Entenda a Relação Entre Comércio Exterior e Meio Ambiente

As questões socioambientais são tão complexas e múltiplas que só nos conscientizamos da nossa compreensão superficial, à medida que nos aprofundamos na informação e entendemos a cadeia que move esta causa tão importante. 

Numa concepção simplista, a preservação do planeta dependeria apenas dos hábitos e atitudes de cada um de nós, começando dentro da nossa casa, percorrendo as ruas e lugares da nossa cidade e terminando no nosso ambiente de trabalho, onde os processos utilizados na fabricação e utilização de matérias-primas seriam “ecologicamente corretos” e o mundo estaria a salvo.Uma análise subliminar sobre um tema de tantas vertentes.

Foto: Internet
O comércio, sendo a mola propulsora da economia, exerce um papel fundamental nesse contexto. Para cumprir o seu objetivo, possibilita a negociação de bens e serviços nos mercados internos e externos dos países que formam a ordem econômica, social e política no planeta. 

O comércio, portanto, é um estimulador da produção que, por sua vez, impacta diretamente o meio ambiente. Então, se os Estados não cooperam entre si, promovendo desenvolvimento sustentável, os efeitos do crescimento econômico podem gerar degradação ambiental.

O tempo trouxe algumas elucidações. Antes, a proteção ao meio ambiente era vista como um freio para o desenvolvimento econômico, pelo fato de elevar os custos de produção. Hoje, pode representar oportunidade de acesso comercial e estímulo para os países em desenvolvimento buscarem sustentabilidade. 

Mas como toda moeda tem dois lados, o livre comércio pode submeter países subdesenvolvidos ao domínio de países ricos. Domínio não só comercial, mas, também, político, através da imposição de modelos que mais atendam os interesses econômicos desse monopólio.

O comercio exterior provoca o desequilíbrio entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Atraídas pela oferta de baixa mão-de-obra e legislação ambiental permissiva, grandes indústrias se instalam nesses países menos desenvolvidos, obtendo grandes lucros em detrimento de direitos trabalhistas e salários dignos. 

Desta forma, países pobres conquistam a inserção no comércio mundial, mas não têm poder de decisão, pois são subjugados a regras prontas. Ou seja: não há uma “livre competição”, mas uma submissão dissimulada.

Em contrapartida, o comércio exterior favorece o desenvolvimento sustentável do planeta, com a importação e exportação de novas tecnologias de baixo impacto ambiental, além de trazer melhorias na qualidade de vida das pessoas, na educação ambiental e na pesquisa agropecuária. 

Resta ao mundo direcionar esforços na busca do ponto de equilíbrio, com a minimização da desigualdade entre as nações. Assim, deixaremos um planeta melhor para as próximas gerações.

O peso da sustentabilidade na hora da compra

Fabián Echegaray*


O brasileiro dá sinais de que vem mudando os critérios nos momentos de compra.

O preço continua sendo o atributo de maior peso e as características dos produtos são menos decisivas; ao passo que a confiança na marca e o status de obter o produto ganharam força.

E quanto à atuação sustentável dos fabricantes: o seu uso como atributo decisório acompanha o aumento da saliência do tema na mídia?

Na verdade, não. Mesmo com a crescente exposição a informações e comunicações, o consumidor brasileiro continua considerando a atuação sustentável dos fabricantes como um atributo secundário. Secundário é igual a marginal?

Nem um pouco. Ele aparece, mas atrás das preocupações clássicas como preço e qualidade. E – para ser honesto – poderíamos realmente esperar algo diferente numa época marcada pela meteórica ascensão de milhões de brasileiros às classes médias e a facilidade com que se permite que satisfaçam sua voracidade de consumo (até ontem reprimida)?

De todas as formas, a culpa não pode estar sempre nos outros. E isso leva à pergunta: mas, então, o que as empresas que têm incorporado a sustentabilidade como princípio norteador da gestão podem fazer no sentido de alavancar a importância desse atributo nos processos decisórios de compra da demanda, ganhando margem competitiva sobre concorrentes que se mantêm com o business as usual?

Entender a sustentabilidade como um conjunto de valores e princípios implica considerá-la como associável à marca, à gestão, à produção, à qualidade dos produtos, enfim, às diversas dimensões de uma organização.

Considerando-se a evolução dos atributos de compra dos consumidores brasileiros, a aposta mais promissora seria a de agregar o valor sustentabilidade à marca como um todo, uma vez que o prestígio do fabricante tem se constituído em um atributo cada vez mais importante, saindo da terceira posição, em 2010, para a segunda, em 2012.

A mensagem latente parece passar por aproveitar a relação de confiança entre cliente e empresa para comunicar as vantagens sustentáveis de um produto ou serviço, de forma que fiquem claras e tangíveis aos públicos-alvo.

