Avenida Paulista é modelo de acessibilidade no Brasil


Foto: sapiamaia

O número é grandioso e surpreende muita gente: segundo dados do Censo 2010, realizado pelo IBGE, há no Brasil, hoje, 45 milhões de pessoas que declaram ter algum tipo de deficiência – quase 24% da população. 

Desse total, cerca de 13 milhões de brasileiros disseram viver com alguma deficiência grave (motora, visual ou mental). O país tem o enorme desafio de dar cidadania plena a essas pessoas. Mas mesmo o direito mais básico de todos – o de ir e vir livremente por todo o território nacional – ainda está longe de ser alcançado. A locomoção desses cidadãos nas metrópoles e também nas cidades menores é dificultada por projetos de arquitetura e engenharia que parecem se esquecer de que é preciso incluir todos.

No entanto, há bons exemplos que merecem destaque. É o caso de uma das principais vias do país. A Avenida Paulista, em São Paulo, realizou reformas para dar 100% de acessibilidade aos pedestres. As intervenções públicas foram concluídas com sucesso, tornando mais fácil a locomoção de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. São medidas práticas que mudaram o mais importante centro financeiro do país, por onde circulam diariamente cerca de 1,5 milhão de pessoas.

No lugar das antigas pedras portuguesas, foi instalado um piso cinza podotátil (dotado de faixas em alto-relevo fixadas no chão, que dão, através dos pés, sensação de relevo) nivelado para acabar com os degraus, 120 guias rebaixadas foram colocadas e houve também um novo posicionamento dos “obstáculos” espalhados pelas calçadas – bancas de jornais, lixeiras e floreiras.

Uma novidade bem interessante foi a criação de um guia turístico em áudio da cidade de São Paulo que leva o visitante a um passeio guiado pela Avenida Paulista. Concebido pela produtora Núcleo Corpo Rastreado e com o apoio da Fundação Nacional das Artes (Funarte), está disponível para download gratuito aqui.
Essa mudança gigantesca conceitual e prática pode servir de inspiração a outras cidades, outras ruas e avenidas. Afinal de contas, se uma das vias mais movimentadas do país conseguiu se remodelar, as demais têm condições de se adaptar. Num momento em que muitas cidades brasileiras passam por grandes obras para receber a Copa do Mundo, arquitetos, urbanistas e engenheiros podem aproveitar a oportunidade para realizar projetos capazes de atender plenamente a todos.

No link abaixo, você confere uma reportagem da Revista Sorria, que mostra as dificuldades encontradas por deficientes físicos para se locomover no dia a dia da cidade. Nela, a videomaker Carina Barros acompanhou a repórter Juliana Dias e Miguel Ferraz, cadeirante, em um passeio pelas ruas e transportes públicos de São Paulo.


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