Por Joana Gontijo - Lugar Certo
Medidas de racionalização do consumo de energia elétrica nas edificações contribuem para diminuir impactos ambientais
Creato Consultoria e Projetos/Divulgação |
Perspectiva de projeto de revitalização de prédio em São Paulo feito por equipe mineira que participa de concurso de eficiência energética |
Diante do crescimento da demanda atual por fontes energéticas dentro de padrões cada vez mais profundos de desenvolvimento, torna-se consenso a necessidade de mudar radicalmente a forma como se consome e produz energia. A utilização dos selos, certificações e programas que regulam e sugerem parâmetros e metas para este uso nas edificações, tornando-as eficientes, tem apresentado resultados expressivos no Brasil e no mundo. A construção civil consome aproximadamente 75% dos recursos naturais disponíveis no planeta e é responsável por grande parte dos resíduos, gasto de energia e emissões atmosféricas de gases poluentes. Em funcionamento, as edificações respondem por 42% da energia elétrica e 20% da água utilizada pela sociedade como um todo. "O setor necessita adotar práticas sustentáveis e mudar os modelos de planejamento e desenvolvimento das construções, pois a redução do desperdício de energia nos edifícios pode dar uma grande contribuição para a diminuição das emissões do principal gás responsável pelo efeito estufa. A opção de racionalizar, reduzir e conservar energia elétrica é uma estratégia eficiente e inteligente tanto para proprietários quanto usuários", pontua a engenheira Patrícia faria Vasconcellos, sócia da Creato Consultoria e Projetos.
Como explica, a eficiência energética é o uso racional da energia elétrica para o consumo de uma edificação. Pode-se dizer que um edifício é mais eficiente energeticamente que outro quando ele proporciona as mesmas condições de uso e conforto com menor consumo de energia. "Para isso é necessário planejar e antecipar questões essenciais capazes de proporcionar conforto térmico aos usuários e ao mesmo tempo trabalhar com foco na redução e racionalização do consumo de energia, evitando a necessidade da utilização desmedida e ineficiente de sistemas de condicionamento, climatização, iluminação e ventilação, com responsabilidade no uso dos recursos naturais disponíveis, evitando o constante desperdício de energia", continua Patrícia.
De acordo com a engenheira, a principal característica que influi na eficiência energética de um edifício é a relação do ambiente interno com o externo. Edificações eficientes em energia foram planejadas e propositalmente estudadas para alcançarem o seu melhor desempenho, de acordo com as necessidades operacionais de cada ambiente. Para alcançar esta realidade é preciso começar o projeto de forma correta, fazendo estudos climáticos do local onde a edificação será construída e que embasarão o início do projeto, acrescenta. "Por exemplo, a avaliação da quantidade e localização dos raios solares recebidos por cada fachada define o tamanho e a localização das janelas na edificação e, se necessário, deve-se protegê-las dessa carga solar em função da economia nos sistemas de iluminação e condicionamento de ar".
Considera-se o clima local também para a escolha dos materiais mais indicados para a vedação e o revestimento das fachadas, o que é chamado de arquitetura bioclimática, explica Patrícia. Atua-se em questões de isolamento, conforto térmico, iluminação, ventilação natural e na presença de vegetação que cause sombra ou forme barreira para ventos. Utiliza-se metas e ferramentas de análise e simulação computacional termo-energética de forma a orientar as decisões de compra, às soluções de projeto e as escolhas dos sistemas mais eficientes. "Após as primeiras análises são realizados outros estudos que visam determinar quais as tecnologias existentes no mercado se adequam àquela edificação. Hoje há diversos equipamentos e materiais eficientes em conservação de energia: ar condicionado que utiliza gás natural ou coletores solares ao invés de energia elétrica, elevadores inteligentes, iluminação com lâmpadas e luminárias de alto desempenho, vidros de proteção solar. Enfim, uma gama de tecnologia para todos os bolsos".