Assim, os consumidores poderão se munir desses critérios sustentáveis no momento da decisão. E não suspeitar que, ao fazer isso, estejam dando um salto no obscuro.

É importante ponderar que, embora o atributo “atuação sustentável” ainda esteja atrás dos demais, a sua importância é pouco questionada pelos consumidores: quando perguntados sobre quão importante é o compromisso socioambiental de uma empresa na eleição de um produto, 85% dos brasileiros declaram que ele é algo ou muito relevante. Quer dizer que temos um consumidor indeciso?

Antes disso, o contraste entre importância atribuída e o peso concreto que a sustentabilidade tem na hora da escolha descortina a pobre referenciação da atuação socioambiental das empresas de cara aos seus consumidores. 

Esse dado revela uma disposição tácita a aceitar propostas de valor que tragam destaque à performance sustentável, sem ter, por isso, de sacrificar o bolso pagando mais caro, resignar-se a uma expectativa de funcionamento diferente do produto ou abrir mão da sensação de garantia e reconhecimento individual que uma marca outorga ao indivíduo.

Por fim, o que hoje influencia mais no peso final conquistado pelo comportamento sustentável do fabricante como atributo de compra? As pesquisas permitem obter várias pistas, cada uma sensível a um segmento determinado da economia. 

Ao analisarmos os consumidores a partir do nível de informação sobre sustentabilidade empresarial, por exemplo, fica claro que, à medida que se tornam mais informados, menor é o peso do preço como atributo decisório e maior a importância da atuação sustentável.

Olhando com mais atenção, é possível notar que, para ambos os atributos, a diferença maior ocorre justamente na brecha entre os consumidores desinformados e os que estão pouco informados. Esse resultado revela que mesmo um baixo contato com a sustentabilidade das empresas já implica mudanças na forma de ponderar os critérios usados nos processos de compra.

As empresas que buscam atuar de modo responsável têm uma tarefa menos árdua em termos de esforço e mais desafiadora no que diz respeito à criatividade para conseguir atrelar o atributo sustentabilidade aos processos decisórios de compra. Ao menos no Brasil, essa importância é praticamente uma unanimidade e, à medida que o consumidor se sente mais munido de informações sobre a atuação das corporações, a desproporção do peso entre o preço e o comportamento socioambiental do fabricante diminui.

Trata-se de uma tarefa tão inventiva quanto estimulante para o interior das organizações: tornar a performance sustentável da empresa e seus produtos um tema mais legível e tangível para a demanda. E mais explícita em seu alinhamento com a proposta de valor da marca e a experiência de uso do produto pelo consumidor.

* Fabián Echegaray é Ph.D em Ciência Política pela Universidade de Connecticut (Estados Unidos) e diretor-geral da Market Analysis, instituto de pesquisas especializado em sustentabilidade e responsabilidade social.

(Ideia Sustentável)

Internautas navegam pela Amazônia

Atlas inclui principais atividades produtivas da região, empreendimentos de infraestrutura, áreas protegidas, clima e tipos de solo, entre outras informações.
Sophia Gebrim


Pesquisadores, estudantes e gestores públicos contam com uma ferramenta a mais para análises ambientais e territoriais na Amazônia Legal. 

Está disponível para consulta, a partir desta segunda-feira (30/07), o Atlas Interativo do Macrozoneamento Ecológico-Econômico (MacroZEE) da Amazônia Legal. 

O Atlas é um software interativo que permite ao usuário acessar as informações utilizadas na elaboração do MacroZEE da Amazônia Legal, selecionando e cruzando os dados de seu interesse, como as principais atividades produtivas da região, empreendimentos de infraestrutura, áreas protegidas, clima e tipos de solo, entre outras informações.

A ferramenta, que é gratuita, foi desenvolvida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e elaborada a partir do I3Geo (Interface Integrada para Internet de Ferramentas de Geoprocessamento). 

Possui interface com todo o catálogo de informações disponíveis no I3Geo do MMZ, de outros órgãos públicos e com os sistemas Google Maps e Google Earth.

INTERATIVIDADE

"É uma ferramenta interativa com grande potencial de utilização em trabalhos escolares, pesquisas acadêmicas e formulação de políticas públicas", explica o gerente de Zoneamento Ecológico-Econômico da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Bruno Abe Saber Miguel.

Ele detalha que, para auxiliar os usuários na utilização do Atlas, é possível acessar o próprio documento-base do MacroZEE da Amazônia Legal e, na aba "Ajuda" do Atlas, localizada no canto superior direito da página, existem tutoriais e manuais com instruções de passo a passo para as diversas funcionalidades da ferramenta.

