Parque do Ibirapuera também sofre com a poluição de SP

Teste aponta que índice no parque está acima do considerado aceitável. Poluição traz diversos riscos à saúde.


O Parque do Ibirapuera é um dos locais mais adorados pelos paulistanos. Bem arborizado, remete a uma natureza perdida em meio aos prédios comerciais, carros e trânsito. 
Contudo, o teste feito com o equipamento do laboratório de poluição da Universidade de São Paulo (USP) contradiz essa realidade: "45 mg/m³ não é um nível aceitável de exposição. Apesar de bem arborizado, esse valor não é o ideal”, diz a pesquisadora do laboratório de poluição atmosférica experimental, Ana Júlia Lichtenfels.

Ainda dentro do parque, mais perto da rua e do trânsito, o índice aumenta. Às 18h, horário de “rush”, o nível chega a 84 mg/m³, muito acima do estabelecido como aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nas estações da Cetesb espalhadas por toda a cidade, fica fácil ver o que são as partículas que entram no organismo. “As partículas ficam em suspensão na atmosfera. Essas partículas vêm de queima de combustível. Como a frota da cidade é muito grande, elas passam a ser predominantes: quando o veículo passa pelo solo, ele também vai levantar a poeira”, afirma a gerente do setor de telemetria, Lucia Guardani.

O mal é quase invisível. As partículas mais comuns podem ser seis vezes mais finas do que um fio de cabelo. O nariz tem pelos para barrar a entrada de sujeira no corpo, mas esse pó tóxico é tão forte que fica difícil de filtrar. Resultado: ele vai direto par ao pulmão. “Aquele tamanho de partícula que adentra mais profundamente nossos pulmões e atinge a corrente sanguínea, se disseminando sistematicamente pelo corpo”, diz a pesquisadora.

Os danos à saúde são maiores do que se imagina. “Isso vai promover envelhecimento precoce do pulmão, bronquite, enfisema, câncer de pulmão e mortalidade cardiovascular. Os bebês vão ter peso menor quando são gestados em ambientes de maior poluição. O risco de aborto é maior. A partícula reproduz em pequena escala o que o cigarro faz em grande escala, ou seja, é um cigarro que eu fumo, ambiental, sem ter escolha”, conclui o pesquisador Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição da USP.
Piores poluentes
Segundo o pneumologista do Hospital São Paulo, José Alberto Neder, houve redução de alguns tipos específicos de poluentes na capital. Contudo, os principais ainda mantêm níveis elevados. “Os dados científicos apontam para redução para alguns específicos tipos de poluentes. Entretanto, os dois principais, o ozônio e o material particulado mp10, continuam com valores muito elevados.”
Por causa desses dois poluentes, muita gente vai parar nos hospitais da cidade. Na Grande São Paulo, a concentração é alta por causa das indústrias e, principalmente, por causa dos veículos.
 

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