Sustentabilidade, um novo paradigma



Por Montserrat Martins

Nem à esquerda, nem à direita, rumo à sustentabilidade. Essa nova teoria política responde às necessidades do século XXI, o da crise climática e das metrópoles urbanas, se distinguindo das receitas do neoliberalismo e do estatismo.

O neoliberalismo, que sacraliza o livre mercado acompanhado de um “Estado mínimo”, não atende às necessidades de preservação nem do patrimônio natural, nem do patrimônio humano, social e econômico das sociedades contemporâneas. 

Na crise financeira global de 2008, a economia internacional teve de ser salva por intervenções estatais, com destaque para o governo americano que aumentou seu poder de endividamento para socorrer o sistema financeiro.

O estatismo, por outro lado, já evidenciou seus limites nas últimas décadas desde a derrocada da União Soviética, do leste europeu, de Cuba e da tragédia social vivida atualmente na Venezuela. 

O único regime político estatizado que vingou economicamente foi a China e para isso ela se flexibilizou para o mercado, assumindo característica peculiares e se encontrando ainda em evolução.

As democracias ocidentais usam sustentabilidade na retórica, mas não inibem o desmatamento nem a exclusão social. 

Com a globalização da economia, na Era do Capitalismo Financeiro, esse se caracteriza pela volatilidade e o imediatismo, ou seja, o mercado vai atrás do lucro instantâneo onde ele estiver. 

Projetos que desmatam a Amazônia para plantar cana, mais a soja e a pecuária lá, agravam a crise climática.

Também nenhum modelo de estatismo teve compromissos com a sustentabilidade, em suas dimensões econômica, social, ambiental, cultural, ética, política ou estética. 

Um dos “gargalos” do crescimento chinês (tal como ocorrera com os europeus) é o esgotamento dos seus recursos naturais, incluindo a crise hídrica.

Um novo paradigma para o século XXI requer um novo papel do Estado e do “mercado”, não como antagonistas, mas como complementares, bem como o protagonismo dos organismos internacionais como ONU, Unesco, OMC. 

Um exemplo “sustentabilista” foi dado por Barack Obama e Xi Jinping, presidente americano e secretário geral do PC chinês, ao assinarem esse ano um acordo de cooperação para reduzir a emissão de carbono na atmosfera. Nesse acordo sino-americano não há supremacia nem do “mercado” que move a economia americana nem da “economia estatal” chinesa. 

O terceiro setor e a sociedade civil são importantes nesse novo modelo de desenvolvimento, que não tem um Estado mínimo nem máximo, mas necessário. 

Um Estado não meramente “indutor” do desenvolvimento, mas que emana da própria sociedade e responde às necessidades de planejamento com visão estratégica para dar respostas às questões do século XXI.

Montserrat Martins é médico e bacharel em ciências jurídicas e sociais.


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