Instrumento de planejamento concebido com o objetivo de assegurar a sustentabilidade do desenvolvimento da região, indicando estratégias produtivas e de gestão ambiental e territorial em conformidade com sua diversidade ecológica, econômica, cultural e social, o MacroZEE da Amazônia Legal foi elaborado em parceria com diversos ministérios e os estados da região, com ampla participação social e instituído pelo decreto federal nº 7.378/2010.

Por fim, o gerente aponta que, além da ferramenta complementar informações para elaboração de pesquisas, estudos e levantamentos, 

"a divulgação dos dados e informações que integram o MacroZEE da Amazônia Legal atende previsão contida no decreto que o institui e incorpora os princípios e diretrizes presentes na Lei de Acesso à Informação".

Conheça o Atlas Interativo do Macrozoneamento Ecológico-Econômico (MacroZEE) da Amazônia Legal:   www.mma.gov.br/atlaszeeamazonia

Jaime Lerner projeta complexo de 35 hectares no Triângulo Mineiro

Cidade das Águas é uma iniciativa do Governo de Minas Gerais em parceria com a Unesco
Aline Rocha

O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Ciências, Tecnologia e Ensino Superior, divulgou na semana passada o projeto da Cidade das Águas Unesco-Hidroex, feito pelo arquiteto Jaime Lerner. 



A cidade de 35 hectares será construída na região oeste de Frutal, no Triângulo Mineiro, e tem investimento de R$ 55,7 milhões.


Divulgação: Jaime Lerner
Cidade das águas deve ser concluída em 2014

O projeto consiste em um complexo educacional que abrigará a sede da HidroEX (Centro Internacional de Educação, Capacitação e Pesquisa Aplicada em Água), campus da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) em Frutal e alojamentos para professores e pesquisadores.

O complexo contará também com laboratórios, biblioteca, alojamento para estudantes, casa de hóspedes, Vila Olímpica e um Centro Cousteau, que abrigará uma exposição das pesquisas feitas pelo Comandante Cousteau pelos rios e mares do mundo, incluindo a expedição pela Amazônia.

Um Boulevard, definido pela construção dos edifícios da UEMG e da HidroEX, será o ponto de encontro da cidade, composto por quatro renques de árvores de médio porte e um fio d'água de 1,20 metros de largura. O local será destinado a pedestres e ciclistas. 

A implantação será feita em duas etapas: a primeira na área entre a avenida Prof. Mário Palmério e o arroio Aredio Santana e a segunda na área a ser adquirida, entre o córrego Aredio Santana e o Anel Viário. A cidade deve ser inaugurada em 2014 e a expectativa é que se torne um centro da Unesco e passe a ser propriedade da Organização das Nações Unidas (ONU).

Além do projeto da Cidade das Águas, o projeto de Jaime Lerner também traça as diretrizes básicas de estruturação do município de Frutal, com sugestões de paisagismo e para os sistemas viário, de transporte e iluminação, além de uma ciclovia que atravessará toda a cidade.

Divulgação: Jaime Lerner
Equipamentos do projeto
Divulgação: Jaime Lerner
Portal das águas e Praça da Cultura
Divulgação: Jaime Lerner
Praça da Cultura
Divulgação: Jaime Lerner
Boulevard e Biblioteca
Divulgação: Jaime Lerner
Escadarias e Fio Dágua
Divulgação: Jaime Lerner
Área de preservação permanente
Divulgação: Jaime Lerner
Fases de implantação
Fonte: www.piniweb.com.br
aU


Sustentabilidade vista pela indústria




Estudo inédito da CNI mostra que empresários consideram caro ser sustentável, mas reconhecem que isso gera vantagem competitiva

O mundo está de olho nas práticas sustentáveis das empresas. A ausência de ações dessa natureza pode colocar em risco a sobrevivência de uma indústria. 

Esta, aliás, é a opinião de 39% dos 60 executivos de grandes corporações brasileiras que foram entrevistados para a pesquisa “Os Desafios da Sustentabilidade da CNI”, realizada pela Confederação Nacional da Indústria, em parceria com o Instituto FSB Pesquisa e inspirada em um esforço semelhante coordenado pelas Nações Unidas, o Global Compact, que ouviu executivos de 10 países em 2010.

Focado em mensurar como a sustentabilidade está inserida na forma de pensar e fazer negócios, como tem sido os avanços dos últimos anos e quais os desafios e perspectivas para o futuro, o estudo da CNI mostra, ainda, que a sustentabilidade já ocupa um espaço relevante nas organizações. 

Entre os executivos ouvidos, 64% afirmam que esse é um tema tratado pela presidência, diretoria ou pela vice-presidência. Outros 18% apontam que o assunto já ocupa as gerências.

