociação por melhores preços) são riscos que ficam muito reduzidos frente a uma gestão sustentável. É inserir a sustentabilidade no modelo de gestão como um princípio.

Oportunidades - Uma gestão sustentável tem quatro aspectos – e não três, como ainda se propaga – que devem ser observados: deve ser economicamente viável, socialmente justa, ambientalmente correta e culturalmente aceita. A própria adequação das empresas já existentes criou um mercado de produtos e serviços necessários para a promoção da sustentabilidade. 
 
É o econegócio, a economia solidária, além do amplo mercado de brindes, moda, artesanato, entre outros segmentos, que surgiram com os conceitos de desenvolvimento sustentável. Além disso, existem as cadeias de custódia, certificações de origem, qualidade e manejo sustentável, que garantem que as empresas participem de forma competitiva de concorrências e processos de exportação. 
 
As micro e as pequenas empresas precisam se adequar em função do seu papel de fornecedoras das empresas maiores e até das multinacionais.

Os desafios – Segundo Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, o maior desafio para a implementação da gestão sustentável em pequenas empresas ainda é o “entendimento correto do que é ser socialmente responsável”. Outro grande desafio é entender como a sustentabilidade se aplica a cada negócio em especial e, por último, identificar as oportunidades geradas pela responsabilidade social. 
 
Também existem entraves, como o engajamento desde a alta direção até os fornecedores e clientes, pois a mudança exige uma expressiva quebra de paradigmas. “Toda mudança é assustadora, mas no que diz respeito à sustentabilidade, a mudança implica em aprimoramento. 
 
Toda empresa que se propõe a crescer sustentavelmente passa por um período de adequações, esforços muito grandes no sentido de compreender e implementar uma gestão nova. Mas quando esse desafio é concluído, a empresa se depara com uma gestão moderna, inovadora, lucrativa e inspiradora”, comenta a gerente de projetos do CINTAP e do Eco Instituto, Daniela Dias.

É preciso um planeta e meio para suprir a atual demanda por recursos naturais

A Pegada Ecológica – um dos indicadores utilizados no Relatório Planeta Vivo, da Rede WWF, publicado em outubro – demonstra que a nossa demanda por recursos naturais duplicou desde 1966 e que utilizamos o equivalente a um planeta e meio para sustentar nossas atividades. E o pior, se continuarmos a viver além da capacidade do planeta, até 2030 precisaremos de uma capacidade produtiva equivalente a dois planetas para satisfazer os níveis anuais da nossa demanda.

O relatório, uma das principais pesquisas sobre a saúde do planeta, é publicado pela Rede WWF e produzido em colaboração com a Sociedade Zoológica de Londres e a Global Footprint Network. Ele utiliza o Índice do Planeta Vivo para medir a saúde de quase 8 mil populações de mais de 2,5 mil espécies.

Esse índice mundial demonstra uma redução de 30% desde 1970. O declínio é mais acentuado nas regiões tropicais, onde se verifica uma queda de 60% em menos de 40 anos.

“É alarmante o ritmo da perda de biodiversidade que se verifica nos países de baixa renda, em sua maioria situados nos trópicos, enquanto o mundo desenvolvido vive num falso paraíso, alimentado pelo consumo excessivo e elevadas emissões de carbono”, declarou Jim Leape, diretor geral da Rede WWF.
 
O relatório mostra que em algumas áreas temperadas houve uma recuperação promissora de populações de espécies – graças, em parte, ao aumento dos esforços de conservação da natureza e a um melhor controle da poluição e do lixo. No entanto, nas áreas tropicais houve uma queda de quase 70% nas populações aquáticas (água doce) que foram rastreadas – esse percentual corresponde ao maior declínio já mensurado em quaisquer espécies, em áreas terrestres ou nos oceanos.

 
 
Desafio do Brasil é crescer sem destruir

O Brasil possui uma alta biocapacidade, mas isso não nos coloca em uma situação confortável. As mudanças nos hábitos de consumo da população brasileira e a demanda crescente por produtos agrícolas têm pressionado os recursos naturais e aumentado a Pegada Ecológica do país. Hoje, a média de consumo da população brasileira já chega a 2,1 hectares por pessoa e a soma do consumo de todas as pessoas mostra que no Brasil já estamos consumindo mais de um planeta.

Fonte: Revista Mercado
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