Paulo Safady Simão
Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic)
O planeta vive hoje um momento crucial de definição de regras e conceitos que decidirão o futuro da espécie humana. Temos diante de nós o desafio de prover moradia, alimentação, segurança, trabalho, saúde e outros direitos a bilhões de pessoas que se avolumam cada vez mais em imensas cidades.
A questão é: como assegurar inclusão social e desenvolvimento nesses imensos aglomerados urbanos?
Em 1950, havia apenas duas cidades no planeta com mais de 10 milhões de habitantes: Nova Iorque e Tóquio. Daqui a três anos serão 22 cidades, a maior parte delas concentrada nos países em desenvolvimento.
A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que em 2050 quase 80% da população mundial já viverá em megacidades. No Brasil, a realidade é ainda pior. Segundo o IBGE, em 2010 quase 85% da população do país vivia nas cidades. Já somos uma das nações mais urbanizadas do mundo.
O problema é que a grande maioria das nossas cidades vive uma situação caótica no que diz respeito a assegurar as mínimas condições de qualidade de vida à população.
Somos uma das maiores economias do mundo, mas ainda convivemos com problemas do século 19, como por exemplo: milhões de pessoas sem acesso a saneamento básico, correndo o risco de contrair doenças já erradicadas em países desenvolvidos ou milhões de moradias em áreas perigosas, sujeitas a desabamentos e inundações.
Nos próximos dias 27, 28 e 29 de junho, Belo Horizonte será palco do mais importante evento do setor da construção no país: o 84º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic).
Durante três dias, cerca de 2 mil empresários, além de representantes do poder público e especialistas nacionais e internacionais, vão debater as providências que o país precisa adotar para tornar as nossas metrópoles mais preparadas para atender esse desafio.
Essas medidas passam - entre outras questões - por um marco regulatório condizente com a nossa atualidade; por investimentos em infraestrutura; pela adoção de políticas públicas adequadas para áreas estratégicas como mobilidade, saneamento e moradia, entre outras.
Não é à toa que objetivo central do 84º Enic será o de pensar o futuro das cidades brasileiras.
Temos a convicção - e diversos pesquisadores de renome internacional confirmam a nossa avaliação - de que a urbanização pode se tornar uma aliada do desenvolvimento sustentável do planeta.
Cidades com grande densidade otimizam os investimentos em infraestrutura e podem tornar a vida da população mais confortável, na medida em que as pessoas podem encontrar uma série de serviços próximos às suas casas, sem necessitar de grandes deslocamentos.
Na mesma linha de raciocínio, os investimentos públicos em saneamento, moradia, abastecimento de energia, entre outros, também ganham em eficiência.
Obviamente, para que isso aconteça, as nossas cidades precisam ser melhor planejadas e passar por um verdadeiro "choque de gestão".
Mas as experiências que vêm sendo registradas em metrópoles como Nova Iorque, Barcelona, Bogotá ou mesmo Curitiba (para citar um exemplo brasileiro) mostram que esse é o caminho.
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