Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) lança Visão Brasil 2050

MARIANA BRENNER
Documento, que é uma nova agenda de negócios para o Brasil, foi elaborado em conjunto pelas 74 maiores empresas do país



O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) lançou na sexta-feira, 22 de junho, o documento Visão Brasil 2050, uma nova agenda de negócios para o País, que foi elaborado em discussões realizadas com 74 das maiores empresas brasileiras, associadas à entidade. 

O estudo é a versão tropicalizada do Vision 2050, do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), lançado em 2010. 

As duas agendas têm em comum o propósito de apresentar a visão de um futuro sustentável e de como é possível alcançá-lo a partir de nove temas básicos, identificando tarefas que precisam ser implementadas.

O documento mundial passou por uma nacionalização que buscou apontar os principais desafios do Brasil em cada um dos temas de referência identificados como relevantes para a realidade do País. 

A partir do cenário atual procurou-se definir como seria o cenário desejado em 2050 e qual o caminho para se chegar até lá. 

Ao todo foram realizados 11 workshops com cerca de 500 pessoas de mais de 70 empresas e dezenas de instituições acadêmicas, ONGs e representantes dos governos. Um Conselho Consultivo com nove especialistas também foi criado para agregar novas perspectivas e identificar as lacunas do documento.

"O setor empresarial nacional deu um grande salto com a elaboração do documento Visão Brasil 2050. Queremos chegar daqui a 40 anos sendo o Brasil uma potência verde. 

O documento internacional que nos inspirou virou referência para planejamento de governos e empresas, queremos que isso aconteça com o estudo brasileiro. Hoje sabemos que o desenvolvimento sustentável é o único caminho, não há alternativa. 

No Visão Brasil 2050 foram definidas as tarefas, os responsáveis por elas e o tempo em que essas atribuições devem ocorrer. A partir daí é possível definir metas. Definitivamente é um documento de vanguarda", destaca a presidente executiva do CEBDS, Marina Grossi.

De acordo com o embaixador Carlos Márcio Cozendey, assessor internacional do Ministério da Fazenda, o documento está alinhado com o objetivo do país de engajar a sociedade, compreendida dentro dela o setor empresarial. 

"O Ministério da Fazenda está imbuído em pensar instrumentos econômicos que levem ao desenvolvimento sustentável. Creio que Visão Brasil 2050 sirva para demonstrar a maturidade que as questões ambientais ganharam de 20 anos para cá".

Os pilares do Visão Brasil 2050 são: 

Valores e Comportamento; 
Desenvolvimento Humano; 
Economia; 
Biodiversidade e Florestas; 
Agricultura e Pecuária; 
Energia e Eletricidade; 
Edificações e Ambiente Construído; 
Mobilidade, e Materiais e Resíduos. 

Cada um dos temas está dividido em quatro partes: cenário atual, visão 2050, ações até 2020 e ações de 2020 até 2050.

Segundo o CEO da Alcoa, Franklin Feder, a iniciativa privada teve atuação de protagonista na Rio+20. "A partir do lançamento do Visão Brasil 2050 nenhuma empresa pode alegar que não há um direcionamento. Com o documento já temos um norte, uma referência para alcançarmos o desenvolvimento sustentável". 

Para o presidente da Câmara Temática de Clima do CEBDS, Davi Canassa, "a partir de agora, as companhias podem se planejar melhor e adotar medidas, elencadas no documento, para a transição para a economia verde. 

Os nove temas tratados são aderentes e farão parte das discussões de longo prazo das empresas. O estudo irá nos ajudar a traçar rumos", disse o diretor corporativo de Planejamento e Gestão do Grupo Votorantim.

Também participaram do evento de lançamento do Visão Brasil 2050, Malu Pinto, diretora executiva de Desenvolvimento Sustentável do Santander; Glauce Ferman, diretora de Relações Governamentais e Institucionais da Michelin; Jorge Soto, diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem; e Philippe Joubert, assessor do presidente do WBCSD (World Business Council for Sustainable Development).

