Por Sonia Wada* - O grande desafio do século XXI é promover o desenvolvimento sustentável. O que significa atuar de forma economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta. O crescimento econômico não pode se contrapor aos pilares da sustentabilidade, portanto, as organizações precisam, cada vez mais, adotar práticas sustentáveis. Manter políticas de administração responsáveis, buscar alternativas de produção que utilizem recursos renováveis, promover ações que protejam o meio ambiente e a sociedade são algumas das iniciativas a serem tomadas e a gestão do conhecimento pode facilitar sua aplicabilidade.
O conceito de desenvolvimento sustentável possui três variáveis principais: Social – pela visão de uma sociedade mais equilibrada, com melhoria da qualidade de vida, mais distribuição de renda, mais saúde e oportunidades de educação e emprego. Econômica – com melhor alocação e gerenciamento mais eficiente dos recursos, um fluxo constante de investimentos públicos e privados e menor desigualdade de renda. Ecológica – com o uso racional dos recursos naturais, consumo de energias renováveis, redução de poluentes e resíduos e proteção ambiental.
Por meio da gestão do conhecimento aplicada às práticas de sustentabilidade, empresas passam a se preocupar não só com sua viabilidade econômica, mas assumem a responsabilidade social perante todos envolvidos na cadeia produtiva, desde os acionistas, investidores e governos até a comunidade e o meio ambiente, passando por clientes, colaboradores e fornecedores.
Preceitos de geração de conhecimento não são estratégias inovadoras, sempre foram utilizados para a tomada de decisões. A diferença é como gerir esse saber acumulado, esquematizá-lo e disponibilizá-lo da melhor maneira possível para aprimorar a cultura da organização. Saber como usar o conhecimento, estabelecendo práticas, padrões e sua disseminação junto aos públicos internos e externos trazem vantagens competitivas e benefícios duradouros para a sustentabilidade.
O paradigma da gestão do conhecimento possibilita a criação de uma série de processos para a captura, organização, disseminação e utilização dos múltiplos conhecimentos para a melhoria do desempenho, geração de riquezas, qualificação das equipes e investimento em ações mais voltadas à transformação social.
Um dos introdutores dos princípios que hoje são base da gestão do conhecimento, o pesquisador Ikujiro Nonaka dizia que “o conhecimento é um processo humano dinâmico para justificar a crença pessoal com relação à verdade”. Por isso, o que coloca uma organização em vantagem competitiva sustentável é o conhecimento que ela detém, a eficiência com que utiliza essas informações e a velocidade com que realiza inovações a partir desses dados. Para isto, precisa garantir subsídios aos procedimentos adotados em seus processos de gestão.
A gestão do conhecimento requer um profundo estudo das rotinas de trabalho, o pleno acesso às fontes de informação e a compreensão de como esses valores influenciam os modos de operação, desde a alta administração da empresa até as pessoas envolvidas em cada processo, direcionando cada patamar a seguir pelo caminho da sustentabilidade.
Além disso, promover a gestão do conhecimento com vistas ao desenvolvimento sustentável é propiciar novas ideias, que confirmem o artigo 225 da Constituição brasileira: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Que as empresas aprendam a usar o conhecimento de seus colaboradores, transformando-o em ações sustentáveis. Do mesmo modo, que estimulem o aprendizado desses profissionais por meio de cursos, palestras, treinamentos, programas de conscientização ambiental e de sustentabilidade. Somente assim será possível promover novas práticas, desenvolver novos hábitos, planejar ações e disseminar noções que respeitem a sustentabilidade. Educação é fundamental para ampliar a consciência coletiva de desenvolvimento sustentável e preparar o mundo para as futuras gerações.
Termino lembrando a Conferência Mundial sobre a Ciência, realizada em Lisboa, em 1999. “Todos vivemos no mesmo planeta e todos fazemos parte da biosfera. Temos que reconhecer que estamos numa crescente interdependência e que o nosso futuro se encontra intrinsecamente ligado à preservação dos sistemas globais de apoio à vida e reconhecer que urge utilizar o conhecimento de todos os campos da ciência de um modo responsável para responder às necessidades e às aspirações humanas sem abusar desse conhecimento.”
* Sonia Wada é pesquisadora, formada em Biblioteconomia e Documentação pela ECA/USP, especialista em informação tecnológica e gestão do conhecimento e mestre em Inteligência Competitiva. Atualmente é diretora presidente da SBGC – Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (www.sbgc.org.br) e do KM Brasil 2010 – Congresso Brasileiro de Gestão do Conhecimento (www.kmbrasil.com), evento que acontece em novembro, sobre o tema sustentabilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário