Brasília já tem sua primeira Embaixada Verde. Equipada com painéis solares, a sede diplomática da Itália deve conquistar autonomia energética em breve e ainda pode contribuir para o abastecimento da rede elétrica da cidade
Valerio Cecchi, da Enel Green Power, Gherardo La Francesca, embaixador italiano no Brasil e
Jorge Miguel Samek, diretor-geral da Itaipu Binacional, na apresentação da Embaixada Verde
A Embaixada da Itália, em Brasília, apresentou na semana passada, dia 9, um projeto pioneiro no país, batizado de Embaixada Verde, no qual a sede diplomática pretende, em um curto período, conquistar a autonomia energética a partir de fontes renováveis e limpas.
Para isso, foram instalados 405 painéis solares na cobertura de 4 mil metros quadrados do prédio, que poderão gerar 86 MWh por ano. A maior novidade é que a planta solar está conectada à rede elétrica da cidade, podendo repassar a energia excedente não-consumida para a Companhia Energética de Brasília (CEB).
Trata-se de um projeto-piloto em parceria com a Enel, gigante italiana do setor elétrico. “Nesse sistema não há baterias, o que torna o processo mais barato. Há na verdade uma troca: a energia excedente é entregue à rede para ser usada pela CEB, que ‘restitui’ essa energia para a embaixada à noite. No final de cada mês, é feito um acerto econômico pela diferença entre o que foi gerado e o que foi consumido”, informou Henrique de Las Morenas, gerente geral da Enel Green Power para o Brasil, durante a apresentação. Estima-se que a planta solar exporte 8 MW/h por ano.
A iniciativa surgiu a partir da preocupação com a conta de luz, como revelou o embaixador Gherardo La Francesca. “Quando cheguei ao Brasil e fiquei a par de toda a administração, me espantei com a conta de energia elétrica. Chegamos a fazer um estudo técnico de implantação de energia solar, mas era muito caro. Conseguimos, então, a parceria com o Grupo Enel e a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para esse projeto. Parte do custo de implantação será pago com a economia na conta de energia”, disse ele, que espera ver o projeto replicado em função da sua viabilidade técnica e financeira.
Também faz parte do projeto da Embaixada Verde a utilização de um carro elétrico desenvolvido pela Itaipu Binacional, em parceria com a Fiat. Ele ficará a serviço do embaixador e será abastecido com a energia produzida pelos painéis solares. “O carro será experimentado em seu uso urbano e passaremos os dados para os desenvolvedores. A embaixada se tornou um grande centro de pesquisa”, explicou La Francesca.
DE CONSUMIDOR A PRODUTOR
A microgeração distribuída de energia, como é chamado esse sistema, é algo comum na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda inédito no Brasil. Na Itália, os consumidores que têm painéis solares em suas casas podem vender a energia extra que produzem para as companhias de energia elétrica e, assim, ter descontos na conta de luz ou mesmo receber um dinheirinho extra, além de proporcionar ganhos para o meio ambiente.
O coração do sistema é o uso de um medidor eletrônico bidirecional, capaz de medir tanto a energia consumida quanto a produzida. “O projeto ‘Embaixada Verde’ é rico pelo efeito prático de demonstração de como isso é possível também no Brasil”, afirma Nelton Miguel Friedrich, Diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu Binacional.
No Brasil, todos os medidores são analógicos e aferem apenas o consumo. “Até o final de 2012, queremos implementar um programa nacional de substituição dos medidores para que toda nova unidade de consumo tenha os equipamentos eletrônicos”, afirmou André Pepitone da Nóbrega, diretor da Aneel.
Ter vários pequenos produtores de energia integrados traz inúmeros benefícios, segundo especialistas:
- reduz a sobrecarga das redes,
- melhora o nível de tensão nos momentos de pico,
- diversifica a matriz energética,
- reduz as perdas e o impacto ambiental e
- aumenta a confiabilidade no sistema.
“Já temos tecnologia para isso, mas falta regulamentação no Brasil. Por enquanto, o sistema não é viável para os pequenos consumidores porque a implantação técnica ainda é mais cara do que a energia gerada, mas acreditamos que isso mudará logo, pois o custo da energia solar tem caído muito e o Brasil oferece grande potencial”, salientou Morenas.
De fato, o grande nó para a implementação dessa nova realidade, que poderá impulsionar a energia solar no país, é a falta de leis que regulem as energias limpas e a conexão dos geradores de pequeno porte para criar “redes inteligentes”. Segundo Nóbrega, da Aneel, já estão sendo feitas audiências e consultas públicas para estabelecer um marco regulatório para o setor, mas ainda sem prazo para qualquer definição.
O Brasil é considerado um dos países com maior potencial de exploração da energia solar por reunir alto nível de insolação – cerca de sete horas por dia – e alta tarifa ao consumidor final, o que viabiliza os investimentos.
