Fonte fica barata e setor aposta em mais leilões exclusivos
Por Gabriela Araújo
Mais leilões exclusivos com contratação  superior a 2 mil MW, mais desenvolvimento tecnológico e mais  crescimento. Estes são os pedidos do setor eólicos para os próximos  anos. Desde o final de 2009, o mercado passa por um momento de intensa  expansão, principalmente devido aos diversos incentivos concedidos pelo  governo, que permitiram o barateamento da fonte.
No primeiro leilão exclusivo da fonte,  que ocorreu em dezembro de 2009, o governo contratou 71 usinas que  totalizaram 1.805MW de capacidade. O preço médio na ocasião ficou em  R$148 por MWh. Já nos últimos leilões de reserva e de fontes  alternativas, que aconteceram em agosto de 2010, o preço médio da  energia eólica foi de R$130MWh, um valor 12% menor em relação ao certame  anterior. Neste certamente, foram contratados 70 projetos que somaram  2.047MW em capacidade instalada.
O sucesso dos leilões fez de 2010 um ano  que superou as expectativas do setor no Brasil, o que segundo o  engenheiro e consultor Paulo Ludmer, “é surpreendente. Porque há dois  anos [o governo] dizia que a eólica era cara e podia esperar”.
Ludmer considera que, além do cenário  econômico ter barateado os produtos importados, o setor eólico no Brasil  só teve a ganhar com os incentivos do governo. Na opinião dele, os  altos deságios se justificam pela postura do governo de continuar  considerando a eólica uma aposta estratégica e também são resultado de  incentivos como o do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o  aumento do prazo dos contratos de 15 para 20 anos, além da isenção de  tributos. Mas ele afirma que um 2011 tão forte quanto 2009 e 2010, com  “tanta coincidência feliz, é ganhar duas vezes na loteria”.
O presidente da Associação Brasileira de  Energia Eólica (Abeeólica), Ricardo Simões, também atentou para o  cenário em que a fonte se fortaleceu. Agora, ele deposita suas  expectativas em pesados aportes em tecnologia para o fortalecimento da  eólica no mercado mundial, principalmente, em investimentos na  instalação de campos de testes, centros de tecnologia e na busca por  inovações, para que os fabricantes nacionais acompanhem a evolução de  equipamentos e tecnologia na área.
“A crise mundial de 2008 fez com que os  grandes fabricantes passassem a enxergar o Brasil de forma estratégica.  Mas o mundo não vai ficar em crise para o resto da vida, e o real não  vai ficar nesse patamar de valorização nos próximos anos. Então, nós  precisamos continuar com os leilões exclusivos e buscar o domínio  tecnológico”, alerta Simões.
Na visão da Abeeólica, o grande número  de projetos sinaliza que a alta do setor e a concorrência acirrada devem  continuar. Simões relembra que em cada um dos últimos dois leilões  havia mais de 10.000MW inscritos para participar das disputas.
Sobre a participação de eólicas no  mercado livre, enquanto os investidores se empolgam, os especialistas  veem a novidade com insegurança. Para Ludmer, se a eólica não for  minimamente previsível, ela não tem espaço junto aos grandes clientes do  mercado livre. O assunto ainda está em fase de estudos. A Abeeólica  está desenvolvendo um trabalho técnico sobre o tema e pretende levar  propostas e alternativas para o governo em 2011.
 

 
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