Soja: Do Plantio ao Prato

A soja possui considerável capacidade de compensar perdas de produção ocasionadas pelas falhas que ocorrem na lavoura. Todavia, o primeiro passo obter altos rendimentos é conseguir um bom “stand”, ou seja, ter o número certo de plantas por metro de linha.


A obtenção de “stand” satisfatório, em torno de 25 plantas por metro, é atenção do produtor para as técnicas de plantio.
Os principais requisitos para o sucesso do plantio podem ser resumidos em:
- sementes de elevado valor cultural (poder germinativo mínimo de 80%);
- solo bem destorroado e com superfície uniforme;
- suficiente teor de umidade no solo;
- regulagem correta da semeadeira;
- profundidade de semeadura de 3 a 4 centímetros;
- semeadura em velocidade moderada;
- ligeira compactação do solo após o fechamento do sulco;
- acompanhamento da operação de semeadura.
O plantio raso, à profundidade de 3 a 4 centímetros; é condição essencial para a emergência regular das plantas, nos solos de textura média e pesada. Nos solos arenosos essa profundidade é ligeiramente aumentada.
A adoção das técnicas preconizadas para o plantio diminuem sensivelmente as falhas na lavoura. Convém lembrar, entretanto, que se por um lado falhas prejudicam os rendimentos, por outro lado o excesso de plantas pode provocar acamamento, que é causa de consideráveis perdas de produção.
Plantio direto
O plantio direto, uma mudança do sistema convencional de plantio, consiste na instalação da cultura sem revolvimento do solo.
É possível em terrenos já sistematizados pelo plantio convencional. A eliminação de ervas daninhas no plantio direto é realizada com o emprego de herbicidas na instalação da cultura, e quando necessário, depois da emergência da soja.
O plantio direto já é adotado em grandes áreas, especialmente nas regiões em que é possível a sucessão soja-trigo. Ele é objeto de estudos da Pesquisa, que procura avaliar suas vantagens e desvantagens.
Espaçamento no plantio
O espaçamento entre linhas na cultura da soja varia com o ciclo vegetativo do cultivar. Os cultivares precoces são semeados no espaçamento de 36 a 45cm. Para os demais cultivares é recomendado o espaçamento de 60cm que pode ser reduzido para 50cm se houver atraso do plantio. A densidade de semeadura é da ordem de 30 sementes por metro linear (poder germinativo das sementes - 80%). A emergência de aproximadamente 25 plantas por metro linear é desejável.
A quantidade de sementes usada por hectare depende do espaçamento adotado. Em geral, gira em torno de 60 quilos quando o espaçamento é de 60 centímetros.
Época de plantio
A época de plantio da soja, além de ser condicionada pelo fotoperiodísmo, depende também do regime de chuvas da região e da fertilidade do solo explorado.
Alguns cultivares têm sua época de plantio ampliada, quando contam com
bom regime de chuvas e fertilidade elevada do solo (plantios de outubro e dezembro). Por outro lado esses fatores tornam desaconselhável o plantio de cultivares de porte alto em período apropriado a intenso desenvolvimento vegetativo.
Cultivares adequados
Vários cultivares podem ser usados para a produção da soja, porém, a escolha das mais adequadas requer cuidadosa atenção, pois os problemas de porte motivados por fotoperiodísmo, e agravados muitas vezes por condições adversas de clima e solo, podem levar a prejuízos totais na lavoura. Regime hídrico satisfatório e bom nível de fertilidade do solo amenizam deficiências do fotoperíodo, favorecendo o porte e o rendimento de alguns cultivares.
A descrição dos cultivares de soja é feita por características de suas plantas e sementes.
Os vários cultivares de diferentes ciclos vegetativos beneficia o produtor, pois o uso de cultivares de ciclos vegetativos diferentes permite melhor aproveitamento das colhedeiras e proporciona uma maior segurança contra adversidades climáticas que possam ocorrer durante o período em que a cultura está no campo.
Preparo do solo
Na cultura da soja predomina o plantio com preparo prévio do solo. Este sistema é denominado plantio convencional. Outros dois sistemas, cultivo mínimo e plantio direto, que reduzem ou dispensam o preparo do solo, são adotados em pequena escala.
O preparo do solo deve oferecer as seguintes condições para o desenvolvimento e produção da soja:
-  lugar para as sementes germinarem rapidamente;
- meio ambiente no qual as raízes possam obter umidade e nutrientes;
-  controle das ervas daninhas;
-  destruição dos restos da cultura anterior;
- leito de semeadura uniforme, que possibilite a germinação normal das sementes, e o trabalho eficiente da máquina agrícola usada na lavoura.
