Milhões de MPE têm peso na sustentabilidade

Sebrae vai participar da Rio+20, visando incluir os pequenos negócios nos debates sobre desenvolvimento sustentável e sustentabilidade


Diretor faz palestra em Cuiabá
Vanessa Brito

Uma pequena empresa não significa muito para a sustentabilidade, porém mais de seis milhões de pequenos negócios podem fazer muita diferença no desenvolvimento sustentável brasileiro. 

O Sebrae está comprometido em levar os princípios da sustentabilidade às micro e pequenas empresas (MPE) e empreendedores individuais de todo o país. 

A Instituição se tornou um dos parceiros das Nações Unidas (ONU) na Rio + 20, visando participar dos debates da conferência para destacar o papel dos pequenos empreendimentos no movimento nacional e global do desenvolvimento sustentável.

Essa é a síntese da palestra “Pequenos negócios, grandes impactos” do diretor técnico do Sebrae, Carlos Alberto Santos, realizada dia (11) no Seminário Sebrae de Sustentabilidade, em Cuiabá. Ele é economista e doutor em economia pela Universidade Livre de Berlim.

O seminário marca o primeiro ano de atividades do Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), unidade de referência nacional e geradora de conhecimento sobre o tema para cerca de 700 unidades e postos de atendimento da instituição, distribuídos no território nacional. A sede do CSS está na capital mato-grossense.

A palestra do diretor do Sebrae foi iniciada com a projeção de um trecho do filme “2001, uma odisséia no espaço” de Santley Kubrick (1968). O salto civilizatório apresentado nessa obra antológica do cinema mundial destaca a relação entre homem, natureza e sua evolução. 

“Civilização significa transformar a natureza em benefício próprio. Não existe vida humana sem transformação da natureza. Não existe homem fora da natureza”, disse Carlos Alberto. 

Porém, as grandes catástrofes naturais independem do homem e podem mudar até o rumo político dos países, alertou ele. Os cidadãos estão cada vez mais conscientes sobre a necessidade de adotar fontes energéticas mais limpas, reduzir o consumo de água, entre outras, acrescentou o diretor.

Carlos Alberto citou exemplos para evidenciar a contribuição dos pequenos negócios, que ainda tem pouca visibilidade perante a sociedade e mercado. Existem aproximadamente 7 mil lavanderias formalizadas no país, que juntas consomem 126 mil litros de água e 12 mil kw de energia por mês.

A primeira lavanderia sustentável de Mato Grosso, a Prillav, com sede em Rondonópolis, investiu em práticas sustentáveis e passou a economizar mensalmente: 32% de água; 7% de energia; 36% de combustível e gás; 38% em plásticos para embalagens; e 42% nos custos de manutenção dos equipamentos.

“Se dez mil lavanderias fizerem isso, vamos chegar a números excelentes”, enfatizou Carlos Alberto. Ele deu outro exemplo para ilustrar o potencial de sustentabilidade das MPE. A Pousada do Sol de Aracaju (SE) investiu em sustentabilidade como diferencial e consegue resultados também significativos no consumo mensal: menos 6,7% de água; e menos 14% de energia.

Em termos de pegada ambiental, a Prillav deixa de emitir 1,2 toneladas de carbono/ano ou o equivalente a emissão anual de mais de três mil residências. Já a Pousada do Sol reduziu a emissão de carbono em mais de 20 toneladas de carbono/ano, o mesmo que 50 mil residências consomem de energia anualmente.

Até o momento, a discussão sobre sustentabilidade está muito centrada nos debates que envolvem grandes empresas e corporações, o movimento ambientalista, a academia e instituições públicas e privadas. Os debates ainda estão isentos da participação do grande setor constituído por mais de seis milhões de micro e pequenas empresas no Brasil, de acordo com o diretor.

Agenda Sebrae

A agenda de sustentabilidade do Sebrae está voltada para o aumento de competitividade dos pequenos negócios. Não tem vínculo com a agenda preservacionista dos movimentos ecológicos, observou Carlos Alberto. 

O objetivo da instituição é incluir as MPE na economia cada vez mais verde, não como um nicho, mas de acordo com a visão holística do conceito de sustentabilidade.

“Podemos ter atividades produtivas competitivas que têm na sustentabilidade um alavancador”, ressaltou. Nos entornos das unidades públicas de conservação, por exemplo, há boas oportunidades para os pequenos negócios, sugeriu. 

“Nossa missão é promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das MPE e fomentar o emprendedorismo”, destacou o diretor. “ O setor dos pequenos negócios tem impacto enorme na questão da sustentabilidade”, enfatizou ele.

A inclusão produtiva e social também é prioridade na atuação do Sebrae. Os pequenos negócios compõem um setor estratégico e com grande potencial gerador de empregos, postos de trabalho, além de inserir no mercado novos empreendimentos, entre eles, aqueles que integram a cadeia de valor da economia sustentável (reciclagem, energias limpas, logística reversa,etc). 

Cerca de 500 agentes locais de inovação (ALI) do Sebrae, que trabalham em todas as regiões brasileiras e vão até os pequenos negócios para dar apoio em inovação, serão os porta-vozes de sustentabilidade da instituição, adiantou o diretor. Eles estão sendo preparados para isso, informou Carlos Alberto.

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