Estudos e avaliações voltadas para a eficiência energética nas edificações podem ser tratados em todas as fases de um empreendimento, do planejamento à construção, também como em edificações existentes. "O ideal é que o projeto seja concebido para ser eficiente em energia. Dessa forma o custo de implantação é menor e a eficiência do sistema é melhor. No caso de edificações antigas, que estão fazendo retrofits, ou seja, se modernizando, é feito uma análise do consumo de energia atual para depois ser apresentada uma proposta de intervenção visando à redução do consumo de energia. Nem sempre se pode alterar tudo que seria necessário em uma edificação antiga, pois o custo pode ficar alto. Algumas atualizações e mudanças podem ser feitas e são eficazes. É possível alterar os equipamentos de ar condicionado, melhorar o sistema de iluminação e atuar em questões de isolamento térmico, usando vidros que barram a entrada dos raios solares, mas todas estas intervenções demandam estudos e projetos especializados", explica Patrícia.
Para o engenheiro diretor da Green Gold Engenharia e Projetos, Júlio César Fonseca, a eficiência energética é algo muito importante nos dias atuais. Primeiro porque passa pela questão ambiental do ponto de vista da matriz energética do país. Na Europa, por exemplo, a geração de energia foi baseada em usinas nucleares e por usinas termelétricas à base da queima de carvão. São fontes não-renováveis e com risco de acidente ambientais, como o ocorrido no Japão, lembra Júlio César. "Já no Brasil, nossa matriz energética é a hidrelétrica, que possui um alto impacto ambiental para sua implantação devido à necessidade de alagamento para criação da represa. Temos como exemplo atual a usina de Belo Monte. O pensamento é que se tivermos edificações eficientes do ponto de vista energético, teremos uma demanda menor de energia e como conseqüência um menor impacto na questão ambiental para o suprimento de energia. Ganha o consumidor final que pagará uma conta de energia mais barata, ganham as concessionárias que, com a mesma planta energética, conseguirão atender a um número maior de consumidores, ganha a sociedade como um todo devido à redução do impacto ambiental no nosso planeta".
Existem no mercado mundial diversos selos e certificados emitidos por organizações e também por empresas de consultoria que avaliam e classificam as edificações com base em diversas metodologias. A certificação mais conhecida mundialmente é o LEED, criada em 1993 como projeto piloto para que a indústria da construção pudesse ter um sistema de que mensurasse o quanto um projeto é realmente sustentável. O Energy Star é outro programa americano específico para eficiência energética. "O Brasil lançou ano passado uma etiqueta que avalia exatamente a eficiência energética de uma edificação: a etiqueta PROCEL de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais de Serviços e Públicos e recentemente em edifícios residenciais. Esta etiqueta vem nos dizer qual o nível de eficiência energética de um edifício através de classificações da envoltória (fachadas), do sistema de iluminação e do sistema de condicionamento de ar. Uma equação pondera estes sistemas através de pesos e permite somar à pontuação final bonificações com inovações tecnológicas, uso de energias renováveis, cogeração ou racionalização no consumo de água que por ventura tiverem sido contempladas no projeto", continua a engenheira.
Em um empreendimento sustentável, o consumo de energia pode ser 30% menor que nos demais, afirma o gerente operacional do Green Building Council Brasil, Felipe Faria. De acordo com ele, até o momento, 24 empreendimentos receberam a certificação LEED no Brasil. Em 2009, o país era o 6º colocado no ranking mundial de construção sustentável. No ano passado, essa posição já subiu para 5º, atrás apenas dos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Canadá e China, pontua. "São inúmeras as ações que proporcionam melhora no desempenho energético de edificações, como lâmpadas e luminárias eficientes, elevadores inteligentes, motores de alta eficiência, valorização de iluminação e ventilação natural, sensores de presença para acionamento e desligamento automático, estudos de comissionamento, entre outros", completa Felipe.
Um reflexo dessa preocupação é o Concurso OTEC de Eficiência Energética, que na primeira edição tem como um dos três finalistas uma equipe mineira formada por engenheiros, arquitetos e administradores ligados à Creato. Juntos, eles criaram um projeto de revitalização do edifício Paulo de Tarso Montenegro, que abriga há 11 anos a sede do Ibope em São Paulo. As proposições apresentadas começam já pela entrada do prédio, que ganhará uma fachada de vidro microfurado que permite a proteção solar e a circulação do ar. Ainda na área externa, o projeto prevê a instalação de painéis fotovoltaicos para a geração de energia elétrica.
