Iniciativa sistematizará boas práticas ambientais

Quais são os benefícios sociais e financeiros e os custos econômicos de uma gestão de ecossistemas preocupada com a sustentabilidade? As respostas para estas questões poderão vir da nova iniciativa promovida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
 
 
O órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) abriu um processo de consulta para coletar estudos, descrições e exemplos de projetos de conservação da biodiversidade do Brasil. O questionário on-line (Biodiversidade e Ecossistemas: Por que são Importantes para o Crescimento Sustentável e a Equidade) pretende coletar informações sobre experiências públicas, privadas ou de ONGs que envolvam o tema.

Faz sentido, o Brasil é o país com maior número de espécies nativas, entre 15% e 20% de toda a diversidade biológica mundial.

O questionário tem 12 perguntas. Pede, por exemplo, que se mencionem políticas públicas no setor (federais, estaduais ou municipais) e se identifiquem impactos na produção, na produtividade, no emprego e na renda. Há também questões sobre áreas prioritárias para ações de conservação e mecanismos financeiros inovadores.

Um exemplo prático do que pode ser encontrado na consulta é o caso do Projeto Oásis, que remunera proprietários particulares de terras que conservam remanescentes de Mata Atlântica, em áreas de mananciais, contribuindo para manter a qualidade e a abundância da água.

Lançado pela Fundação O Boticário de Proteção à Natureza em 2006, o programa, atualmente, beneficia 13 proprietários de terras que historicamente preservam suas áreas naturais integram o projeto.

Ao todo, são conservados 657 hectares de áreas naturais, 45 mil metros de rios e 82 nascentes na grande São Paulo. A maioria das propriedades participantes possui mais de 70% de sua área coberta por vegetação natural.

“Isso (a consulta) será importante a curto prazo para embasar a posição brasileira na COP 10 da Convenção sobre Diversidade Biológica, que acontece em outubro, no Japão. Num segundo momento, será preciso um esforço conjunto de toda a sociedade para potencializar e replicar as boas ações que forem identificadas”, afirma diretora executiva da fundação, Malu Nunes. 

Com esses elementos, avalia o biólogo Rodrigo Medeiros, consultor do PNUD, será possível fazer uma comparação entre a produção que desmata e a que não desmata. “Em geral, se diz que a produção predatória é mais barata e mais fácil de fazer. Há experiências, e pretendemos reunir outras, que mostram que não: que o manejo sustentável de gado, madeira e água, por exemplo, é viável e pode ser inclusive mais lucrativo”, afirma.

Processo
A iniciativa do PNUD está dividida em duas etapas. A primeira é o levantamento de informações, por meio da consulta que ficará aberta até meados de agosto. Mais tarde, nos dias 23 e 24 de agosto, o Programa realizará um encontro com especialistas e autoridades na área de meio ambiente, que analisará e complementará os dados colhidos pela pesquisa on-line.
 
Segundo o economista Carlos Eduardo Young, um dos assessores do PNUD e membro do comitê técnico da iniciativa, o objetivo é “consolidar informações sobre o que existe hoje que pode ajudar a dimensionar a importância da conservação da biodiversidade”.

O resultado final desse trabalho fará parte de um material Latino-Americano sobre meio ambiente: o “Biodiversidade e Ecossistemas: Por que são Importantes para o Crescimento Sustentável e a Equidade da América Latina e do Caribe”. Seguindo o mesmo princípio do que acontece agora no Brasil, países como México, Peru, Venezuela, Colômbia, Equador, Guatemala e Trinidad e Tobago já fizeram sua “lição de casa”.

Todos os dados serão apresentados pelo PNUD no 10º Encontro da Conferencia das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, em Nagoia (Japão), entre 18 e 29 de outubro.

*Com informações da Prima Página.

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