O retrofit pode transformar prédios velhos e gastões em edificações verdes e eficientes. Quem sai ganhando são os condôminos e o planeta
Lygia Haydée, de
O Empire State Building, em Nova York, é um exemplo notável de bom uso do retrofit,
ao trazer revitalização aliada a muita economia nos gastos
São Paulo – Já ouviu falar em retrofit verde? Este movimento, hoje tendência mundial, é uma técnica que consiste na adaptação e na melhoria de edificações já existentes, aproveitando sua parte estrutural para transformá-la por dentro. É um caminho mais rápido para queedifícios antigos e clássicos atinjam um padrão sustentável em comparação à construção de um novo projeto. O processo traz ganhos em 5 áreas (veja-as ao final).
A tendência ganha mais espaço a cada dia. Nos Estados Unidos, o mercado da construção sustentável saiu dos míseros U$ 10 bilhões em 2005 para atingir U$ 236 bilhões atualmente. O exemplo de maior destaque é o Empire State Building.
Os americanos não agiram apenas por preocupação ambiental: como resultado, houve uma redução de 38% com os gastos de energia de um dos prédios mais conhecidos de Nova York, com a expectativa de economia de US$ 4,4 milhões de dólares por ano.
No Brasil, o exemplo com maior repercussão é a reforma do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Visando a Copa do Mundo 2014, o local conta hoje com placas de energia solar que garantem uma redução de 25% da energia consumida. Melhor: o novo Maracanã reusou boa parte de sua estrutura antiga, um dos preceitos do retrofit.
Benefícios
Existe, primeiro, a questão ambiental. “No Brasil, os edifícios respondem por cerca de 45% do consumo anual de energia de todo o país, por 22% da emissão de CO2 e por 21% do consumo de água potável”, diz Manoel Gameiro, diretor comercial e de produtos aplicados da Trane para América Latina.
E há a economia direta no bolso: com a técnica, o uso de energia diminui cerca de 30% e o de água cai pela metade. É, ainda, uma boa solução comercial, já que pode aumentar em até 10% os valores para venda e locação de empreendimentos.
Acima de tudo, é preciso levar em conta que há uma demanda crescente por novas construções nas grandes cidades sem que haja espaço para tantos novos projetos.
O investimento, é verdade, não é dos mais baratos. “Mas, apesar disso, ele se paga em um curto espaço de tempo”, diz Walter Serer, diretor geral de Soluções Climáticas da Trane Brasil. Dados mostram que a redução dos custos operacionais durante um ano chega a 8%.
O retrofit verde pressupõe que qualquer tipo de atualização em um edifício que já exista pode ajudar na melhora do seu desempenho energético e ambiental. Veja o que pode ser feito:
1) Iluminação
Com o apagão de 2001, as pessoas ficaram mais atentas ao assunto da economia de luz. “Creio que esse tenha sido um divisor de águas para que melhorias energéticas simples pudessem ser feitas em todos os tipos de prédio, principalmente nos residenciais”, diz Serer. Aqui, as possibilidade são a substituição de lâmpadas antigas por equipamentos mais modernos, como lâmpadas de led, sensores de movimento, películas protetoras para diminuição da luz e temperatura do ambiente.
2) Conservação da água
Como este é um dos pontos que causa maior gasto desnecessário nas edificações, é importante haver investimento em equipamentos para redução do fluxo de água, reaproveitando a água da chuva, juntamente com o controle e medição do consumo através da aplicação de medidores. Outra solução é recolher a água das pias de banheiro e da cozinha também para reuso. Elas são levadas a uma pequena estação de tratamento e guardadas em um reservatório para posterior uso em uma tubulação exclusiva para os vasos sanitários.
3) Climatização
As estratégias típicas para melhorar a climatização do ambiente incluem um estudo térmico do edifício para determinar as cargas térmicas de aquecimento e arrefecimento ainda na fase de concepção do projeto. “Para ter êxito, é importante que haja a substituição de equipamentos primários por sistemas mais eficientes e bem dimensionados de acordo com as necessidades do espaço. Isso traz a otimização das unidades terminais, ajuda no balanceamento de aquecimento e na refrigeração dos espaços”, diz Gilbert Simionato, consultor de novos negócios da Empresa Verde Consultoria em Sustentabilidade.
4) Fachada
Aqui é recomendável o uso de vidros espelhados que mantêm a temperatura interna nos dias mais quentes. Para isso, no entanto, é preciso prever mecanismos que permitam a abertura das janelas em determinadas horas do dia, aproveitando, também, a ventilação natural. “Vigas refrigeradas e a aplicação de sistemas de sombreamento controlados por computador também são ótimas alternativas”, explica Simionato.
5) Eficiência energética
Esse é um dos principais focos do retrofit verde. Foi, inclusive, alvo de importantes discussões mundiais, tendo como resultado o pacote ambiental do governo de Barack Obama, que destinou US$ 20 bilhões para o assunto.
Algumas soluções bastante eficientes já tem surgido no mercado brasileiro. “Sabemos que um prédio, ao longo de 50 anos de existência, gasta 15% do orçamento no projeto e na construção e 85% com reformas e manutenção”, conta Gameiro.
Por isso, a preocupação em fazer com que os produtos tragam eficiência energética ao empreendimento sem dar dores de cabeça. Para tanto, as máquinas usadas pelas empresas da área contam com dispositivos eletrônicos que reúnem dados de como estão as variações de pressão, temperatura e quantidade de óleo usado.
“Com isso, o cliente pode avaliar o que deve ser alterado para que continue com a mesma performance sem consumir mais”, finaliza Gameiro.
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