Segundo Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, o empresário tem clara noção de que a manutenção da empresa no médio e longo prazo só se dará de forma sustentável. 

Para Mônica Messenberg, diretora de Relações Institucionais da entidade, a indústria precisa de uma política forte de incentivo à inovação e à sustentabilidade, inclusive como forma de garantir condições de competitividade.

Quanto custa a mudança?

Mesmo sendo tratada pelo alto escalão das organizações, a sustentabilidade ainda é vista como gasto por muita gente – um grande erro, na visão de Luiz Eduardo Osório, vice-presidente de Desenvolvimento Sustentável e Assuntos Externos da Raizen. “Sustentabilidade é investimento que tem retorno”, afirma.

Ser sustentável, na avaliação de 69% dos executivos que responderam à pesquisa da CNI, representa custos adicionais. Para 30% dos entrevistados, essa é a principal barreira para adoção de ações voltadas à conservação. Outros 27% apontam que o maior desafio é a falta de uma cultura sustentável.

Embora especialistas do setor apontem a deficiência de políticas de incentivo à inovação e à sustentabilidade por parte de órgãos públicos e agentes reguladores, as práticas sustentáveis, para eles, garantem condições de competitividade e oportunidades. 

“Os consumidores têm buscado produtos que tenham a preocupação em termos de responsabilidade socioambiental. É um grande desafio oferecer um produto de qualidade, com diferencial e preços competitivos”, analisa Vanessa Vilela, CEO da Kapeh Cosméticos.

“É caro ser sustentável, mas vale a pena porque já percebemos que estamos sendo vistos de forma diferente no exterior e podemos adquirir melhor financiabilidade internacional ou podemos também ser prestadores de serviços nesses mercados, uma vez que a sustentabilidade é uma necessidade que encaramos como oportunidade”, diz o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo.

Os macrotemas da indústria

Durante a Rio+20, a CNI apresentou documentos inéditos sobre os avanços e as oportunidades de 16 setores da indústria nacional no caminho da sustentabilidade, apresentando oito macrotemas que merecem a atenção das indústrias: energia, gestão de resíduos sólidos, clima e emissões, saneamento, biodiversidade e florestas, tecnologia e inovação, inclusão social e educação, bem como melhores práticas de gestão e governança corporativa.

De acordo com a entidade, os obstáculos do ambiente doméstico para a agenda de desenvolvimento sustentável são:

• As distorções do sistema tributário brasileiro;
• Os elevados custos e as dificuldades de acesso ao crédito de longo prazo no Brasil;
• Os escassos instrumentos da política de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade;
• A instabilidade, inadequação e administração dos marcos regulatórios na área ambiental;
• A insuficiência e precariedade dos serviços de infraestrutura;
• A insuficiência dos investimentos em educação e em qualificação dos trabalhadores;
• A obsolescência da legislação do trabalho.

Fonte: Portal HSM

Sustentabilidade e o voluntariado individual




Wanda Engel diz que o papel das empresas no tripé da sustentabilidade é educar, incentivar e organizar ações socioambientais

Durante a Conferência Internacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, aconteceu o programa 

“Rio+20 e Você: O Futuro que Queremos no Universo do Desenvolvimento Sustentável”, em que foi discutido como a governança social pode ser encarada como um incentivo para reduzir a pobreza e melhorar a condição de vida.

Em entrevista exclusiva ao Portal HSM, Wanda Engel, superintendente executiva do Instituto Unibanco e presidente do Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial, comenta algumas lições da Rio + 20 e fala sobre o papel das empresas no desenvolvimento do tripé da sustentabilidade. 

Wanda foi convidada pela ONU para fazer parte da comissão julgadora do prêmio World Business and Development Awards (WBDA) e traz na bagagem o fato de ter sido a única brasileira a participar do primeiro encontro do Conselho Internacional de Liderança Feminina em Negócios, organizado por Hillary Clinton, Secretária de Estado dos Estados Unidos.

Quais foram os principais ensinamentos que a Rio+20 trouxe para os líderes empresariais brasileiros?

A partir desse importante evento, pudemos ter maior clareza e consciência de que a construção de uma nova postura empresarial exige desenvolvimento na área humana e capacitação do indivíduo para unir governo, sociedade civil e setor privado em uma nova consciência. 

Além disso, pudemos concluir que existe pouco saber sobre como o empresariado tem contribuído para o desenvolvimento sustentável. Entretanto, ter um evento como esse já representa um grande avanço. Para se ter uma ideia, na Rio 92 eram apenas governo e sociedade civil, mas agora está na arena o setor privado. 

E qual é o papel das empresas na melhoria do tripé da sustentabilidade?

