Resultados e informações são apresentados pela primeira vez na Agrishow 2012.
Abrir uma torneira é ato tão corriqueiro que poucos pensam como aquela água, que vem de rios e lagos doces muitas vezes a quilômetros de distância, chega limpa e em abundância até as casas dos brasileiros.
Ainda que o tema sustentabilidade seja pauta constante na mídia, pouco se fala sobre o conceito voltado para a preservação de mananciais, nascentes e aquíferos.
O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, é uma das poucas instituições de pesquisa que desenvolve projetos na área. Em 2012, o público da Agrishow poderá conhecer parte desses estudos e conversar diretamente com a técnica de apoio à pesquisa científica do IAC, Ana Carolina Martins Fantin.
No Brasil, o setor agrícola é o grande campeão no consumo de água através da irrigação. Esse fato ocorre porque muitos Estados ainda não têm mecanismos de controle do uso dos recursos hídricos.
Além disso, não existe uma cultura forte de preservação. “O Brasil é considerado um País privilegiado em recursos hídricos, porém, ainda não detém sustentabilidade hídrica”, afirma Fantin, técnica do IAC.
Fantin explica que o Brasil tem muita água se comparado a outros países, mas todo esse potencial está mal distribuído entre as diferentes localidades. Regiões de alta densidade populacional, índice elevado de produção agrícola e pátio industrial desenvolvido não podem contar apenas com o potencial natural da rede hidrológica.
“A tendência hoje é o aumento da demanda por água, tanto nas cidades como nas células rurais. A produção da própria água é fundamental para garantir o bem estar e a estabilidade social e econômica”, informa.
Produzir água, à primeira vista, parece impossível, mas a técnica do IAC explica que existem inúmeras medidas relativamente simples capazes de aumentar a permeabilidade do solo, o que implica maior infiltração de água. Esse processo aumenta o potencial de abastecimento das nascentes, que é o início de todo o complexo hidrológico.
“Essa manipulação não é, necessariamente, o reflorestamento. Práticas agrícolas adequadas, que atendam as especificidades de cada propriedade, podem aumentar muito a permeabilidade do solo”, esclarece.
Segundo Fantin, o processo de degradação já instaurado nos ecossistemas hoje é de difícil neutralização e as medidas corretivas demoram muitos anos para surtirem efeitos. A principal medida a ser tomada é cessar imediatamente o despejo de qualquer carga poluente.
“Não só resíduos industriais, mas também orgânicos, como os esgotos domésticos”, completa. [www.iac.sp.gov.br ].
Estratégias de Sustentabilidade Hídrica - Existem duas estratégias de sustentabilidade hídrica que podem ser utilizadas: o gerenciamento restritivo e o gerenciamento de provisão. No Brasil, somente o primeiro é utilizado. Como o próprio nome já diz, o gerenciamento restritivo evoca o racionamento da água a partir da economia do consumo.
“Essa estratégia, apesar de válida e racional, embute cerceamento e policiamento. Podem gerar incômodo e desconforto”, diz o pesquisador do IAC, Rinaldo de Oliveira Calheiros.
Ele explica que esse modelo de sustentabilidade, mais convencional, se baseia no princípio dos 5 Rs:
Reduzir, Reciclar, Reutilizar, Repensar e Recusar.
Os projetos do IAC, no entanto, pensam o conceito de sustentabilidade hídrica a partir do gerenciamento de provisão, em que se preconiza o aumento da produção de água no âmbito e para o município. “Essa forma de gerenciamento visa disponibilizar mais água ao usuário e revitalizar ecossistemas aquíferos”, esclarece Calheiros.
O gerenciamento de provisão é importante uma vez que hoje, a rede hídrica preconiza a captação de água de mananciais cuja origem quase sempre é fora dos municípios que abastece. Segundo o pesquisador, isso acarreta problemas como a priorização do abastecimento público, deixando indústria e lavoura para o segundo plano.
O IAC elabora projetos adequados às características específicas dos locais que buscam alcançar a sustentabilidade hídrica. São trabalhos desenvolvidos pensando na recarga das águas subterrâneas, na otimização dos processos de reuso, nos acordos de créditos de água e nos Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA).
A técnica de apoio à pesquisa científica do IAC estará no estande da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Os interessados poderão visitar o estande da Secretaria de Agricultura de São Paulo para se informar sobre as estratégias e medidas para atingir a sustentabilidade hídrica e se tornar produtores de água.
Além disso, a publicação Nascentes: Produção, Captação e Cuidados com a Água para Consumo Doméstico, de autoria de Rinaldo de Oliveira Calheiros, Ana Carolina Martins Fantin, Ana Carolina Aguire e Luciana Gomides, poderá ser adquirida por preço promocional: R$30,00.
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