São Carlos irá implantar Cidade da Energia

Agência Lexpetrolea 


 

Localizada a 231 quilômetros da capital paulista, a cidade de São Carlos recebeu no ano passado cerca de R$ 19,7 milhões para obras de infraestrutura do complexo Cidade da Energia, um empreendimento que pretende centralizar as iniciativas e pesquisas de desenvolvimento em energia renovável de todo o Brasil.
“Esse é um projeto estratégico para o País. Só neste ano nós deveremos ter um investimento de cerca de R$ 26 milhões para a implantação da Cidade”, afirmou o prefeito do município, Oswaldo Baptista Duarte Filho, o Oswaldo “Barba” (PT).
Em julho de 2010, um projeto de lei foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), concedendo a São Carlos o título de Capital Nacional da Tecnologia. Dois parques tecnológicos estaduais e duas unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) operam por lá, além da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e um campus da Universidade de São Paulo (USP).
É, também, o município com a maior densidade populacional de doutores no Brasil: de cada 170 habitantes, um completou doutorado. Condecorado com o prêmio Prefeito Inovador de 2009, o chefe administrativo de São Carlos falou ao DCI. Leia abaixo a entrevista com Oswaldo “Barba”, na qual ele traça o perfil socioeconômico da cidade.
DCI: Dê, por favor, o perfil econômico do município.
Oswaldo Baptista: A cidade de São Carlos tem um perfil muito especial, pela presença de duas grandes universidades públicas, que são a Universidade de São Paulo – um campus da USP – e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e também de alguns centros de pesquisa: nós temos duas Embrapas [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] aqui. O perfil é tecnológico, com empresas de alto valor agregado. Temos uma economia composta por empresas como, por exemplo, a fábrica de motores da Volkswagen; as oficinas de manutenção dos aviões da TAM, toda a parte de manutenção da empresa está aqui. Então nós temos empresas de grande porte e muitas de pequeno porte com alto valor agregado: produzem mercadorias com tecnologia incorporada. A cidade tem a maior quantidade de doutores por habitante – cerca de um doutor a cada 170 habitantes. A cidade respira tecnologia. E é uma cidade que também tem muitos eventos científicos e de negócios provocados principalmente pelas próprias universidades. Temos dois parques tecnológicos para acomodar empresas. São Carlos tem uma economia diversificada do ponto de vista das empresas; até alguns anos atrás, a cidade estava focada em empresas de exportação, mas hoje esse perfil está diversificado. Portanto, quando nós temos um segmento industrial com dificuldade, outros estão em expansão, compensando. A economia do município é estável.
DCI: A prefeitura promove iniciativas no sentido de atrair mais empresários, novas empresas?
Oswaldo Baptista: Sem dúvida. Fomos uma das primeiras cidades a ter uma Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável, que tem a missão de fazer prospecção, de buscar empresas para que elas se instalem aqui. Nós temos feito isso. O grande atrativo da cidade de São Carlos são os seus indicadores. Hoje em dia, uma empresa procura um local onde se tem mão de obra diversificada, qualidade de vida, respeito ao meio ambiente. São Carlos tem esse perfil. Nós ganhamos recentemente o título de Prefeito Inovador porque procuramos modernizar a administração pública. Esses atrativos são importantes para uma empresa. Somado ao contingente de mão de obra altamente qualificada das nossas universidades, isso tudo vem atraindo empresas. Além disso, São Carlos já pode ser considerada o segundo polo aeronáutico do Brasil.
DCI: Em 2010, houve a entrada expressiva de novas empresas?
Oswaldo Baptista: Em 2010, nós trabalhamos bastante para atrair empresários, e isso vai começar a se concretizar neste ano. Nós temos várias empresas que deverão se instalar no primeiro semestre de 2011. Para se ter uma ideia, no ano passado, houve um saldo positivo de 1.770 empregos – dos postos que foram extintos, comparados aos que foram criados. Na região central do estado, é a cidade que mais gerou empregos em 2010.
DCI: Falando em orçamento e contas públicas, qual é a relação entre o custeio da máquina pública e os novos investimentos em São Carlos?
Oswaldo Baptista: Nós temos buscado bastantes recursos externos para investir na cidade. Para o orçamento de 2011, estão previstos R$ 95 milhões em receitas de capital. Estamos montando a Cidade da Energia Limpa e Renovável, que vai ser um local de exposição permanente de toda a tecnologia de energia renovável e limpa que o Brasil desenvolve. Isso é um projeto estratégico para o País. Neste ano nós deveremos ter um investimento de cerca de R$ 26 milhões para a implantação da Cidade. Outros investimentos nós estamos trabalhando, a fim de criar as condições para a cidade sediar novas empresas.
DCI: De quanto foi o orçamento de 2010? Quanto foi efetivamente investido, sem servir ao custeio da máquina pública?
Oswaldo Baptista: O nosso orçamento no ano passado foi de R$ 537 milhões. De investimento, em 2010, ainda não há um número fechado: mais ou menos R$ 78 milhões, que era o que tínhamos previsto no orçamento. Se isso se concretizou integralmente, eu não posso afirmar, mas era o que havíamos previsto. Para 2011, estão previstos R$ 584 milhões.
DCI: Quais são as principais obras públicas da cidade?
Oswaldo Baptista: Nós estamos construindo um hospital-escola, que recebe investimento de R$ 60 milhões; um centro olímpico; 4.100 casas populares para dois anos; entregamos recentemente uma unidade de pronto atendimento; conquistamos uma obra grande de transposição da linha férrea, algo em torno de R$ 10 milhões, com o Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes]. A Cidade da Energia, que nós estamos começando a implantar, com R$ 15 milhões. Estamos construindo oito escolas; as unidades de saúde estão sendo ampliadas… A Cidade da Energia e a conclusão do hospital-escola são importantes. Queremos também recuperar o pavimento da cidade, pois este é o grande problema que nós temos, um problema de todas as cidades. A pavimentação é quase universal em São Carlos, mas temos de fazer recapeamento. E vamos começar a implantação das obras do PAC 2 [Projeto de Aceleração do Crescimento], do qual conquistamos R$ 34 milhões para obras em saneamento básico, pavimentação de dois bairros de interesse social, e drenagem, além da construção de cinco unidades de saúde da família e uma praça do PAC, que é um centro para a juventude.
Fonte: Diário do Comércio e Serviços

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