Sempre será o de investir e impulsionar o voluntariado individual. As ações empresariais nada mais são do que o aperfeiçoamento de ações isoladas ou de grupos que tem em sua essência a solidariedade. 

Por isso é tão importante que cada corporação ofereça condições e subsídios, seja no âmbito de seus negócios ou não, que intensifiquem as ações desses grupos isolados.

É preciso entender que as empresas têm um poder transformador e possuem maior habilidade de organizar atitudes socioambientais com foco na causa específica e com maior aporte financeiro. Consequentemente, essas atividades tornam-se mais relevantes, ganham força e causam maior impacto.

Como melhorar o desenvolvimento econômico, social e ambiental de uma sociedade?

O voluntariado é um ativo importantíssimo no desenvolvimento sustentado e ter o homem na centralidade de ações que beneficiem esses aspectos da sociedade é fundamental. Por isso que uma nova postura e consciência empresarial só serão possíveis por meio da capacitação e da educação individual. 

Qualquer grupo humano tem a solidariedade incorporada em seus valores e as ações empresariais nada mais são do que um aperfeiçoamento do voluntariado individual. 

Embora ainda estejamos em um cenário amador, sem uma clara noção da importância de novas práticas empresariais, a última década foi representativa para se estudar novos caminhos. 

Algumas empresas têm compartilhado os caminhos que encontraram, associando-se no Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial. A entidade une cerca de 30 das maiores instituições que buscam intercambiar dúvidas, incertezas e avanços de suas ações.


Desafio: crescimento sustentável e contínuo

Especialista da KPMG Brasil comenta assunto que será abordado por Peter Schwartz no Fórum HSM Novas Fronteiras da Gestão 2012


Há muito tempo, estudiosos e a sociedade como um todo vêm debatendo as questões relacionadas ao desenvolvimento desenfreado, que se acentuou desde a Revolução Industrial, no século XVIII, e intensificou-se nas últimas décadas, por conta da necessidade das empresas de crescerem de forma sustentável e continuada, respeitando os limites do mundo natural e sob o crivo da sociedade. 

Não que o desenvolvimento deva ser colocado na cruz. Ele é, inclusive, um direito consagrado. 

Em 1986, a Organização das Nações Unidas (ONU) expressou que “o desenvolvimento é um direito humano inalienável, pelo qual toda pessoa humana e todos os povos estão habilitados a participar do desenvolvimento econômico, social, cultural e político, com ele contribuir e dele desfrutar, no qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais possam ser plenamente realizados”. 

Por outro lado, os avanços não podem acontecer sem levar em conta a proteção ao meio ambiente, o equilíbrio social e o uso responsável dos recursos naturais. 

Em 1992, a II Conferência das Nações Unidas para Desenvolvimento e Meio Ambiente, conhecida como ECO 92, já colocava o desenvolvimento sustentável como meta a ser buscada e respeitada a partir de uma maior consciência de todos. 

O tema foi novamente debatido na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho de 2012. Afinal, são cada vez mais gritantes as agravantes originadas do desenvolvimento desenfreado, como a limitação do abastecimento de água, a falta de saneamento básico, o crescimento populacional versus a geração de alimentos, a necessidade de maior eficiência energética, o uso do solo, além das questões de educação, saúde, segurança e qualidade de vida.

Os desafios de empresas e gestores

No mundo empresarial, o desafio que se apresenta é como crescer, nesse contexto, de forma sustentável e continuada. Entre as premissas e ações necessárias estão mudanças de gestão e adaptação às novas tecnologias. Nos dias 21 de 22 de agosto, essa temática será abordada no Fórum HSM Novas Fronteiras da Gestão, em São Paulo. 

Entre os palestrantes convidados, o consultor, futurista, estrategista, engenheiro e escritor Peter Schwartz analisará se o mundo natural tem condições de suportar que os mercados emergentes adotem os mesmos padrões de desenvolvimento dos países ricos.

Segundo Carlos Alberto Silva, gerente de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da KPMG Brasil, vários avanços têm sido concretizados no País, mas ainda há muito a ser feito. “Algumas empresas têm evoluído de forma consistente e têm grande potencial de inovação, mas o setor empresarial tem avançado, principalmente, em função de pressões regulatórias. 

O compromisso com a sociedade e com o consumidor vem sendo crescentemente inserido na pauta estratégica, mas ainda não é o polo principal das políticas de desenvolvimento. O consumidor, no futuro, será o grande indutor de mudanças, mas hoje ainda não o é”, explica.

Segundo o gerente, na Europa, principalmente, o nível de consciência é maior e o consumidor exerce uma pressão mais ativa. O que se percebe, cada vez com maior clareza, mundialmente, é que o nível de consumo atual não é sustentável. 