Algumas propostas de Ações até 2020 se destacam. 

No tema Economia, para chegar ao desejado, o texto propõe ações de curto prazo, como incentivos por meio de renúncia fiscal, por exemplo, as isenções de impostos sobre produtos industrializados (IPI) com tecnologias mais eficientes, orientadas para o baixo carbono, ou que promovam a proteção ambiental.

Em Energia e Eletricidade, o estabelecimento de subsídios e incentivos fiscais para a construção de parques eólicos, produção de biomassa, pequenas centrais hidroelétricas e outras fontes renováveis de geração de eletricidade, complementando a atual matriz hídrica é uma das propostas de curto prazo, além do incentivo a comercialização de veículos híbridos, por meio de redução de tarifas como IPVA, IPI e outros impostos.

Em Florestas e Biodiversidade, o texto apresenta como caminho para a Visão 2050 a inserção de critérios que assegurem a proteção da biodiversidade nos processos de compras públicas. 

E, em Edificações e Ambiente Construído, a garantia da comprovação da origem legal de matéria-prima, a implementação da medição individualizada de água em edificações novas e na reforma das existentes, e a garantia de incentivos e subsídios fiscais para o investimento em eficiência energética nas edificações são algumas das ações que levarão ao desperdício zero na construção civil.

Para elaboração do texto, ao longo de 2011, o CEBDS contou com a parceria e consultoria da PwC Brasil.

Sobre o CEBDS:

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil, sem fins lucrativos, que reúne os mais expressivos e maiores grupos empresariais brasileiros, com o fim de promover o desenvolvimento sustentável no país. 

Fundada em 1997, a organização tem 74 empresas associadas. Além disso, é a representante no Brasil do World Business Council for Sustainable Development (WSBCD), organização global que que conta com uma rede de mais de 60 conselhos nacionais e regionais em 36 países.

Empresas Associadas ao CEBDS:

Abralatas, AES Brasil, Alcoa Alumínio S.A, Allianz Seguros, Amanco do Brasil S.A., AmBev – Companhia Brasileira de Bebidas, Amil Gerações, Anglo American, Arcelor Mittal Brasil, Bahia Mineração, Brasil Foods, Banco do Brasil S.A, BASF S.A, Bayer S.A., BNDES, BP Brasil Ltda., Bradesco S.A, Braskem, Caixa Econômica Federal, Capemisa, CCR, Chemtech, CHESF – Companhia Hidro Elétrica de São Francisco, Coca-Cola Indústrias Ltda., companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, Companhia Paranaense de Energia – COPEL, CPFL, DNV – Det Norske Veritas, Dow Brasil, EBX, Ecofrotas, edp – Energias do Brasil, Ecopart Assessoria, Eletrobras, Eletrobras Termonuclear S.A. – Eletronuclear, Furnas Centrais Elétricas S.A., GE, Gerdau Açominas S.A., Goodyear, Grupo Abril, Grupo Pão de Açúcar, Grupo Santander Brasil, Holcim (Brasil) S.A., HSBC Bank Brasil S.A., Petróleo Ipiranga, Instituto Solví, Itaú, Lorentzen Empreendimentos S.A., Michelin – Sociedade Michelin de Participações, Indústria e Comércio Ltda., Monsanto, Natura Cosméticos S.A., Nestlé Brasil Ltda., Pepsico, Organizações Globo, Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS, Pirelli Pneus, Philips, Raízen Energia S.A., Schneider Eletric, Sebrae MG, Shell Brasil S.A, SHV Gas Brasil, Siemens, Solvay do Brasil Ltda., Souza Cruz S.A., Suzano Papel e Celulose, Syngenta Seeds Ltda., Thyssenkrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico, TIM, Unimed, USIMINAS – Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A., Vale, S.A. Indústrias Votorantim – (Grupo Votorantim), WAL – MART BRASIL.

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