Para obter a certificação AQUA, concedida pela Fundação Vanzolini, o edifício Eólis atingiu o nível excelente em três categorias, superior em sete e bom em outras três
Redação AECweb / e-Construmarket
O Edifício Eólis, que já era considerado um marco em soluções sustentáveis, obteve outro feito ao se tornar o primeiro edifício em operação a receber a certificação AQUA, da Fundação Vanzolini.
Localizado na Avenida Carlos Gomes, em Porto Alegre, o empreendimento, em uso desde 2005, é equipado com um gerador de energia eólica com capacidade de gerar 2.600 watts, ou 2,6 kWh/mês instalado no topo do edifício.
No país, o maior consumo de energia ocorre das 18h às 21h, período em que os ventos em Porto Alegre são mais fortes, garantindo energia barata para as áreas comuns do prédio.
A energia gerada entra direto na rede distribuidora do edifício, conforme previsto no projeto desenvolvido em 2003, quando ainda não se falava em sustentabilidade.
DESAFIO DINÂMICO
O diretor da Inovatech Engenharia, Luiz Henrique Ferreira, afirma que, embora o empreendimento já tenha sido projetado seguindo princípios sustentáveis, faltava mensurar o desempenho das soluções visando obter a certificação AQUA. A tarefa se tornou mais trabalhosa pelofato de o prédio já estar em operação.
Ferreira conta que foi preciso demonstrar que tanto a construção quanto a operação do edifício eram sustentáveis. “Foi um trabalho intenso de três meses. Fizemos o levantamento, desde o projeto executivo da obra até os alvarás de regularidade, e verificamos que toda a documentação ambiental estava conforme”, afirma.
SELO AQUA
Para obter a certificação foi avaliado o desempenho do edifício nas 14 categorias do Processo AQUA, que exige os seguintes resultados: nível excelente em três categorias; quatro no nível superior e sete no bom. O Eólis superou as exigências e obteve nível excelente em três categorias, superior em sete e bom em outras três.
O QUE FOI EXCELENTE
Esse nível foi obtido na escolha integrada dos produtos, sistemas, e processos construtivos; na gestão dos resíduos de uso e operação do edifício, e na categoria manutenção e permanência do desempenho ambiental. “A classificação foi melhor do que a exigida pelo AQUA” comemora Ferreira.
USO DIÁRIO
Além do processo inicial de diagnóstico, também foi avaliado se a operação permitia o aproveitamento adequado por parte dos usuários e dos benefícios oferecidos pela edificação. “Uma coisa é analisar o que foi feito, outra é saber se as pessoas estão tirando o melhor proveito disso”, pondera.
Ferreira conta que havia envolvimento dos usuários, mas eles não estavam extraindo o máximo da sustentabilidade do edifício. Na questão dos resíduos, apesar do pré-dimensionamento, da definição do fluxo e do destino final, eles não sabiam ao certo como deviam proceder.
Os elementos embarcados que colaboram para o conforto térmico e a eficiência energética também estavam sendo mal utilizados. O edifício é dotado de brise-soleil para possibilitar a iluminação natural, impedindo a incidência da radiação solar, evitando calor excessivo, e os escritórios são equipados com persianas do tipo cortina rôlo
No entanto, segundo o diretor da Inovatech, alguns usuários mantinham as persianas fechadas o dia todo. Por isso, foram sugeridas mudanças de comportamento, visando o uso correto das persianas, o que reduz o uso de energia elétrica, tanto para iluminação quanto para o ar-condicionado. “Isso teve impacto direto no dia a dia dos usuários”, diz.
FASES
Luiz Henrique Ferreira explica que o processo de certificação AQUA ocorre em duas etapas. A primeira avalia o programa da operação, quando é feito o diagnóstico e reformulação dos processos de gestão, cuja certificação foi obtida no início de 2012.
Já a segunda, que contempla gestão do uso e operação, é avaliada pela Fundação Vanzolini um ano depois, para ver se tudo está sendo cumprido. “A certificação definitiva do Eólis só será obtida após a primeira verificação anual, que será realizada no início do ano que vem”, afirma.
OUTROS EXEMPLOS
O Eólis foi pioneiro no Brasil. Mas além dele, existem outros cinco empreendimentos em operação que estão buscando a certificação AQUA. Para Ferreira o Eólis é um case muito particular porque já tinha alto nível de sustentabilidade.
“Nosso trabalho foi organizar as rotinas de operação e ajudar o condomínio e os usuários a utilizarem melhor o que o edifício oferece. É importante frisar que eles tomaram as decisões certas na hora certa. Fizeram tudo de maneira planejada e estruturada, com pessoas competentes. Sem dúvida, é um exemplo a ser seguido”, conclui.
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Luiz Henrique Ferreira
Engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) com especialização pelo Babson College de Boston, nos Estados Unidos. Criou um grupo de empresas constituído pela Inovatech Engenharia (consultoria em construções sustentáveis), Carbontech (certificadora de projetos de redução de gases de efeito estufa) e Casa AQUA, entidade sem fins lucrativos para disseminação de conhecimento em construção sustentável. É professor convidado da Poli-USP e da Universidade Mackenzie, coautor dos referenciais Processo AQUA e assistente técnico da SBAlliance no Brasil.
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