“O padrão de consumo atual é maléfico. Se persistir, poderá convergir para uma situação drástica. Isso tem que ser mudado. É um processo, mas que não muda do dia para a noite. As novas gerações estão mais conscientes”, analisa, reforçando que as empresas têm à disposição um arsenal de informações e instrumentos para mudar, sobretudo, o quadro do consumo de recursos naturais.

Eficiência energética

Silva salienta que há muitas ações sendo empreendidas, com ênfase essencialmente na redução de gases de efeito estufa (GEEs) e na busca da maior eficiência energética. O desenvolvimento de energias alternativas é um ponto que está em evidência, mas ainda em fase de estudos, embora seja uma questão de sobrevivência para alguns setores econômicos. 

A Conferência Rio+20, de acordo com o especialista da KPMG, foi um importante passo em direção ao desenvolvimento sustentável, mas é necessário, a partir de agora, definir e viabilizar metas. 

“O cenário de crise na Europa dificultou o avanço das propostas, mas a Rio+20 mostrou tendências interessantes e indicou que vários setores estão se mobilizando em busca de soluções”, conclui.



Os Jogos Olímpicos de Londres: estruturas permanentes e temporárias para sair da crise

Projetos de Zaha Hadid, Hopkins Architects, Make, George Hargreaves e Wilkinson Eyre Architects receberão o evento
Da redação de AU

Apesar de a abertura oficial ser nesta sexta-feira (27), Londres iniciou dia 25 os Jogos Olímpicos. É a terceira vez que a capital inglesa abriga o evento, que em 1908 foi o emblema de seu auge econômico, em 1948, símbolo da esperança e da recuperação pós-guerra, e neste ano está cercado pelo fantasma da crise econômica.


Parque Olímpico tem paisagismo assinado por George Hargreaves

Os Jogos Olímpicos têm a força de concentrar esforços e investimentos para alavancar a economia de uma cidade - ou criar grandes elefantes brancos, sem nenhum retorno à sociedade. 

Londres, este ano, apostou na reciclagem e no transitório para deixar seu legado. Investiu, por exemplo, na zona Leste da cidade, uma região menos próspera que o Centro, com o objetivo de regenerá-la. 

Esta zona - que inclui a região portuária - carece de moradias, parques, centros de educação, saúde e esportivos, e a expectativa de vida é cinco anos menor do que o lado oeste londrino.

Se muitas instalações serão efêmeras - apenas quatro edifícios irão permanecer após os Jogos: o Velódromo (Hopkins Architects, Téchne 166), o Centro Aquático (Zaha Hadid, AU 211), o Pavilhão de Handball (Make) e o Estádio Olímpico (Populous) -, há investimentos nessa região feitos para seu desenvolvimento. 

Retirou-se a fiação aérea, construíram-se novas plantas para energia sustentável, além de novas ruas, infraestrutura e o Parque Rainha Isabel, desenhado pelo paisagista George Hargreaves. Após os Jogos, os espaços vazios devem receber moradias, muitas de interesse social.

Dos quatro edifícios que devem permanecer, apenas o Velódromo não terá seu uso reduzido para atender à nova - e menor - demanda pós-Jogos. O centro aquático de Zaha Hadid, por exemplo, terá as duas caixas laterais retiradas, deixando-se ver melhor as linhas sinuosas da arquiteta, com a cobertura que, segundo Zaha, lembra os movimentos do nadador. 

O estádio foi construído para evoluir com o tempo. O sistema construtivo é leve e concebido para ser montado ou desmontado, de acordo com as necessidades. Assim, poderá acolher os 80 mil expectadores da cerimônia de abertura e depois chegar a um mínimo de 25 mil assentos. A cobertura foi resolvida de forma econômica: dois anéis, um de tração e um de compressão, tensionam uma cobertura têxtil autoportante.

A flexibilidade é o ponto crucial do pavilhão de handball, com sete mil lugares que, com seus 15,5 mil m2 e graças a um sistema de assentos removíveis, pode ser utilizado para outras partidas, como pentatlon (4,5 mil lugares) e futebol para cegos (seis mil). 

E se, por fora, parece um bloco hermético, por dentro destaca-se a luz natural vinda por 88 claraboias de 4,5 m de profundidade.

A maioria dos edifícios temporários possui peles sintéticas suportadas por pórticos desmontáveis de aço - o maior deles é o de basquete (Wilkinson Eyre Architects), uma caixa de 30 m de altura revestida de painéis de PVC brancos, com um jogo tridimensional que anima a fachada.

O escritório de arquitetura Populous, que assina o Estádio Olímpico, também foi responsável por várias estruturas temporárias distribuídas pela cidade, muitas vezes adaptando locais já existentes. 

