ITALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A ABU DHABI
Frost diz que o isolamento é importante para as pesquisas. Mas reconhece que elas só são úteis se usadas em cidades existentes.
O centro fará apresentações na Rio+20, em junho.
"Não havia um polo global de energia limpa e renovável. A ideia é fazer de Masdar esse polo", diz Frost.
ENVIADO ESPECIAL A ABU DHABI
O dinheiro do petróleo de Abu Dhabi ergue no deserto do Oriente Médio uma espécie de "cidade verde". Um centro para pesquisar e aplicar a eficiência no uso de energia renovável.
Ao custo de R$ 38 bilhões, Masdar City tenta atrair estudantes e empresas para se tornar polo tecnológico.
Criada como modelo de sustentabilidade, Masdar -vinculada ao emirado de Abu Dhabi- tem também função econômica. É uma das apostas do governo para diminuir a dependência do petróleo.
A cidade ainda engatinha. Só 102 dos esperados 40 mil moradores em 2025 habitam o local, todos estudantes. Entre eles, dois brasileiros.
"Queria estudar num lugar voltado para a sustentabilidade", disse o engenheiro Luiz Friedrich, que cursa engenharia de sistema e gestão.
O espírito da ideia, iniciada em 2007, já é visível. O carro elétrico sem motorista, que anda com toque numa tela, é o destaque para curiosos. Mas é no planejamento que ela busca se diferenciar.
O centro foi erguido de modo a aproveitar os ventos do deserto. Ruas estreitas e uma torre de vento ajudam a refrescá-lo. Tudo para reduzir o uso de ar condicionado onde o verão chega a 50ºC.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
O plano diretor do arquiteto inglês Norman Foster buscou privilegiar os pedestres. Lá, os carros elétricos ficam escondidos sob o solo. Um contraste com mega-avenidas e escassas calçadas de Abu Dhabi e Dubai, principais cidades do país.
"A função de Masdar é mudar o jeito como as coisas são feitas", diz o diretor de Masdar City, Alan Frost.
Mas a criação do centro também tem críticos. Temem que suas pesquisas não se tornem úteis para as caóticas megacidades já existentes. Masdar já foi chamada até de "Disneylândia verde".
"Sua pureza se baseia na crença de que o único modo de criar uma comunidade harmoniosa é isolá-la do mundo", escreve Nicolai Ouroussoff, ex-crítico de arquitetura do "New York Times".
Frost diz que o isolamento é importante para as pesquisas. Mas reconhece que elas só são úteis se usadas em cidades existentes.
"Numa área limpa temos a chance de fazer algo correto e novo. Mas tudo é feito para aprender lições, voltar e reestruturar as cidades."
O centro fará apresentações na Rio+20, em junho.
Masdar busca atrair empresas com imposto zero e parcerias. A Siemens espera a conclusão do primeiro prédio comercial para instalar ali sua sede no Oriente Médio. A Mitsubishi pesquisa o desempenho de carros a bateria.
Abu Dhabi quer diminuir o peso do petróleo de 60% para 40% na economia até 2030, apostando em tecnologia.
"Não havia um polo global de energia limpa e renovável. A ideia é fazer de Masdar esse polo", diz Frost.
O jornalista ITALO NOGUEIRA viajou a convite da empresa Cassidian
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