Sustentabilidade é mais relevante para trabalhadores de países emergentes

A força de trabalho dos países em desenvolvimento aceita, ainda, propostas de salários mais baixos caso a empresa tenha políticas de sustentabilidade
Redação, Administradores.com

A Bain & Company, empresa global de consultoria de negócios, realizou estudo a respeito da sustentabilidade empresarial e levantou diversas diferenças regionais: em países emergentes, a sustentabilidade é mais importante aos entrevistados, pois questões como a poluição, segurança e trabalho infantil são mais evidentes. 


Nesses países, são as empresas que assumem o protagonismo da questão: 43% dos respondentes de países em desenvolvimento disseram que os funcionários têm uma influência considerável sobre compromissos de sustentabilidade da empresa, contra 25% em mercados desenvolvidos. 

Foram ouvidos cerca de 750 funcionários de diversas indústrias no Brasil, China, Índia, Alemanha, Reino Unido e os EUA.


A pesquisa mostra, ainda, uma mudança significativa de atitudes e decisões na carreira relativas à sustentabilidade. Mais no mundo em desenvolvimento do que em países avançados, os respondentes disseram que aceitaram salários mais baixos para trabalhar em uma empresa com espírito sustentável. Indústrias que não correspondem às crenças pessoais sobre sustentabilidade corporativa não são consideradas como uma opção de local de trabalho para 60% dos entrevistados que pertencem a países em desenvolvimento. 
Esse número é de somente 33% dos respondentes de economias avançadas.

No geral, cerca de dois terços dos entrevistados disseram que se preocupam mais com o assunto agora do que há três anos e quase a mesma quantidade de entrevistados disse que negócios sustentáveis são extremamente importantes para eles. O interesse na temática é maior em funcionários que estão na faixa dos 35 a 40 anos.

Os respondentes têm claramente grandes expectativas em relação às empresas. Quando perguntado qual grupo deve assumir a liderança em sustentabilidade, houve mais citação aos empregadores do que a outros termos como consumidores, colaboradores, governos ou todos juntos.

De acordo com o estudo, com a escassez de talentos em diversas indústrias, o pensamento dos funcionários sobre práticas de negócios sustentáveis faz as empresas levarem a questão mais a sério. 

Isso produz melhores resultados de negócios para aqueles que tomam atitudes em relação à temática. Articular uma ‘missão nobre’ para os colaboradores, que inclui a sustentabilidade, é um grande motivador para os funcionários e uma arma poderosa na guerra por talentos.

Entusiastas da sustentabilidade
Nos países avançados, a Bain & Company encontrou um segmento pequeno (mas crescente) do que foi chamado de "entusiastas da sustentabilidade”, ou seja, colaboradores que prestam muita atenção ao comportamento sustentável das empresas em que trabalham. 
Os entusiastas - que tendem a ser mais jovens do que a idade média dos entrevistados - veem a sustentabilidade como um fator importante na escolha de emprego e aceitam uma remuneração mais baixa para trabalhar em uma empresa cujas crenças sejam mais semelhantes às que acreditam.
Os entusiastas apontam para outra tendência: os funcionários estão, cada vez mais, moldando os esforços de sustentabilidade das empresas. Cerca de dois terços dos funcionários com menos de 30 anos, um terço dos funcionários com mais de 55 anos e três quartos dos entusiastas esperam ter um papel importante nas decisões sobre como suas empresas devem tratar o assunto da sustentabilidade. 

Partindo-se de respostas de cinco a 10 anos atrás, a maioria dos funcionários (e não apenas entusiastas) está se preocupando mais em garantir que as operações comerciais sejam sustentáveis do que se preocupam com atividades filantrópicas. Isso é coerente com a tendência de que as empresas estão mudando o foco de programas que “fazem o bem” para ações que relacionam a sustentabilidade com os processos essenciais como compras, produção e distribuição.

Engajamento e atração

Para as empresas de todos os setores e regiões geográficas, a pesquisa da Bain & Company reforça como as práticas sustentáveis tornaram-se um importante meio de atrair e motivar talentos. 

No entanto, muitas empresas estão perdendo a oportunidade de engajar seus funcionários, especialmente os “entusiastas”, a pleno potencial. Apenas um terço dos respondentes da pesquisa disse que as empresas para as quais trabalham são líderes que incorporaram práticas sustentáveis, com um quinto dizendo que suas empresas têm feito pouco ou nenhum esforço nesta área.


As atitudes dos funcionários mudaram, em parte, devido a uma maior consciência sobre o papel das empresas na aplicação de habilidades e conhecimentos dos funcionários para incorporar a sustentabilidade em toda a organização. 

Nos últimos anos, as empresas com visão de futuro têm funcionários cada vez mais envolvidos na concepção e implementação de seus programas de sustentabilidade.

Lição dos líderes

Quando bem geridos, os programas de sustentabilidade não só melhoram os resultados financeiros, mas também geram maior lealdade e engajamento do colaborador. O estudo levanta que as empresas líderes estimulam seus colaboradores a colocar a sustentabilidade no cerne da empresa. Ao invés de encorajar as pessoas a realizarem um trabalho tradicional e se voluntariarem a trabalhos filantrópicos, as líderes fazem da sustentabilidade uma parte essencial do trabalho.

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