Vagner Aquino
Nas últimas semanas não se falava em outra coisa se não na Rio+20, a Conferência das Nações Unidas que tem como objetivo as questões do meio ambiente.
Pegando carona nesta ideia, embarcamos rumo à Cidade Maravilhosa para conferir, na prática, os passos da Renault em direção à sustentabilidade: os modelos totalmente elétricos Fluence Z.E. (Zero Emition) e Twizy.
Vamos começar falando do sedã médio, que é vendido na Europa - versão elétrica - desde outubro ao preço de 20,9 mil euros (cerca de R$ 55 mil). Mas vale lembrar que o modelo não tem previsão de chegar ao Brasil, pois, além de o País seguir a cartilha do uso de etanol, não há incentivo fiscal.
Logo de cara notam-se as diferenças em relação ao modelo convencional. A começar pelo tamanho. São 13 centímetros a mais, o que resulta em 4,75 metros de comprimento, tudo para permitir a instalação das baterias atrás do banco traseiro. De acordo com a marca de origem francesa, o componente garante até 160 quilômetros de autonomia.
Há outras diferenças, como as lanternas (maiores e levemente acinzentadas), as rodas - redesenhadas para reduzir turbulências aerodinâmicas -, as duas portinholas de recarga localizadas nos para-lamas dianteiros, e até mesmo as cores da carroceria. A unidade avaliada trazia o tom azul energia, justamente para remeter à ideia de veículo ecologicamente correto.
SOB O CAPÔ
Ao invés do motor 2.0 Hi-Flex de até 143 cv da variante vendida aqui no Brasil, o Fluence Z.E. (primeiro modelo 100% elétrico do segmento de sedãs) leva sob o capô um propulsor elétrico de 70 kW - o que equivale a 95 cv.
Se nos detalhes o modelo chama a atenção, na prática a surpresa é ainda maior. Tudo começa no momento da ignição - estranhamente, ao contrário da versão original, o modelo elétrico não liga por meio de botão no console, é necessário virar a chave, como na maioria dos veículos.
O silêncio, continua. Mesmo com o motor ligado, não há aquele barulhão. Para saber que o carro está ligado é necessário ficar atento à inscrição ‘GO' que aparece no quadro de instrumentos, próximo ao computador de bordo - com informações sobre consumo, autonomia e bateria.
Como já é de se esperar, não há trocas de marcha. Apenas uma espécie de joystick para permitir ao modelo ir para a frente, para trás ou manter-se parado (modo estacionamento ou neutro).
Quando o pé encosta no pedal do acelerador, o único barulho que se ouve é o atrito dos pneus com o solo e o vento batendo na carroceria. Cabe aqui uma comparação com o primo Nissan Leaf, cujo design já foi projetado para driblar o vento, jogando-o para fora da carroceria.
Na hora de frear, não espere aspereza ou peso. Mesmo com sistema de regeneração da força de frenagem, o pedal é completamente macio, diferentemente de modelos híbridos, por exemplo, bastante pesados e, em alguns casos, imprecisos.
Com o torque de 23 mkgf disponível a todo tempo, o modelo não hesita em avançar prontamente quando solicitado. E, óbvio, nada de expelir gases pelo escapamento, que aliás, não existe em modelos totalmente elétricos.
Divertido e ambientalmente correto
Na mesma tarde em que dirigimos o Fluence (leia acima), a Renault nos permitiu dar umas voltinhas a bordo do Twizy - que também traz motorização 100% elétrica. Vale lembrar que o modelo (que transporta até duas pessoas) não é homologado no Brasil, nem como automóvel nem como quadriciclo, por isso, foi necessário andar em circuito fechado./CS
O Twizy foi lançado em abril na Europa e, de acordo com a própria Renault, já soma mais de 4.000 unidades comercializadas. Lá, custa 6.990 euros - cerca de R$ 17.890, sem contar os (altos) impostos brasileiros. Previsão de vir para cá? Nenhuma!
AO VOLANTE
Diversão é a palavra de ordem quando se dirige o Twizy. Visto de fora, ele é pequeno e, diga-se de passagem, tão esquisito quanto o nome.
Hora de entrar e ajeitar o cinto de segurança. Aliás, os cintos! Pois além do convencional - de três pontos - há um lateral para evitar que o condutor seja arremessado para fora. Vira-se a chave na ignição.
Do lado esquerdo do volante há uma espécie de botão. Este é o câmbio. Basta pressionar o dedo no ‘D' (de Drive) e puxar o freio de estacionamento (embaixo do volante), que o veículo está apto a se movimentar. O silêncio é total e o comportamento semelhante ao de qualquer carro automático convencional, mas nem passamos dos 30 km/h.
A maior dificuldade é lembrar dos (grandes) para-lamas, que não perdoam qualquer descuido. E o detalhe mais curioso é poder sair por qualquer dos dois lados quando o veículo é desligado.
Com 200 quilômetros de autonomia e grande facilidade de estacionamento, o Twizy tem como principais tecnologias o reaproveitamento da energia da frenagem e o sistema de pré-aquecimento (ou pré-refrigeração) do habitáculo.
Apesar de pequenino, o carrinho tem lá seus mimos, como computador de bordo com indicação de autonomia, consumo (médio e instantâneo) e energia restante, além de indicador/medidor do nível de carga da bateria, econômetro e sistema de navegação inteligente para encontrar os pontos de recarga mais próximos.
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