Universidade apresenta soluções para reduzir impacto ambiental na construção civil

A construção de um novo laboratório da UFPR começa respeitando o meio ambiente
 
Por Elis Jacques
 


O setor da construção civil é uma das atividades que mais gera impacto no meio ambiente, consumindo cerca de 55% da madeira, 40% de matérias primas e energia em âmbito mundial, segundo estudos do Worldwatch Institute.



Algumas propostas como a certificação LEED ( Leadership in Energy and Environmental Design), do Green Building Council estão sendo adotadas por vários países para aumentar o número de construções sustentáveis. Esse selo já foi adotado por 41 nações, contabilizando mais de 744 milhões de metros quadrados de obras.

A UFPR (Universidade Federal do Paraná) começou a construção de um novo prédio da instituição, que já está inscrito na certificação LEED. Para obter o selo, um empreendimento precisa reunir pelo menos 40 pontos, dos 110 possíveis, nos cinco critérios avaliados pela ferramenta LEED: Materiais e Recursos, Energia e Atmosfera, Espaço Sustentável – Site, Qualidade Ambiental Interna e o Uso Racional da Água. Estima-se que a pontuação dessa construção tenha no mínimo 50 pontos.

A obra será o novo prédio do LIGH (Laboratórios Integrados de Genética Humana) em Curitiba, e demonstra como um bom planejamento pode ser um grande passo para a sustentabilidade. Para a Maria da Graça Bicalho, coordenadora do laboratório, a importância da obra é ser uma referência para a sociedade, também formando uma geração de futuros profissionais preocupados com a questão. “Não é somente um prédio sustentável, mas sim uma construção que também manterá a sua gestão preocupada com o meio ambiente. Estamos alinhando o conceito ecológico com os valores da instituição, demonstrando para a sociedade e o ambiente acadêmico a importância de respeitar o uso de recursos naturais”, explica a professora.

A data prevista da entrega do novo prédio da UFPR é em dezembro de 2012, com soluções que reduzem 25% o uso de energia e 60% nos gastos com iluminação, quando comparados com um edifício padrão do mesmo porte. Outro diferencial é o tratamento e reutilização de todo o efluente sanitário, destinado para a irrigação de plantas posicionadas para conter o fluxo de água em enxurradas, uma diminuição de 38% da água pluvial que vai para a rede de captação.

Até mesmo durante o processo de construção, medidas como a instalação de um lava rodas no canteiro de obra nara não sujar ruas da vizinhança foram tomadas. Ela também conta com uma equipe em tempo integral que faz a gestão de resíduos, responsável pela triagem, logística interna, manutenção das baias em que o lixo será armazenado, organização e limpeza.

Entre as principais soluções voltadas à sustentabilidade propostas no projeto estão:

A criação de um layout interno modular, permitindo que mesas e bancadas sejam realocadas pelos próprios usuários, sem a necessidade de novas obras;
O aproveitamento da energia solar para aquecimento de água e para a produção de água destilada;

O aproveitamento das águas pluviais por meio de reservatório de captação;
A utilização de madeiras de reflorestamento, materiais e insumos renováveis e reciclados;

A instalação de telhado verde modular sobre a cobertura, aumentando o isolamento térmico e colaborando para a redução no consumo de energia;
Um projeto paisagístico “funcional”, voltado a auxiliar na correta gestão e aproveitamento da água pluvial;

O uso de sistemas de automação nos projetos de iluminação, climatização, segurança e comunicação, permitindo uma gestão integrada e inteligente dos sistemas para reduzir o consumo de energia elétrica;

A coleta e separação de resíduos gerados na operação de todo o edifício, especialmente nos laboratórios;

A preservação e valorização da paisagem, possibilitando o mínimo impacto ambiental sobre o entorno;

A orientação, com a implantação dos laboratórios de forma a otimizar o conforto térmico e a iluminação natural;

A criação de um grupo interno de implantação e monitoramento de práticas sustentáveis;

A disposição dos laboratórios em um único pavimento, sobre pilotis, que colaborará para:

- um maior isolamento térmico do edifício;
- o uso de iluminação e ventilação naturais, gerando economia de energia elétrica e reduzindo riscos de contaminação;
- a preservação e cobertura das áreas de estacionamento;
- a possibilidade de intervir nas instalações dos laboratórios sem interrupção da rotina laboratorial ou riscos de contaminação.

Sobre o novo LIGH

Parte do departamento de Genética da Federal do Paraná, o novo prédio permitirá a integração do Laboratório de Citogenética Humana e Oncogenética ao Laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade da UFPR – entidade que, há mais de 10 anos atua como unidade laboratorial credenciada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, colaborando com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) no atendimento à demanda da comunidade na realização de exames destinados aos transplantes. 

A nova estrutura apoiará também a integração e consolidação de outras áreas do Departamento de Genética da Universidade, como Genética Forense, Genômica e Bioinformática. Além disso, o edifício abrigará também o Memorial Newton Freire-Maia, um espaço reservado à divulgação da ciência, cultura e educação.

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