A crise do subprime iniciada nos EUA em 2006, que desencadeou a maior crise financeira desde o crash da Bolsa de Nova York em 1929, merecerá um capítulo a parte na terceira edição do livro “O capitalismo na encruzilhada”, do professor americano Stuart Hart. Para o especialista, a crise americana é um bom exemplo de práticas não sustentáveis no mundo moderno e ilustra bem as ideais que defende em seu livro, cuja nova edição ampliada será lançada em julho nos EUA.
“Modelos de negócios que não beneficiam todos os interessados não funcionam, e a crise do subprime nos EUA foi um exemplo concreto disso”, diz. “Eu acho que agora há uma percepção de que algo está errado e de que precisa mudar”, afirmou o especialista na palestra magna que proferiu no dia 26 de abril, na X Conferência Anpei de Inovação Tecnológica.
Uma das maiores autoridades mundiais no efeito das estratégias empresariais sobre o meio ambiente e a pobreza, Hart avalia que o Brasil é um dos poucos países no mundo que caminha bem na direção de desenvolver práticas sustentáveis e de diminuir a pobreza. “Haverá muitas construções de casas no Brasil nos próximos anos, onde a maior parte das áreas urbanas é composta por favelas. Vocês têm uma oportunidade incrível”, disse a uma platéia composta por empresários e gestores de P&D, ICTs e representantes do governo.
Hart apontou que criar tecnologias limpas e produtos e serviços que atendam às reais necessidades das populações de baixa renda representa o maior desafio dos últimos oito anos. Mas ressalvou que o potencial comercial tanto do meio ambiente como das populações mais pobres ainda não foi percebido pelas empresas. “As empresas ainda não pensam muito em como transformar isso em inovação”, disse.
Opinião similar também tem as outras duas palestrantes internacionais do evento, a russa Anna Trifilova e a alemã Bettina von Stamm. Na palestra que ministraram em conjunto na manhã do dia 28 de abril sobre o futuro da inovação, as especialistas internacionais disseram que as empresas precisam saber para que precisam ser inovadoras, estabelecendo entre outros objetivos, em seus projetos, a sustentabilidade ambiental. “Temos quer ir além do que pensamos sobre inovação”, disse Stamm. “A inovação incremental em produtos e serviços é importante, mas não é o suficiente. As empresas precisam repensar seus modelos de negócios e pensar na gestão da inovação”, completou Trifilova.
As especialistas também recorreram ao exemplo da crise americana para indicar uma possível mudança nas estratégias de negócios das empresas, mas disseram estar decepcionadas com o que ocorreu depois. “A grande oportunidade que a crise criou parece que já passou. Achei que seria um momento de mudança, mas nada aconteceu desde então”, disse Stamm.
Fonte: www.anpei.org.br
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