Durante o seminário realizado para apresentar o projeto Embaixada Verde, o professor Ricardo Rüther, coordenador do Grupo de Pesquisa Estratégica em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina, fez uma comparação do aproveitamento energético de todo o sol que brilha no nosso território: a água do lago de Itaipu, com 1350 km², é capaz de produzir 14 GW/ano; se painéis solares ocupassem a mesma área, produziriam 108 GW/ano.
Trata-se de um projeto-piloto em parceria com a Enel, gigante italiana do setor elétrico. “Nesse sistema não há baterias, o que torna o processo mais barato. Há na verdade uma troca: a energia excedente é entregue à rede para ser usada pela CEB, que ‘restitui’ essa energia para a embaixada à noite. No final de cada mês, é feito um acerto econômico pela diferença entre o que foi gerado e o que foi consumido”, informou Henrique de Las Morenas, gerente geral da Enel Green Power para o Brasil, durante a apresentação. Estima-se que a planta solar exporte 8 MW/h por ano.
A iniciativa surgiu a partir da preocupação com a conta de luz, como revelou o embaixador Gherardo La Francesca. “Quando cheguei ao Brasil e fiquei a par de toda a administração, me espantei com a conta de energia elétrica. Chegamos a fazer um estudo técnico de implantação de energia solar, mas era muito caro. Conseguimos, então, a parceria com o Grupo Enel e a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para esse projeto. Parte do custo de implantação será pago com a economia na conta de energia”, disse ele, que espera ver o projeto replicado em função da sua viabilidade técnica e financeira.
Também faz parte do projeto da Embaixada Verde a utilização de um carro elétrico desenvolvido pela Itaipu Binacional, em parceria com a Fiat. Ele ficará a serviço do embaixador e será abastecido com a energia produzida pelos painéis solares. “O carro será experimentado em seu uso urbano e passaremos os dados para os desenvolvedores. A embaixada se tornou um grande centro de pesquisa”, explicou La Francesca.
DE CONSUMIDOR A PRODUTOR
A microgeração distribuída de energia, como é chamado esse sistema, é algo comum na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda inédito no Brasil. Na Itália, os consumidores que têm painéis solares em suas casas podem vender a energia extra que produzem para as companhias de energia elétrica e, assim, ter descontos na conta de luz ou mesmo receber um dinheirinho extra, além de proporcionar ganhos para o meio ambiente.
O coração do sistema é o uso de um medidor eletrônico bidirecional, capaz de medir tanto a energia consumida quanto a produzida. “O projeto ‘Embaixada Verde’ é rico pelo efeito prático de demonstração de como isso é possível também no Brasil”, afirma Nelton Miguel Friedrich, Diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu Binacional.
No Brasil, todos os medidores são analógicos e aferem apenas o consumo. “Até o final de 2012, queremos implementar um programa nacional de substituição dos medidores para que toda nova unidade de consumo tenha os equipamentos eletrônicos”, afirmou André Pepitone da Nóbrega, diretor da Aneel.
Ter vários pequenos produtores de energia integrados traz inúmeros benefícios, segundo especialistas:
- reduz a sobrecarga das redes,
- melhora o nível de tensão nos momentos de pico,
- diversifica a matriz energética,
- reduz as perdas e o impacto ambiental e
- aumenta a confiabilidade no sistema.
“Já temos tecnologia para isso, mas falta regulamentação no Brasil. Por enquanto, o sistema não é viável para os pequenos consumidores porque a implantação técnica ainda é mais cara do que a energia gerada, mas acreditamos que isso mudará logo, pois o custo da energia solar tem caído muito e o Brasil oferece grande potencial”, salientou Morenas.
De fato, o grande nó para a implementação dessa nova realidade, que poderá impulsionar a energia solar no país, é a falta de leis que regulem as energias limpas e a conexão dos geradores de pequeno porte para criar “redes inteligentes”. Segundo Nóbrega, da Aneel, já estão sendo feitas audiências e consultas públicas para estabelecer um marco regulatório para o setor, mas ainda sem prazo para qualquer definição.
O Brasil é considerado um dos países com maior potencial de exploração da energia solar por reunir alto nível de insolação – cerca de sete horas por dia – e alta tarifa ao consumidor final, o que viabiliza os investimentos.
Durante o seminário realizado para apresentar o projeto Embaixada Verde, o professor Ricardo Rüther, coordenador do Grupo de Pesquisa Estratégica em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina, fez uma comparação do aproveitamento energético de todo o sol que brilha no nosso território: a água do lago de Itaipu, com 1350 km², é capaz de produzir 14 GW/ano; se painéis solares ocupassem a mesma área, produziriam 108 GW/ano.
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