Sergio Leo | De Brasília
Os negociadores da Rio+20 tentam, na próxima semana, em Nova York, aparar divergências e elaborar um texto que garanta a aprovação, em junho, de uma lista de tarefas para os governos, os
"Objetivos de Desenvolvimento Sustentável".
O texto original, de 19 páginas, tornou-se um volume de 200 páginas após intervenções de negociadores. Países pobres temem que a conferência crie, para eles, dificuldades em comércio, investimentos e ajuda financeira.
"Há países que temem a imposição de padrões tecnológicos, que temem a criação de condicionalidades para a ajuda internacional e de barreiras ao comércio", admite o secretário executivo da Comissão Nacional para a Rio+20, Luiz Alberto Figueiredo Machado.
Para evitar o uso indevido do esforço internacional pelo desenvolvimento sustentável, os negociadores têm aceitado a ideia de que não haverá uma única fórmula de chegar aos objetivos a serem decididos na conferência. "Queremos mostrar que não podem ser criadas condicionalidades e que cada país encontrará sua via no caminho da sustentabilidade", disse.
A Rio+20 motivou um documento assinado pro ex-ministros de Meio Ambiente como Marina Silva e José Goldemberg, acadêmicos, personalidades e intelectuais, levantando o temor de que, por "falta de foco", o evento seja esvaziado e sem resultados práticos.
O fato de os documentos negociados serem sigilosos, nessa etapa da negociação, é apresentado no governo como razão para críticas, que não levam em conta o que os negociadores consideram avanços na discussão.
O governo, segundo Figueiredo, criou mesas de discussão durante a Rio+20, que levantarão propostas a serem submetidas aos governantes. "O foco da conferência é o futuro que queremos, na área econômica, social e ambiental", disse Figueiredo, que destaca que a defesa do ambiente é parte considerável do documento em elaboração.
Como os Objetivos do Milênio contra a pobreza, lançados no início da década passada, os objetivos de desenvolvimento sustentável terão metas para os governos; mas sem compromissos individualizados e sem metas gerais, para o planeta. Na área de energia, por exemplo, os governantes devem fixar um prazo para ampliar o uso de energia renovável, e estabelecer maneiras de alcançar o objetivo.
A lógica que orienta os negociadores é a ideia de que está esgotado o atual modelo de desenvolvimento, baseado no consumo sem limites de bens e recursos naturais. Apesar do grande ceticismo em relação a uma saída negociada para esses problemas a partir das discussões da Rio+20, o governo brasileiro, anfitrião da conferência, tem mantido o tom otimista.
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