Painéis do Talent Boost apontam necessidade de adequar os passos entre gerações para impulsionar o turismo


Todos os palestrantes que participaram do Talent Boost 
(fotos: Giulia Ebohon)

As principais lideranças do Turismo nacional e internacional se reuniram no dia (14) no evento Talent Boost, organizado pela primeira vez em São Paulo pelo Fórum Mundial de Turismo de Lucerna, com apoio da Universidade de São Paulo. 


Nesse sentido, Lars Sonderegger deu início a uma série de painéis tendo como tema: A importância do Gerenciamento de Talentos numa era confusa. 

De acordo com o CEO e Fundador da empresa Quantonomics, o mercado de modo geral esta passando por um momento de transformação. Se antes a hierarquia era a base de uma família, hoje a noção de aprendizado mútuo permeia todas as relações sociais. 

Da mesma forma, se antigamente os ambientes de trabalho eram centralizados e construídos na ideia de comando e controle, hoje esse modelo vem se demonstrando ultrapassado.


Lars Sonderegger CEO e Fundador da empresa Quantonomics

Atualmente um jovem talento quer, sobretudo, ter a flexibilidade de aprender e agir. "A ideia de que os resultados são mais importantes que as pessoas é antiga. Hoje, é necessário inspirar pessoas e motivá-las". 

De acordo com Sonderegger, mudar o modelo da antiga era é o que vai gerar oportunidades para o mercado. Em contrapartida, manter um modelo de gestão que não se adeque as mudanças atuais gera um profissional sem valores, estratégia e motivação. 

"O mundo está mudando e precisamos aprender a lidar com essas mudanças e com esses jovens que estão chegando no mercado. Pessoas são movidas por propósitos, é preciso engajar e inspirar um profissional. 

O vendedor de uma loja, se inspirado, vai saber que não está vendendo um produto, e sim auxiliando uma pessoa a se vestir de maneira apropriada", concluiu. 

Direcionando a questão para o mercado brasileiro, Aradhana Khowala, sócia-diretora da Bridge.Over Group, iniciou o segundo painel O calcanhar de Aquiles no crescimento do turismo, apontando que o Brasil precisa desenvolver uma nova estratégia de crescimento que não se baseie em exportações. 

A profissional levou à palestra dados que demonstram a estagnação do setor turístico no País. 

Ao passo que países da América Latina respondem pela maior fatia de turistas internacionais, o público europeu, que está viajando cada vez mais, é o que mais gera receita para o Brasil. 

“Europeus preferem ir para Ásia do que para o Brasil. 

Com tanto potencial turístico, com tantas possibilidades de coisas para se fazer, por que isso acontece?" 


Aradhana Khowala, sócia-diretora da Bridge.Over Group


Para Aradhana, quando consideramos viajar levamos em conta, além do destino, estrutura, segurança e recursos disponíveis. O desempenho de todos esses fatores é reflexo do investimento que se faz no setor. 

Conforme comenta a executiva, 86% das pessoas que conhecem o Brasil querem voltar e 99% das pessoas recomendam o País. A irregularidade entre a demanda e a capacidade foi atribuída a falta de investimento brasileiro na faculdade turística que possui, o que compromete completamente o crescimento do segmento. 

“O Brasil investe pouco em novos talentos, muitos jovens estão desempregados ao mesmo tempo em que o mercado pede profissionais, isso ocorre por causa da falta de capacitação. 

É necessário ajeitar a estrutura educacional do País, um profissional qualificado faz muita diferença, ainda mais na industria de hospitalidade”, finalizou.

Para abarcar a visão de um estudante de turismo, Xuanyi Wang e Jessica Latorre, estudantes da USP, salientaram como o mundo da academia e o mercado estão em descompasso, o mesmo sentido entre gerações. 

“Precisamos ter a liberdade de agir dentro da indústria de turismo”, apontou Jéssica. 

Para finalizar a série de debates, Alexandre Solleiro, CEO do BHG (Brazil Hospitality Group); Juerg-Herbet Baertschi, vice-presidente da Korn Ferry International, Magda Nassar, presidente da Braztoa, Mariana Adrigui, professora e pesquisadora da USP e Xuanyi Wang, estudante de Turismo da USP, compuseram um painel de discussão sobre alguns pontos apresentados pela moderadora Gioia Deucher, CEO da Swissnex Brasil.


Painel de discussão com representantes de diversas esferas do turismo


De acordo com Solleiro, o Brasil é um país que se vende sozinho, as pessoas são comunicadoras e só isso basta para promover um país. Justamente por isso fica evidente que a deficiência no setor é um desafio interno e que, abrir as portas para novos talentos pode ser a chave para mudanças. 

“As pessoas que nos gerenciam tem o poder de nos moldar para toda a nossa carreira. Se você teve um diretor excelente, você tem a ferramenta para ser assim também. Um hotel é tão bom, quanto as pessoas que trabalham nele”.

A rede BHG possui um programa de oito meses que possibilita a onze trainee conhecerem o funcionamento de cada departamento de um hotel. 

Para Baertschi, encontrar um profissional motivado não é questão de habilidade e sim achar a essência de cada um e enxergar onde ela pode ser melhor aplicada. “Se meu diretor me dá os passos para chegar a algum lugar eu não desenvolvo nada. Preciso de motivação e de liberdade para agir, e receber feedbacks em cima dessas ações”. 

“A academia, nesse sentido, oferece ao aluno uma visão mais ampla sobre o que é o turismo. Essa é, por agora, a geração mais criativa que tivemos, temos que entender o que ela tem a nos oferecer”, complementou Mariana. 

“Em turismo nós não temos planos de carreira. As coisas se inverteram, não são as empresas que vão dar alguma coisa para o profissional, a pergunta agora é “o que você tem para nos oferecer? Precisamos de pessoas novas para novos consumidores”, finalizou Magda. 

Ainda na programação, Gabriele Kull, fundadora e conselheira do Future Camp, apresentou a iniciativa de um empreendimento 100% sustentável para os presentes e contou com as falas de Rodolfo Oliveira, gerente de Qualidade e Sustentabilidade na Vert Hotéis, para salientar a importância de adotar um posicionamento de conservação ambiental. 


Serviço




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