Eles são chamados de "românticos", "idealistas" e até "utópicos".
Tentam convencer seus pares de que resultados econômicos não são tudo na vida da empresa, que variáveis socioambientais precisam ser incorporadas à gestão e que o bom relacionamento com públicos até então considerados de menor importância, como ONGs e comunidades do entorno, é fundamental para o negócio.
São os profissionais de sustentabilidade, uma fauna cada vez mais representativa dentro das grandes e médias empresas, cujo trabalho é lidar com temas que vão desde a orientação do investimento social privado até a implementação de novas políticas de gestão interna.
Nos cartões de visita, nomes como Cidadania Corporativa, Responsabilidade Social, Desenvolvimento Sustentável, Sustentabilidade e Ambiente, entre outros, revelam a distância de um tratamento único para o tema dentro das corporações.
A área tem despertado a atenção de executivos e de estudantes. Não apenas pela possibilidade de trabalhar com uma causa considerada nobre no árido universo corporativo, mas também pela notável ampliação da demanda por esse perfil de executivo nos últimos anos, aliada a benefícios atraentes.
"Ainda que exista dificuldade de encontrar executivos com uma visão pronta, consolidada, o que vemos hoje é uma busca permanente por esse profissional", diz Fábio Mandarano, da Delloite.
Ele coordenou uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade (Abraps), que demonstra a expectativa de ampliação das equipes de sustentabilidade em uma em cada quatro empresas (26%) consultadas em 2012. Nas demais, não há previsão de cortes no período.
A pesquisa revela equivalência salarial e de benefícios dos executivos da área de sustentabilidade com os outros departamentos, que variam de R$ 2.796 a R$ 25.149, segundo a função exercida.
BARREIRAS
O aumento da demanda e os salários atrativos, porém, ainda têm reflexos tímidos sobre o que é considerado hoje um dos principais desafios desse profissional nas empresas: participar ativamente das decisões estratégicas.
Em boa parte dos casos, esses profissionais estão distantes dos centros de decisão, com acesso restrito aos principais executivos, e acabam tendo um poder limitado.
"É um erro e as empresas que o cometem correm o risco de ficar para trás. Muitas ainda não entenderam que essa área deve estar no centro das decisões, caso contrário será meramente uma peça de marketing institucional", diz Claus Richard Blau, da consultoria Korn/Ferry.
"Alcançar a representatividade necessária dentro das empresas está diretamente ligado à clareza com que as principais lideranças enxergam a sustentabilidade como valor estratégico ao negócio", diz Alexandre Mac Dowell, vice-presidente da Abraps.
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