Por Sandra Pavesi
O relatório de 2009 do UNEP (United Nations Environmental Programme) intitulado “Recycling – from E-waste to resources” (Reciclagem – de lixo eletrônico a recurso) não deixa dúvidas quanto à gravidade que o problema do descarte massivo de dispositivos eletrônicos, entre os quais computadores e seus acessórios, poderá adquirir nos próximos anos.
Com base nos levantamentos efetuados, estima-se que a geração de resíduos eletrônicos já supere em três vezes aquela de outros tipos de lixo. Entre as causas desse fenômeno despontam a obsolescência dos equipamentos novos, os custos de manutenção e a pressão mediática para substituir aparelhos que, embora perfeitamente funcionais, passam a ser vistos como calhambeques.
Não obstante a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada no ano passado, proíba o descarte de eletrônicos em áreas ambientalmente vulneráveis e comprometa os fabricantes a recolher os produtos descartados pelos consumidores, e a encontrar soluções ambientalmente corretas para a sua disposição final, ainda são poucas as empresas e organizações que se profissionalizaram na reciclagem deste tipo de resíduos.
O resultado é que o grosso dos equipamentos eletrônicos inutilizados acaba em lixões e aterros, quando não é recolhido em “ferro-velhos”, nos quais se procede – em condições de trabalho precárias – à separação dos componentes que seguem na direção da China e da Índia, principais importadores do chamado e-lixo. Neste caso, aos acidentes e riscos ambientais no trabalho de triagem dos materiais reaproveitáveis somam-se os impactos ambientais causados pela contaminação da água por metais tóxicos (entre os quais chumbo, cádmio, cromo e mercúrio) provenientes da lixiviação dos componentes eletrônicos.
Não obstante a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada no ano passado, proíba o descarte de eletrônicos em áreas ambientalmente vulneráveis e comprometa os fabricantes a recolher os produtos descartados pelos consumidores, e a encontrar soluções ambientalmente corretas para a sua disposição final, ainda são poucas as empresas e organizações que se profissionalizaram na reciclagem deste tipo de resíduos.
O resultado é que o grosso dos equipamentos eletrônicos inutilizados acaba em lixões e aterros, quando não é recolhido em “ferro-velhos”, nos quais se procede – em condições de trabalho precárias – à separação dos componentes que seguem na direção da China e da Índia, principais importadores do chamado e-lixo. Neste caso, aos acidentes e riscos ambientais no trabalho de triagem dos materiais reaproveitáveis somam-se os impactos ambientais causados pela contaminação da água por metais tóxicos (entre os quais chumbo, cádmio, cromo e mercúrio) provenientes da lixiviação dos componentes eletrônicos.
Projeto Recicl@tesc: Se é possível reciclar, pra que jogar?
É justamente nesse quadro, alarmante e desalentador para muitos, que se inspira o projeto Recicl@tesc (Reciclagem Tecnológica de São Carlos), cujos criadores apostam na possibilidade de fazer da crise e do desafio uma oportunidade.
Iniciado em 2009 a partir de uma parceria entre pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), a Rede Social de São Carlos (programa para o desenvolvimento social promovido pelo SENAC), o Nosso Lar (instituição de atendimento a crianças e adolescentes sem fins lucrativos) e a Prefeitura Municipal, o projeto desenvolve-se em duas frentes principais: a remanufatura de computadores obsoletos para posterior venda ou doação a escolas e organizações sociais, e a capacitação de pessoal especializado em montagem e manutenção de computadores (entre outras funções inerentes à remanufatura).
Com isto, o projeto propõe-se a responder simultaneamente a demandas emergentes como a proteção ambiental, a formação profissional e a inclusão digital, visando o horizonte da sustentabilidade.
Infelizmente, nem sempre é possível restaurar os equipamentos doados ao projeto Recicl@tesc. Neste caso, após “desmanufaturar” os computadores, ou seja, desmontá-los e separar suas peças, estas são vendidas a firmas especializadas (e devidamente certificadas) que se ocupam da extração e recuperação de materiais, entre os quais metais preciosos como o ouro, a prata e o cobre. Realizado de acordo com tecnologias compatíveis com os princípios da sustentabilidade, este processo também promove a economia de recursos, além de poupar os custos socioambientais decorrentes da extração dos minérios diretamente da natureza.
Atualmente, o Recicl@tesc vem buscando maior projeção no mercado regional da reciclagem de computadores, com a finalidade de garantir a sustentabilidade financeira do projeto e de fortalecer suas funções socioambientais. Pelo link www.reciclatesc.org.br, os leitores e potenciais doadores podem acessar o ambiente do projeto e encontrar informações valiosas sobre as atividades desenvolvidas, os postos de coleta e o regulamento para a doação de equipamentos.
Sobre o autor:
Sou
ecóloga, educadora ambiental e pós-doutora na área de planejamento para
a sustentabilidade (Instituto de Arquitetura e Urbanismo - USP). Não
acredito em fronteiras disciplinares e, menos ainda, que a academia
tenha todas as respostas. Nasci na Itália, mas não gosto de carros;
minha bike é o meu corcel.
Site: http://aguasdamemoria.wordpress.com