Índice de Sustentabilidade da Bolsa avança 14,6% no ano

Responsabilidade ambiental, social e administrativa aliada a boa governança corporativa são elementos para escolha de papéis em carteiras
Por: Ernani Fagundes São Paulo

O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) avançou 14,6% no ano, de 2.018,94 pontos ao final de 2011 para 2.314 pontos no fechamento do pregão da última sexta-feira. 




O indicador listado na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) reúne 51 papéis de 38 companhias consideradas sustentáveis por critérios técnicos internacionais. 

Para efeito de comparação, no mesmo período, o principal índice de liquidez da bolsa brasileira, o Ibovespa registrou ganhos de 0,88% no ano, e fechou o pregão da sexta-feira em alta de 3,12% aos 57.255 pontos. 

“A listagem do ISE serve como mais um elemento para o investidor escolher o papel entre diferentes ativos. Mas o investidor gosta mesmo é de ver resultados”, afirma o diretor da Título Corretora, Marcio Cardoso. 

Segundo o diretor, os fundos de investimento também observam se o papel considerado como de uma companhia sustentável também respeita os direitos dos investidores. “A governança corporativa é muito importante na decisão de escolha das carteiras”, considerou Cardoso. 

Além dos critérios econômicos, não é coincidência que corretoras de valores escolham papéis sustentáveis que combinem atributos de governança corporativa para compor suas recomendações. “Selecionamos papéis de empresas que vão ou estão entregando resultados”, afirmou o analista de mercados da Souza Barros, Clodoir Vieira. 

Em sua carteira para o mês de agosto, estão ações da Cemig e da CCR que fazem parte da composição do ISE. Ambos do Novo Mercado, Cemig PN havia avançado 53,21% em sete meses do ano, e CCR ON 40,47% no ano até o final de julho. “Embora já tenham subido muito, são papéis conservadores, que em momentos negativos, não vão cair muito”, justificou Clodoir Vieira. 

Na última sexta-feira, o papel da Cemig PN avançou 0,02% aos R$ 39,30 enquanto CCR ON subiu 1,96%, aos R$ 18,15. 

“Ao final de agosto, vamos verificar a carteira, e avaliar se os papéis ainda têm mais espaço para valorização. Somos questionados pelos investidores sobre esse ponto”, informou Vieira. 

Já a BB Investimentos, a corretora do Banco do Brasil recomenda além de CCR, os papéis sustentáveis: Natura ON em alta de 52,49%, Tractebel ON que subiu 24,99% e Copel PNB em alta de 9,91% até o final de julho, e da Vale, em queda de 3,4% em 2012. 

A carteira sustentável da BB Investimentos é semelhante a da Tov Corretora que incluiu Cemig, Natura, CCR e Vale, essa última considerada pela Tov com bom potencial de valorização. Avançou 1,16% na sexta, a R$ 36,51. 

Para o estrategista chefe da corretora do HSBC, a Vale é indicada porque a China está passando por um “pouso suave” e deve continuar demandando minério para investimentos em infra-estrutura. “A Vale continua a apresentar avaliação atrativa, com descontos de 40% em relação às médias históricas e possui balanços robustos e sólido fluxo de caixa”, afirmou Carlos Nunes. 

Entre os papéis listados no ISE, ele indicou o do Itaú Unibanco. “Acreditamos que o fluxo de notícias negativo para o setor já se amenizou, e não devemos ter mais surpresas negativas pela frente que justifiquem as avaliações estarem descontadas”.

Ainda no campo positivo, a Coinvalores selecionou papéis do ISE: Bradesco (+5,04%), Gerdau (+29,47%), concessionária Ecorodovias (+19,63%) e Duratex em alta de 36,21% até o final de julho. 

Além de Copel e Vale já citados, a Um Investimentos selecionou o papel do Bradesco em sua carteira para o mês de agosto. “Acreditamos que as recentes quedas nos spreads bancários já estão precificados e entre as alternativas, optamos pelo Bradesco, devido a melhor mix de produtos, com forte exposição no segmento de seguros (25% de market share), reduzindo os impactos de redução de juros”, detalhou Ignacio Fravega, da equipe de análise. 

Na opinião de Cardoso, da Título, a bolsa brasileira ensaia uma recuperação. “Indicadores dos Estados Unidos e da China mostram uma recuperação muito lenta da economia. O Ibovespa pode ter mais 3% ou 4% de alta, em 60 mil pontos até o final do ano. É preciso fazer contas e comparar com a renda fixa”, apontou.

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