O papel da liderança feminina na sustentabilidade dos negócios

“Vivemos em um momento em que a valorização da economia sustentável não é mais um diferencial, mas uma realidade para a sobrevivência”



Comentário Akatu: As mulheres hoje são maioria em diversos países. No Brasil, são 52% da população. Qualquer projeto de desenvolvimento de um país deve necessariamente valorizar ações desse grupo. 

A Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade é uma dessas ações. O Akatu acompanha de perto a atuação da Rede que recentemente elegeu, como vice-presidente do seu Conselho Estratégico, Celina Carpi – ex presidente e atual membro do Conselho Deliberativo do Akatu. 

Este artigo elucida os objetivos da Rede e suas principais ações de educação e comunicação que incentivam a transformação dos padrões de consumo e produção rumo à um futuro mais sustentável. Confira!

Nas últimas décadas, o tema sustentabilidade vem sendo discutido amplamente, sob os mais diversos ângulos e pontos de vista. A questão tem se consolidado e adquirido cada vez mais importância e espaço no ambiente de negócios. O empreendedorismo verde tem passado a fazer parte das agendas de trabalho, especialmente das executivas. 

O fator em comum que une estas lideranças é o interesse em promover uma forte agenda de desenvolvimento que leve em consideração a mulher e a sustentabilidade, garantir que esse tema seja recorrente nas discussões entre os líderes empresariais visando o desenvolvimento de uma economia nacional competitiva, inovadora, inclusiva e sustentada.

Recentemente, o Conselho Estratégico da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade, criado em 2012 pelo Ministério do Meio Ambiente, deu posse a suas primeiras 13 integrantes. Um dos objetivos desse grupo é estimular ações de sustentabilidade entre as mulheres que atuam na liderança de instituições, organizações e empresas públicas e privadas. 

Uma das metas estipuladas, ambiciosa, é a de que até 2020 cerca de um milhão de executivas tenham participado de um curso de capacitação em sustentabilidade. A principal missão do colegiado, na condição de instância superior da iniciativa, é identificar, propor e aprovar um modelo de governança definitivo para a Rede.

O grupo participou da iniciativa “Mulheres Rumo à Rio+20: a Sustentabilidade no Feminino”, que deu origem à Plataforma 20. 

Considerada uma contribuição da sociedade brasileira para a Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a proposta contou com a colaboração de 200 mulheres e apontou diretrizes para o empreendedorismo verde, negócios sustentáveis e para a comunicação do consumo consciente.

Entre os compromissos firmados pelo grupo de trabalho estão: a adoção de mentoring e capacitação como forma de educação para a sustentabilidade e liderança; e a elaboração de um perfil de líder em sustentabilidade que seja inspirador para as carreiras profissionais. 

Foi definida também a promoção da valorização desses assuntos por meio de iniciativas como a realização de uma campanha do Governo Federal que aborde a sustentabilidade como tema que implica a geração de uma nova cultura, ou seja, a transformação de valores e modos de comportamento.

A iniciativa surgiu depois que foi constatada a existência de lacunas na formação de lideranças e verificou-se a necessidade de pensar ações ou programas que causem impacto pela relevância e cobertura de suas ações para fazer a diferença na sociedade. 

Assim, o assunto empreendedorismo verde e os negócios sustentáveis é dirigido ao público de mulheres de todas as classes e tem como pretensão incentivar e potencializar oportunidades de negócios que atuem na dimensão da sustentabilidade em suas várias vertentes.

Uma segunda ação aborda o tema padrões de consumo e produção, e é voltada para o público de mulheres da classe “C”. O objetivo é apresentar um programa de comunicação que possa promover uma mudança nos padrões de consumo e produção atuais, ao influenciar e orientar as escolhas de pessoas físicas e jurídicas para um consumo sustentável.

Sabidamente vivemos em um momento em que a valorização da economia sustentável não é mais um diferencial, mas, sim, uma realidade para a sobrevivência e a própria sustentabilidade das organizações. 

Certamente, as lideranças femininas têm muito a contribuir com a consolidação dessa realidade, especialmente em um País como o Brasil, que tem muitos exemplos a oferecer, mas também ainda precisa construir muito para que as relações entre a sociedade e a natureza garantam perenidade e equilíbrio ao nosso mundo.

* Iêda Novais é diretora da KPMG no Brasil e membro do Conselho Estratégico da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade

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