LÂMPADAS INCANDESCENTES COM OS DIAS CONTADOS NO BRASIL




Parque ao lado do Castelo de Poppelsdorf que aparece ao fundo

Quando estive em Bonn, Alemanha (detalhes aqui e aqui), em junho do ano passado, no começo do verão europeu, chamou-me a atenção o quanto os moradores de lá cultuam o meio ambiente. O rio Reno, navegável e despoluído, é um orgulho para a cidade.
Fiquei hospedado num hotel no bairro Poppelsdorf, pertinho do Castelo de Poppelsdorf, onde fica o Horto Florestal, ao lado de um belíssimo parque.
No sábado de manhã,  enquanto fazia hora antes de pegar o trem para o aeroporto de Frankfurt, fiquei curtindo o dia ensolarado no parque e observando o comportamento das pessoas. Vi uma jovem alemã estendendo toalha no gramado do parque para aproveitar o sol e o clima de verão.




Muitas pessoas, de crianças a adultos de idade bem avançada, passando por casais de namorados, caminhavam pelo parque.  Alguns faziam exercícios físicos e alongamento. Outros jogavam uma pelada de futebol. E vi muita gente andando de bicicleta por toda a cidade plana e bastante favorável para esta prática saudável. Até senhores e senhoras de cabelos bem branquinhos, provavelmente com mais de 60 anos de idade, desfilavam de bike pelas ruas de Bonn e também pelo parque.



Senhora de cabelos branquinhos andando de bike no parque 

Mas, quando sentei num banco para melhor admirar o parque, chamou-me bastante a atenção à minha frente um postinho de iluminação pública com lâmpadas fluorescentes compactas!


Iluminação pública com lâmpadas fluorescentes compactas

As lâmpadas fluorescentes compactas são bem mais econômicas do que as tradicionais lâmpadas incandescentes que, para produzir luz, precisam antes de tudo aquecer. E aquecer significa, de cara, torrar energia elétrica na forma de calor. É o que chamamos na Física de Efeito Joule. E, como lâmpada não foi feita para esquentar e sim para acender, podemos dizer que esta energia dissipada na forma de calor e que jamais vai se transformar em luz significa desperdício. Mais um ponto para os alemães de Bonn: iluminação pública ecologicamente correta!
Lembrei disso hoje ao ler matéria do UOL Economia relatando que "conforme portaria interministerial de Minas e Energia, Ciência e Tecnologia e Indústria e Comércio, publicada no Diário Oficial da União, no Brasil, as tradicionais lâmpadas incandescentes estão com os dias contados (...)" e se " (...) entre 30 de junho de 2012 e 30 de junho de 2016 não aparecer uma nova tecnologia que torne as lâmpadas incandescentes mais eficientes, esse produto será banido do mercado".
Na Europa esta atitude já foi tomada antes de nós. Leia matéria (em português) da Deutsche Welle de agosto de 2009 que relata que os países da União Europeia deixarão gradativamente de usar e fabricar lâmpadas incandescentes até setembro de 2012, quatro anos antes do Brasil. Veja também matéria do UOL Ciência e Saúde sobre o mesmo assunto.
Para você ter uma ideia quantitativa da economia que uma lâmpada fluorescente compacta representa frente à uma equivalente incandescente, acompanhe o raciocínio logo abaixo.

Comparações: incandescente X fluorescente

I - Consumo X Fluxo luminoso

Incandescente (esquerda) e fluorescente (direita)