Uma aração, duas ou mais gradeações e a uniformização da superfície do terreno, geralmente atendem as exigências do preparo do solo. O revolvimento da terra pelo arado e a destruição dos torrões conseguida gradeações bem conduzidas, dão ao leito de semeadura  condições apropriadas de emergência das plantas.
O nivelamento do solo, que é realizado com grade niveladora ou com pranchão de madeira preso à grade comum, elimina variações da sua superfície proporcionando maior eficiência de operação das semeadeiras e das demais quinas agrícolas.
O solo convenientemente preparado para o plantio da soja requer eficiente controle da erosão, quando sua declividade exige adoção dessa prática conservacionista.
Inoculação das sementes
A aplicação de inoculantes às sementes é uma maneira econômica de fornecer nitrogênio à soja.
O inoculante é geralmente vendido em pacotes de 200 gramas, que contém bactérias fixadoras de nitrogênio, da espécie Rhizobium japonicum, vivendo em turfa.
As bactérias têm tempo limitado de vida, aproximadamente 4 meses, após o preparo de inoculante. Para permanecerem com vida precisam ser protegidas contra o calor e a luz solar direta.
Ao adquirir o inoculante, o produtor deve verificar se ele é indicado para a soja e se não está com sua validade vencida.
A inoculação é feita à sombra, usando-se um pacote de 200 gramas de inoculante para cada saco de 50 quilos de sementes. É  recomendado dobrar a dose para os plantios de primeiro ano, ou quando for aplicado fungicida às sementes.
A inoculação pode ser feita de maneira indicada a seguir:
- esparramar um saco de sementes de soja sobre cimento liso, encerado, lona, plástico, etc.;
- umedecer as sementes com água, usando no máximo 200 a 250 ml;
Para que haja melhor adesão das bactérias nas sementes, pode-se usar uma solução de açúcar a 10% (2 colheres das de sopa por 250ml de água);
- derramar o pó do saquinho de inoculante sobre as sementes, mexendo bem até que elas fiquem cobertas pelo pó;
- deixar as sementes secando á sombra por alguns minutos. Após a secagem as sementes estarão prontas para o plantio.
A temperatura do solo pode ter efeito altamente prejudicial sobre o inoculante. A semeadura em solos quentes e secos diminui a sobrevivência das bactérias sobre as sementes de soja inoculadas, retarda ou impede a germinação e prejudica a formação de nódulos.
O tratamento de sementes deve, na medida do possível, ser evitado porque pode ser prejudicial à nodulação, se o solo não possuir alta população de bactérias fixadoras de nitrogênio. No entanto, se o tratamento for inevitável, devem ser tomados os seguintes cuidados:
- a inoculação deve ser feita imediatamente antes do plantio pelo método úmido;
- o solo deve estar com suficiente umidade para pronta germinação;
- a dosagem do inoculante deve ser dobrada;
- os fungicidas mercuriais não devem ser empregados.
Exigências
O alto valor cultural das sementes é elemento básico para o sucesso da exploração das culturas que se multiplicam por sementes.
Os Órgãos Oficiais estabelecem padrões de qualidade para sementes destinadas à comercialização.
A semente de soja requer boas condições de armazenamento. Antes do armazenamento, sua qualidade pode ser prejudicada pelo ataque de percevejos, por agentes patogênicos, por choques sofridos nas operações de colheita, por condições climáticas adversas após sua maturação fisiológica, etc.
Levando em conta as exigências de armazenamento e os danos que as sementes de soja podem sofrer no campo ou na colheita, é aconselhável sua aquisição a cada ano, de fonte idônea, registrada nos Órgãos Oficiais segundo a Legislação vigente.
Sementes com poder germinativo inferior a 80% devem ser tratadas com fungicida, se têm no mínimo 60% de poder germinativo. Com menos 60% não são recomendadas para o plantio.

EXTRATO DE LEITE DE SOJA
Ingredientes:
- 3 xícaras (chá) de grãos de soja escolhidos e sem lavar
- 4,5 litros de água
- 1 colher (chá) de sal
- 6 colheres (sopa) de açúcar
Modo de preparo:
- Ferver um litro e meio de água.
- Colocar os grãos e contar cinco minutos a partir da nova fervura.
- Escorrer a água e lavar os grãos em água corrente.
- Colocar o restante da água (3 litros) para ferver, cozinhar os grãos por cinco minutos. Não descartar a água.
- Quando estiver morno, bater os grãos e a água no liquidificador por três minutos.
- Cozinhar a massa obtida em uma panela aberta por 10 minutos, reduzindo a chama após a fervura, mexendo sempre.
- Quando estiver morno, coar em pano de algodão limpo e espremer bem, com o auxílio das mãos, através do pano.
- O líquido filtrado é o extrato de soja (leite) e a massa restante, o resíduo ou “okara”.
- Levar o extrato novamente ao fogo e ferver por dois minutos.
- Adicionar o açúcar e o sal ao extrato.
Para obter sabores diferentes basta acrescentar chocolate em pó, canela, baunilha, etc.

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