Produtores temem que as sementes geneticamente modificadas ocupem muito espaço no mercado internacional, afetando a oferta do grão tradicional
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embapa) vai lança nesta terça, dia 9, o programa Soja Livre, que pretende aumentar a variedade de sementes convencionais de soja. Os produtores temem que as sementes geneticamente modificadas ocupem muito espaço no mercado internacional, afetando a oferta da soja tradicional.
O secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Mato Grosso, Gilson Francisco da Silva, defendeu o programa, argumentando que a soja transgênica "é uma segurança estratégica, mas o desenvolvimento de variedades comuns também é, pois a oferta precisa ser mantida para a segurança do mercado".
Diversas entidades ligadas aos produtores participam do programa Soja Livre. Entre elas, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). O presidente da associação, Glauber Silveira da Silva, calcula que os primeiros resultados da iniciativa só deverão aparecer em dois ou três anos, pois envolvem pesquisas que demandam muito tempo. Enquanto isso, disse ele, o que já foi plantado até agora, em relação ao ano passado, sofreu redução por causa da estiagem prolongada. Ao mesmo tempo, houve queda de produtividade decorrente de doenças como a ferrugem da soja.
Enquanto o segmento se preocupa com o futuro, os agricultores enfrentam problemas pontuais, como o endividamento. Em pelo menos cinco municípios de Mato Grosso, produtores endividados estão sendo obrigados a devolver máquinas agrícolas porque não conseguem pagar o financiamento.
Enquanto o segmento se preocupa com o futuro, os agricultores enfrentam problemas pontuais, como o endividamento. Em pelo menos cinco municípios de Mato Grosso, produtores endividados estão sendo obrigados a devolver máquinas agrícolas porque não conseguem pagar o financiamento.
O secretário Gilson Francisco da Silva explicou que esses produtores compraram os equipamentos "quando o dólar estava num valor muito alto e ainda estão pagando prestações. A queda de preço das commodities agrícolas nos últimos anos agravou ainda mais a situação". Como exemplo, citou que a cotação atual do dólar fez com que uma máquina comprada por R$ 1 milhão há alguns anos, hoje não custe mais que R$ 400 mil.
Silva ressaltou, no entanto que o produtor "sempre conta com apoio oficial, especialmente em momentos de grande dificuldade na área da agricultura familiar", mas sugeriu que o governo estabeleça "uma diferença de tratamento, em nível regional, reduzindo taxas de juros e fazendo outros desencargos".
Para Gilson Francisco da Silva, o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional (CMN) "precisam ser menos conservadores em relação à diversidade regional do país. Os produtores ficam impedidos de fazer novos financiamentos enquanto não quitam os atuais e são empurrados para baixo, pois tem que se preocupar com as despesas de custeio de cada ano agrícola. Eles precisam de medidas de incentivo que também contrabalancem as deficiências de infraestrutura e logística, como o armazenamento".
A esperança dos matogrossenses, segundo o secretário, está na finalização das obras da Ferrovia Norte-Sul. Quando o trilho chegar ao município de Nova Mutum, por exemplo, haverá economia de duas semanas de transporte de navio, explicou. O escoamento de safras ficará também facilitado com a pavimentação da BR-163, reduzindo o percurso até os portos em mais de mil quilômetros.
AGÊNCIA BRASIL
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