Parques eólicos permitirão venda de energia

O vento está soprando a favor do Rio Grande do Norte: até 2013 o Estado receberá 69 parques eólicos, que demandarão investimento de R$ 8 bilhões e o tornarão "exportador" de energia renovável para outros Estados brasileiros.  


Mas, se o governo estadual não for bem sucedido na tarefa de atrair fornecedores para o setor, os potiguares correm o risco de entrar apenas com o vento nesse negócio de bilhões. "As obras já iniciadas do PAC não conseguiram dar impulso à economia porque os equipamentos e materiais empregados vêm de outros Estados", diz o economista Odair Lopes Garcia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. "O impacto fica restrito ao pagamento de salários."

O governo do Estado, porém, está se esforçando para tirar o melhor proveito dos investimentos em energia eólica, que representam quase um quarto do PIB potiguar de 2008, de R$ 25,5 bilhões.

Francisco Cipriano Segundo de Paula, secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado, explica que o governo criou um programa de apoio à indústria que prevê descontos no ICMS de acordo com a capacidade da empresa de criar empregos. Outro incentivo é o programa Progás, que pode isentar a indústria de parte do pagamento da conta do gás.

Segundo De Paula, o governo também está trabalhando para que os investimentos se espalhem pelo interior do Estado - que tem menos de 53 mil km2 de área e cerca de 3,2 milhões de habitantes. Mas os projetos do PAC não vão nessa direção, como lembra Garcia, apesar dos benefícios que acarretarão. Concentram-se na capital e cidades próximas e na região de Mossoró, onde está a Petrobras.

As obras do PAC incluem a ampliação do porto de Natal (a segunda desde 2008, com investimento total de mais de R$ 200 milhões) e a construção do Terminal Pesqueiro Público de Natal (cerca de R$ 36 milhões). Essas obras possibilitarão ao Rio Grande do Norte receber embarcações de grande porte, inclusive internacionais, para recolher seus valiosos atuns, dos quais é o maior produtor e exportador do país. Também ficará perto de Natal, em Macaíba, cidade com um parque industrial expressivo, uma das duas Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) que o Estado planeja construir.

No interior, os projetos do PAC se concentram de fato em Mossoró, a noroeste. A refinaria Clara Camarão, que está sendo ampliada (com investimento de R$ 191 milhões), e o porto Ilha, que também passa por expansão (cerca de R$ 160 milhões), ficam próximos: respectivamente, no Polo Industrial de Guamaré e na cidade de Areia Branca. A segunda ZPE será instalada em Assu, na mesma região. Para Garcia, embora seja legítima, a intenção de interiorizar os investimentos esbarra em dificuldades, como a baixa qualidade de ensino no Estado, que pode ser enfrentada, em sua opinião, com a expansão do ensino técnico. O governo trabalha nessa direção. "Estamos montando cursos para capacitar pessoal para o setor de energia eólica", diz De Paula.

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