É o caso da quadra de vôlei de praia, instalada no espaço de desfile da guarda, na área central, que também abriga cerimônias no dia da Rainha. Há ainda um espaço temporário para abrigar eventos equestres no Royal Greenwich Park, assentos temporários no Lord's Cricket Ground para receber competições de arco e flecha, além da construção de cinco arenas temporárias no centro de conferências Excel London, para eventos de boxe.

Os Jogos Olímpicos vão até o dia 12 de agosto.


Centro Aquático, por Zaha Hadid


Velódromo, por Hopkins Architects


Estádio Olímpico, por Populous


Pavilhão de Handball, por Make


Pavilhão de Basquete, por Wilkinson Eyre Architects


Quadra de vôlei de praia, por Populous

Fonte: Arquitetura 

Vídeo mostra o resultado de décadas de desmatamento na Amazônia




A Nasa comemorou nesta segunda-feira (23) o aniversário de 40 anos do projeto de visualização de imagens de satélites, e divulgou uma série de vídeos mostrando mudanças ocorridas nesse período. 

Um desses vídeos foi montado com imagens de floresta amazônica, mostrando a dinâmica do desmatamentonas últimas décadas.

O vídeo foi montado com imagens de satélites do desmatamento em Rondônia entre os anos de 1975 a 2012. 

As imagens mostram um padrão no desmatamento que os pesquisadores chamam de “espinha de peixe”. Esse padrão é causado principalmente por estradas. O desmatamento começa com a abertura de uma estrada principal no meio da floresta. 

A estrada estimula a chegada de fazendeiros na região, que abrem áreas para a produção e, posteriormente, estradas secundárias. Vista de cima, por satélite, a imagem se assemelha ao desenho de uma espinha de peixe.

Rondônia foi o terceiro Estado da Amazônia que mais desmatou no ano passado. 

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), o Estado perdeu 865 km² de florestas no ano, uma quantidade que só é menor do que o desmatado no Pará e em Mato Grosso. 


(Bruno Calixto)

Contribuição dos agentes polinizadores para a biodiversidade

Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – Por terem um papel crítico na conservação da biodiversidade e na agricultura, os agentes polinizadores são uma preocupação mundial. Sistematizar o conhecimento adquirido sobre o tema no Brasil, nos últimos anos, é o objetivo do livro Polinizadores no Brasil – Contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais, que será lançado nesta quinta-feira (26/07), durante o 10º Encontro sobre Abelhas de Ribeirão Preto, na cidade do interior paulista.

Resultado de Projeto Temático, livro que será lançado no 
dia 26 destaca preocupação com os polinizadores, cujo 
declínio tem consequências desastrosas tanto para a 
biodiversidade como para o agronegócio

Produzido pelo Grupo de Pesquisa de Serviços Ambientais do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), o livro é resultado de pesquisas que envolveram 85 pesquisadores de 36 instituições científicas, com a finalidade de conhecer a situação dos polinizadores do Brasil, seu impacto na agricultura, na biodiversidade e no agronegócio.

A publicação deriva de estudos apoiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Fundo Setorial do Agronegócio. 

Essas pesquisas, por sua vez, tiveram base nos resultados do Projeto Temático “Biodiversidade e uso sustentável de polinizadores, com ênfase em abelhas Meliponini”, coordenado por Vera Lucia Imperatriz Fonseca e realizado no âmbito do programa BIOTA-FAPESP.

Coordenadora do Grupo do IEA, Fonseca também liderou a organização do livro. Os outros organizadores e vice-coordenadores do grupo são Antonio Mauro Saraiva, da Escola Politécnica da USP, e Dora Ann Lange Canhos, do Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria). 

Fonseca atualmente é professora visitante sênior na Universidade Federal Rural do Semiárido.

“O Projeto Temático, encerrado em 2010, foi muito bem-sucedido e, além de possibilitar a formação de pessoal especializado, até hoje apresenta resultados na forma de publicações e teses. 

O livro é o primeiro documento em português que aborda o conhecimento atualizado sobre polinizadores no Brasil, tanto em áreas naturais como em agroecossistemas”, disse Fonseca àAgência FAPESP.

A qualidade da pesquisa realizada no Temático, segundo Fonseca, foi reconhecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ganhando uma menção honrosa da edição 2011 do Prêmio Capes de Tese Edição e duas indicações para a edição de 2012.

Segundo Fonseca, a preocupação mundial com os polinizadores tem aumentado, uma vez que o seu declínio tem consequências desastrosas tanto para a biodiversidade como para o agronegócio.

Os riscos de perda dos serviços de polinização são especialmente graves quando a agricultura é dependente de uma espécie de polinizador. “O livro está sendo publicado em um momento importante, no qual o desaparecimento das abelhas começa a ser notado também no Brasil”, disse Fonseca.