O projeto também contempla a modernização do sistema de ar condicionado, que passará a operar quase sem a utilização de energia elétrica da concessionária. A iluminação do edifício também passará a funcionar de forma mais eficiente e econômica. Outra inovação é a criação de uma área de vegetação no oitavo andar, com o objetivo de proporcionar um efeito estético e proteger contra a radiação solar. A proposta vencedora será conhecida em 14 de abril, e apontada através de um modelo de simulação computacional. A equipe que ficar em primeiro lugar receberá um prêmio no valor de R$ 50 mil, além da possibilidade de ser contratada pelo proprietário do edifício, em parceria com o IBOPE, para desenvolver o projeto executivo de revitalização da construção.
A equipe finalista ligada à Creato é composta pelos engenheiros Marco Tulio Vasconcellos, Patricia Vasconcellos, Miquéias Assunção e Luciana Maron; arquitetos Silvio Romero Motta, Adalgisa Mesquita e Mariana Messina e pela administradora Gisela Farhat.
Como explica, a eficiência energética é o uso racional da energia elétrica para o consumo de uma edificação. Pode-se dizer que um edifício é mais eficiente energeticamente que outro quando ele proporciona as mesmas condições de uso e conforto com menor consumo de energia. "Para isso é necessário planejar e antecipar questões essenciais capazes de proporcionar conforto térmico aos usuários e ao mesmo tempo trabalhar com foco na redução e racionalização do consumo de energia, evitando a necessidade da utilização desmedida e ineficiente de sistemas de condicionamento, climatização, iluminação e ventilação, com responsabilidade no uso dos recursos naturais disponíveis, evitando o constante desperdício de energia", continua Patrícia.
De acordo com a engenheira, a principal característica que influi na eficiência energética de um edifício é a relação do ambiente interno com o externo. Edificações eficientes em energia foram planejadas e propositalmente estudadas para alcançarem o seu melhor desempenho, de acordo com as necessidades operacionais de cada ambiente. Para alcançar esta realidade é preciso começar o projeto de forma correta, fazendo estudos climáticos do local onde a edificação será construída e que embasarão o início do projeto, acrescenta. "Por exemplo, a avaliação da quantidade e localização dos raios solares recebidos por cada fachada define o tamanho e a localização das janelas na edificação e, se necessário, deve-se protegê-las dessa carga solar em função da economia nos sistemas de iluminação e condicionamento de ar".
Considera-se o clima local também para a escolha dos materiais mais indicados para a vedação e o revestimento das fachadas, o que é chamado de arquitetura bioclimática, explica Patrícia. Atua-se em questões de isolamento, conforto térmico, iluminação, ventilação natural e na presença de vegetação que cause sombra ou forme barreira para ventos. Utiliza-se metas e ferramentas de análise e simulação computacional termo-energética de forma a orientar as decisões de compra, às soluções de projeto e as escolhas dos sistemas mais eficientes. "Após as primeiras análises são realizados outros estudos que visam determinar quais as tecnologias existentes no mercado se adequam àquela edificação. Hoje há diversos equipamentos e materiais eficientes em conservação de energia: ar condicionado que utiliza gás natural ou coletores solares ao invés de energia elétrica, elevadores inteligentes, iluminação com lâmpadas e luminárias de alto desempenho, vidros de proteção solar. Enfim, uma gama de tecnologia para todos os bolsos".
Estudos e avaliações voltadas para a eficiência energética nas edificações podem ser tratados em todas as fases de um empreendimento, do planejamento à construção, também como em edificações existentes. "O ideal é que o projeto seja concebido para ser eficiente em energia. Dessa forma o custo de implantação é menor e a eficiência do sistema é melhor. No caso de edificações antigas, que estão fazendo retrofits, ou seja, se modernizando, é feito uma análise do consumo de energia atual para depois ser apresentada uma proposta de intervenção visando à redução do consumo de energia. Nem sempre se pode alterar tudo que seria necessário em uma edificação antiga, pois o custo pode ficar alto. Algumas atualizações e mudanças podem ser feitas e são eficazes. É possível alterar os equipamentos de ar condicionado, melhorar o sistema de iluminação e atuar em questões de isolamento térmico, usando vidros que barram a entrada dos raios solares, mas todas estas intervenções demandam estudos e projetos especializados", explica Patrícia.
