Manejo adequado permite economia de água e energia em sistemas irrigados



Os benefícios do sistema de plantio direto já são amplamente discutidos em fóruns e em eventos especializados. Por outro lado, uma nova abordagem – relacionada à economia de água e de energia elétrica em sistemas agrícolas irrigados – vem sendo apresentada pela Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG). 

 
Trata-se de um manejo adequado da irrigação para a cultura de grãos no sistema de plantio direto aliado à cobertura do solo.

Segundo o pesquisador José Aloísio Alves Moreira, da área de Solo, Água e Meio Ambiente, solos cobertos aumentam consideravelmente a eficiência no uso de água pelas culturas, reduzindo, consequentemente, os gastos com energia elétrica em sistemas irrigados. A maior eficiência do uso de água proporcionada pelo sistema de plantio direto, segundo ele, se dá devido à presença de uma adequada cobertura morta, reduzindo, portanto, as perdas por evaporação da água do perfil de solo.

A palhada atua na primeira fase do processo de evaporação da água, reduzindo a taxa de evaporação. Segundo José Aloísio, essa redução depende do nível de cobertura do solo. “Assim, quando a palhada é pouca ou é rapidamente decomposta, e a cultura cobre rapidamente o solo, esse benefício não é tão expressivo.

Essa é a razão da diferença de comportamento entre os solos cobertos e descobertos, em relação à eficiência do uso da água”, explica. O pesquisador afirma que a economia de água começa a ser importante a partir de 50% de cobertura do solo pela palhada, implicando em menor número de irrigações.

Somente em Minas Gerais, segundo dados do pesquisador Daniel Pereira Guimarães, da área de Solo, Água e Meio Ambiente, são 302 mil hectares de área irrigada com pivô central. Estudos indicam que o custo de aplicação de um milímetro de água em 100 hectares pode chegar a R$ 100.

Nesse contexto, em uma área experimental plantada com milho verde, o pesquisador José Aloísio registrou uma economia de 105mm de água com o sistema de plantio direto, utilizando também a cobertura com palhada. “Considerando uma área irrigada com pivô central de 100 hectares, a economia com energia elétrica pode chegar a R$ 10.500”, mostra o pesquisador.

“Se aplicarmos esse valor (105 mm) à área irrigada em Minas Gerais, teríamos uma economia de 317 milhões de m³ de água, o que daria para abastecer uma cidade de 3,6 milhões de habitantes por um ano”, explica José Aloísio. “Essas duas práticas, plantio direto e cobertura, se implantadas em conjunto, são mais eficientes que a adoção apenas do sistema de plantio direto”, interpreta.

Economia e eficiência

Se o solo em sistema de plantio direto coberto com palha apresenta menor evaporação, “com certeza o manejo da irrigação é diferenciado em relação ao sistema convencional, no qual a superfície fica a descoberto”, continua José Aloísio. Outras vantagens da prática do plantio direto com cobertura do solo são uma maior infiltração de água, um menor escorrimento superficial e maiores conteúdo e armazenamento de água.

Para efeitos de comparação, em áreas experimentais de milho verde sem e com cobertura, o número de irrigações caiu de 19 para 12. Já a lâmina de irrigação foi reduzida de 285mm para 180mm.

Tanto as lâminas quanto o número de irrigações tiveram reduções de mais de 30% no solo totalmente coberto em relação ao solo descoberto. O pesquisador, entretanto, cita que se para alcançar essa economia é importante que o manejo da irrigação seja feito utilizando os coeficientes técnicos do milho desenvolvidos especialmente para solos cobertos, que podem ser consultados pelo e-mail jaloisio@cnpms.embrapa.br .

O trabalho desenvolvido com a cultura do milho verde no sistema de plantio direto com solos cobertos pela palhada conta com o suporte financeiro da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais).

Mais informações: Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO) da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculada ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento): (31) 3027-1272 ou ace@cnpms.embrapa.br 
Guilherme Viana (MTb / MG 06566 JP)
Embrapa Milho e Sorgo
Contatos:(31) 30271223