O mundo esperava de Copenhague um acordo justo, ambicioso e com força de lei, para que pudesse começar a ser implementado imediatamente. Para o WWF-Brasil, saímos de lá sem nada disso. O acordo de Copenhague não é ambicioso e nem legalmente vinculante.
Após o enorme fiasco, o WWF-Brasil espera, para 2010, um processo claro e transparente de consulta a todas as partes envolvidas, de forma as discussões evoluam e se possa dar a resposta que a ciência indica como necessária para manter o aquecimento global em 2oC, como a sociedade espera de seus líderes.
Somente assim será possível salvar o processo multilateral de um julgamento completamente negativo pelos povos de todo o mundo. Para isto, é necessário que todos queiram chegar a um acordo, mas, por enquanto, sequer isto está assegurado.
E não houve falta de tempo. Mas, sim, de vontade política e mandato claro aos negociadores para se chegar a um acordo. Para o WWF-Brasil, o fim melancólico da Conferência representa uma imensa oportunidade desperdiçada, após quatro anos de conversas iniciadas a partir da COP-11, que criou os grupos de trabalho sobre diálogo de longo prazo, no âmbito da Convenção, e sobre o diálogo de novas metas para os países do Anexo I, no âmbito do Protocolo de Quioto.
Desperdiçaram-se, ainda, dois anos de negociação com mandato claro, ou Plano de Ação de Bali – acordado em 2007 na COP-13. Este plano definia um mandato de negociação sobre diferentes temas. No âmbito do Protocolo de Quioto, metas para os países desenvolvidos no pós-2012. Para a Convenção, uma visão compartilhada, meta para os países do Anexo I não signatários de Quioto (Estados Unidos), ações para países em desenvolvimento, financiamento de mitigação e adaptação nos países em desenvolvimento, capacitação, transferência de tecnologia REDD etc.
Acordo pífio -- Ao final, redigiu-se um acordo de última hora, discutido às pressas, apenas para tentar salvar uma reunião que reuniu mais de 100 chefes de estado de uma situação, no mínimo, muito embaraçosa. O acordo redigido foi pífio, sem apoio de todos os países e a franca oposição de alguns, o que impede que o documento seja transformado em decisão efetiva da Conferência e que, portanto, possa ser implementado seguindo as regras da própria Convenção.
Num dos poucos e ainda tímidos avanços observados durante a Conferência – a definição de recursos para investimento de curto prazo e a indicação de recursos de US$ 100 bilhões até 2020 –, faltou clareza sobre quem contribui, com quanto, fontes de recursos e metas.
Quanto ao Brasil, o contundente discurso do presidente Lula no dia 18 da Conferência não foi suficiente para liderar rumo a um acordo robusto nem quebrar a oposição de muitos países que parecem não querer chegar a lugar algum.
O olhar no amanhã -- Na opinião do WWF-Brasil, todos os países têm o dever de trazer o diálogo de clima de volta aos trilhos da responsabilidade. Hoje, o futuro do clima do Planeta não está livre das conseqüências mais severas das mudanças climáticas.
Milhares de pessoas estão expostas às consequências do aquecimento global, milhares perdem suas casas, seus bens e até mesmo suas vidas a cada ano, em consequência de secas, tempestades, enchentes. Na COP-15, ninguém pode dizer que fez o suficiente. Nem mesmo o Brasil.
Em 2010, será inaceitável um novo fracasso. É preciso um processo claro, transparente de diálogo e consultas ao longo do ano no âmbito da Convenção. E com a meta de chegarmos à COP-16 com um acordo detalhado e muito avançado para referendo na Conferência.
Não vamos conseguir reverter o julgamento negativo sobre os líderes mundiais na COP-15. Mas temos a chance de tomar as medidas necessárias para dar a resposta que nosso Planeta precisa.
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