Para o engenheiro diretor da Green Gold Engenharia e Projetos, Júlio César Fonseca, a eficiência energética é algo muito importante nos dias atuais. Primeiro porque passa pela questão ambiental do ponto de vista da matriz energética do país. Na Europa, por exemplo, a geração de energia foi baseada em usinas nucleares e por usinas termelétricas à base da queima de carvão. São fontes não-renováveis e com risco de acidente ambientais, como o ocorrido no Japão, lembra Júlio César. "Já no Brasil, nossa matriz energética é a hidrelétrica, que possui um alto impacto ambiental para sua implantação devido à necessidade de alagamento para criação da represa. Temos como exemplo atual a usina de Belo Monte. O pensamento é que se tivermos edificações eficientes do ponto de vista energético, teremos uma demanda menor de energia e como conseqüência um menor impacto na questão ambiental para o suprimento de energia. Ganha o consumidor final que pagará uma conta de energia mais barata, ganham as concessionárias que, com a mesma planta energética, conseguirão atender a um número maior de consumidores, ganha a sociedade como um todo devido à redução do impacto ambiental no nosso planeta".
Existem no mercado mundial diversos selos e certificados emitidos por organizações e também por empresas de consultoria que avaliam e classificam as edificações com base em diversas metodologias. A certificação mais conhecida mundialmente é o LEED, criada em 1993 como projeto piloto para que a indústria da construção pudesse ter um sistema de que mensurasse o quanto um projeto é realmente sustentável. O Energy Star é outro programa americano específico para eficiência energética. "O Brasil lançou ano passado uma etiqueta que avalia exatamente a eficiência energética de uma edificação: a etiqueta PROCEL de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais de Serviços e Públicos e recentemente em edifícios residenciais. Esta etiqueta vem nos dizer qual o nível de eficiência energética de um edifício através de classificações da envoltória (fachadas), do sistema de iluminação e do sistema de condicionamento de ar. Uma equação pondera estes sistemas através de pesos e permite somar à pontuação final bonificações com inovações tecnológicas, uso de energias renováveis, cogeração ou racionalização no consumo de água que por ventura tiverem sido contempladas no projeto", continua a engenheira.
Em um empreendimento sustentável, o consumo de energia pode ser 30% menor que nos demais, afirma o gerente operacional do Green Building Council Brasil, Felipe Faria. De acordo com ele, até o momento, 24 empreendimentos receberam a certificação LEED no Brasil. Em 2009, o país era o 6º colocado no ranking mundial de construção sustentável. No ano passado, essa posição já subiu para 5º, atrás apenas dos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Canadá e China, pontua. "São inúmeras as ações que proporcionam melhora no desempenho energético de edificações, como lâmpadas e luminárias eficientes, elevadores inteligentes, motores de alta eficiência, valorização de iluminação e ventilação natural, sensores de presença para acionamento e desligamento automático, estudos de comissionamento, entre outros", completa Felipe.
Um reflexo dessa preocupação é o Concurso OTEC de Eficiência Energética, que na primeira edição tem como um dos três finalistas uma equipe mineira formada por engenheiros, arquitetos e administradores ligados à Creato. Juntos, eles criaram um projeto de revitalização do edifício Paulo de Tarso Montenegro, que abriga há 11 anos a sede do Ibope em São Paulo. As proposições apresentadas começam já pela entrada do prédio, que ganhará uma fachada de vidro microfurado que permite a proteção solar e a circulação do ar. Ainda na área externa, o projeto prevê a instalação de painéis fotovoltaicos para a geração de energia elétrica.
O projeto também contempla a modernização do sistema de ar condicionado, que passará a operar quase sem a utilização de energia elétrica da concessionária. A iluminação do edifício também passará a funcionar de forma mais eficiente e econômica. Outra inovação é a criação de uma área de vegetação no oitavo andar, com o objetivo de proporcionar um efeito estético e proteger contra a radiação solar. A proposta vencedora será conhecida em 14 de abril, e apontada através de um modelo de simulação computacional. A equipe que ficar em primeiro lugar receberá um prêmio no valor de R$ 50 mil, além da possibilidade de ser contratada pelo proprietário do edifício, em parceria com o IBOPE, para desenvolver o projeto executivo de revitalização da construção.
A equipe finalista ligada à Creato é composta pelos engenheiros Marco Tulio Vasconcellos, Patricia Vasconcellos, Miquéias Assunção e Luciana Maron; arquitetos Silvio Romero Motta, Adalgisa Mesquita e Mariana Messina e pela administradora Gisela Farhat.
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