Antes de mais nada, quando você compra uma lâmpada, interessa saber a "voltagem" (ou d.d.p. = diferença de potencial) da rede em que ela será usada e também a sua potência. Por exemplo: U = 110 V / P = 60 W. Esta lâmpada deve ser ligada numa rede de 110V  da qual vai "sugar" 60W, ou seja, 60 J/s (60 joules de energia elétrica a cada segundo). Mas o problema é que nem toda essa energia elétrica consumida à taxa 60 J/s será transformada em energia luminosa. Na prática, o que interessa para o usuário é o quanto desta energia elétrica consumida a lâmpada consegue converter em luz, ou seja, qual o poder que a lâmpada tem de iluminar frente ao que ela consome.
Uma lâmpada tradicional incandescente, aquela que tem um filamento, uma espécie de "araminho" de tungstênio que superaquece para começar a emitir luz, desperdiça muita energia na forma de calor. Em outras palavras, "rouba" bastante energia elétrica da rede mas "entrega" proporcionalmente pouca energia luminosa. Já uma lâmpada fluorescente compacta, que produz luz a partir de um processo de excitação quântica e, portanto, não precisa "gastar" energia esquentar, "rouba" menos energia da rede elérica para "entregar" uma mesma quantidade de energia na forma de luz. Consequentemente, há uma economia de energia elétrica "gasta" em comparação com a energia luminosa "entregue". Dá para entender a ideia?
Para facilitar as contas, há uma relação de aproximadamente 1/4 nas potências quando comparamos lâmpadas fluorescentes compactas com incandescentes. Se pensarmos numa lâmpada incandescente de 110V / 60 W, como a citada acima, podemos substituí-la por outra fluorescente compacta de 110 V / 15W. Note que 15W = 60/4, ou seja, existe a relação 1/4 entre as potências como já afirmei. Isso quer dizer que ambas são ligada na mesma rede de 110V. Mas, enquanto a incandescente "gasta" 60 J/s de energia elétrica da rede para entregar um determinado fluxo luminoso, a fluorescente "gasta" apenas 15 J/s (um quarto) conseguindo entregar o mesmo fluxo luminoso, ou seja, tendo o mesmo poder de iluminar que a incandescente que assim mostra-se menos eficiente que a fluorescente.
Resumindo: a lâmpada incandescente gasta cerca de quatro vezes mais energia que uma fluorescente compacta equivalente, ou seja, para um mesmo poder de iluminação. E quem paga a energia gasta pela lâmpada é o consumidor, ou seja, você! E você também sabe que quanto mais usamos energia elétrica mais precisamos de usinas geradoras e, consequentemente, produzimos mais impacto ao meio ambiente. Com lâmpadas fluorescentes compactas você economiza no próprio bolso e também "economiza planeta". Certo?
II - Custo e vida útil das lâmpadas 
Uma lâmpada fluorescente compacta agrega componentes eletrônicos e, portanto, tem um custo bem maior do que uma incadenscente. No entanto, com a economia de energia ao longo do seu uso, este custo se paga e com sobra. Logo, vale a pena investir um pouco mais numa fluorescente compacta mas, a longo prazo, economizar na conta de energia elétrica ao final do mês.
Uma boa notícia é que, com o aquecimento do mercado, com maior produção de lâmpadas fluorescentes, o seu custo vem caindo, o que melhora ainda mais a relação custo/benefício para o usuário.
Outro dado importante é a durabilidade. Espera-se, em média, que uma lâmpada incandescente dure cerca de 1000 h. Uma fluorescente compacta dura, em média, o triplo, ou seja, 3000 h. Isso também ajuda bastante na relação custo/benefício. Mas uma enorme vantagem diferencial é que, por icorporar componentes eletrônicos, as fluorescente compactas vêm com garantia de fábrica. No ato da compra geralmente recebem um selo com a data. Se elas queimarem dentro do prazo da garantia, o fabricante se responsabiliza pela troca. Isso já aconteceu comigo e tive outra lâmpada novinha coberta pela garantia.  Uma lâmpada incandescente nunca teve nem terá garantia. Se ela queimar, especialmente com pouco uso, é prejuízo certo e imediato para o usuáro.
Resumindo: lâmpadas fluorescentes têm maior durabilidade e garantia do fabricante o que melhora ainda mais a relação custo/benefício
III - Cor e conforto visual 
As primeiras lâmpadas fluorescentes compactas do mercado emitiam luz branco-azulada que geravam desconforto visual. As incandescentes produzem uma luz mais amarelada que dá mais conforto vistual para o usuário. Por conta disso, muita gente, mesmo sabendo da ineficiência das lâmpadas incandescentes, continuava usando-as por uma questão de conforto.
Os fabricantes agiram rapidamente e já produzem lâmpadas com temperatura de cor variável. Este termo técnico refere-se à emissão de radiação eletromagnética na faixa do espectro visível (luz), do vermelho ao violeta, por um corpo aquecido.  Corpos a temperaturas menores produzem luz na porção inicial do espectro, ou seja, luz mais amarelada. Corpos mais quentes, com temperaturas mais altas, produzem luz na porção final o espectro, ou seja, luz mais azulada. 
Na hora de comprar uma lâmpada fluorescente compacta, fique atento no valor da temperatura de cor. Valores 2700 K e 3000 K correspondem à luz mais amarelada. Acima de 3500 K são lâmpadas que produzem luz mais azulada.
No meu apartamento só uso lâmpada fluorescentes. Na cozinha, área de serviço, banheiros e escritório uso lâmpadas com temperatura de cor em torno de 6400 K, ou seja, lâmpada de cor branca e mais azuladas.


Iluminação fluorescente no meu escritório: 6400 K

Nas salas de estar e jantar e também nos quartos uso lâmpadas com temperatura de cor mais baixa, em torno de 2700 K e, portanto, com luz mais confortável, mais amarelada, dando uma sensação de mais aconchego.


Iluminação fluorescente na sala de jantar: 2700 K

Resumindo: lâmpadas fluorescentes compactas podem emitir luz mais amarelada, parecida com a luz da lâmpada incandescente, ou mais azulada. Você escolhe o que prefere dependendo do uso que quer dar para a lâmpada. 
IV - Quando a lâmpada vira lixo
As lâmpadas fluorescentes não devem ser descartadas no lixo comum. Eles costumam trazer mercúrio no seu interior. E todos sabemos que mercúrio é perigoso para a saúde.
No entanto, é este mercúrio, na forma de vapor, que é excitado para emitir radiação eletromagnética ultravioleta que por sua vez vai excitar a camada de fósforo que cobre o bulbo da lâmpada internamente. É este fósforo excitado que fluoresce emitindo luz visível, a luz capaz de estimular as células nervosoas da retina dos nossos olhos e, portanto, com poder de iluminar os ambientes.    
Receita básica para comprar uma lâmpada fluorescente compacta


Os dados importantes estão escritos nas embalagens das lâmpadas

Vamos supor que você tenha em sua casa uma lâmpada incandescente de valores nominais 220V - 100W.
A lâmpada fluorecente compacta que a substitui sem perda no poder de iluminação deve ter a mesma "voltagem", ou seja, 220V. Mas apenas 1/4 da potência. Então, 100W/4 = 25W.
E você decide se quer uma lâmpada de luz mais azulada (temperatura de cor acima de 3500 K) ou prefere luz mais amarelada, mais parecida com aquela que é emitida pela lâmpada incandescente (temperatura de cor abaixo de 3000 K).
Todos estes dados vêm impressos na lâmpada e devem também estar destacados na embalagem do produto. É só ficar atento e fazer a compra certa, garantindo economia e conforto!

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