Segundo ela, o desaparecimento das abelhas foi detectado em 2007 no hemisfério Norte. Na América do Norte, a perda tem sido de 30% das colônias por ano, com necessidade de importação de abelhas para promover a polinização na agricultura. 

Na Comunidade Europeia, a perda também é expressiva e preocupante. No Brasil, os primeiros casos foram detectados em 2011.

“O livro tem o objetivo de apresentar o tema com foco no Brasil, mas com um resumo da situação global, incluindo uma proposta de estratégia de desenvolvimento da área para o Brasil”, disse Fonseca.

Ação humana

Segundo Fonseca, o livro não esgota o assunto, mas representa uma mobilização sem precedentes da comunidade brasileira de estudos sobre abelhas e polinizadores. 

“Além dos resultados das nossas pesquisas, o livro também tem o objetivo de formular uma política pública para polinizadores”, disse.

Temas como a importância da paisagem agrícola na manutenção dos serviços dos polinizadores e a necessidade de aumentar o número de coleções biológicas para o estudo da fauna de abelhas são alguns dos destaques do livro. A obra aborda também espécies invasoras e o efeito das ações antrópicas sobre a conservação e uso dos polinizadores.

“Outro destaque é a questão do desaparecimento das abelhas, que permeia todo o livro. O conhecimento começa a avançar nessa área e o livro mostra como esse desaparecimento pode ter ligação com alterações comportamentais humanas – como aumento do uso de pesticidas – e alterações climáticas que podem fragmentar populações desses animais”, explicou Fonseca.

A primeira parte do livro consiste em um estudo da conservação de biomas e as síndromes de polinização e polinizadores vertebrados, apresentando uma lista inédita desses agentes reunida por especialistas brasileiros.

“Nas partes subsequentes, temos uma série de artigos que tratam de polinizadores como besouros e mariposas, mas concentram-se nas abelhas, os polinizadores mais manejados para a agricultura”, disse Fonseca.

Os artigos tratam também de bases de dados de plantas e polinizadores, dos métodos de avaliação de biodiversidade, das coleções de polinizadores e informatização dos acervos, da construção de palinotecas (coleção de grãos de pólen) e sua importância para manejo de polinizadores.

“O livro apresenta ainda uma série de estudos de caso que utilizam a modelagem preditiva como método de comunicação com os tomadores de decisão, abordando eventos climáticos previstos pelo IPCC. Toda a parte de modelagem foi desenvolvida no Projeto Temático”, disse Fonseca. 

Polinizadores no Brasil – Contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais 
Organizadores: Vera Lucia Imperatriz Fonseca, Antonio Mauro Saraiva e Dora Ann Lange Canhos. 
Lançamento: 2012 
Preço: R$ 130 
Páginas: 488 

Coleta de lixo tóxico ainda é desafio para o Brasil

Descarte de lixo passível de liberar substâncias tóxicas ainda é um problema para o país, apesar de já haver legislação regulamentando o assunto

Mariana Branco, da Agência Brasil                                                       Wikimedia Commons
Pilhas
Cidadãos dispõem de poucos locais adequados para jogar fora pilhas e baterias


Brasília – O descarte de lixo passível de liberar substâncias tóxicas ainda é um problema para o país, apesar de já haver legislação regulamentando o assunto. 


De acordo com a Lei n°12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os fabricantes, importadores e revendedores de produtos que podem causar contaminação devem recolhê-los. 

Mas dois anos após a regra estar em vigor, os cidadãos dispõem de poucos locais adequados para jogar fora pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes e embalagens de óleo lubrificante e de agrotóxicos. 

A lei recomenda que haja acordos setoriais e termos de compromisso entre empresários e o Poder Público para implantar o sistema de devolução ao fabricante no país, prática conhecida como logística reversa. O primeiro passo nesse sentido foi dado apenas no final do ano passado.

Em novembro de 2011, o Ministério do Meio Ambiente publicou edital de chamamento para propostas referentes ao descarte de embalagens de óleo. No início deste mês, o órgão lançou mais dois editais: um diz respeito a lâmpadas fluorescentes e o outro a embalagens em geral. 

No caso das embalagens de óleo, as sugestões continuam sendo debatidas. Quanto aos outros dois editais, segue o prazo de 120 dias para que entidades representativas, fabricantes, importadores, comerciantes e distribuidores enviem propostas à pasta.

Enquanto não há um sistema estruturado para destinação de resíduos perigosos, os consumidores continuam fazendo o descarte junto com o lixo comum ou são obrigados a recorrer a iniciativas pontuais de organizações não governamentais (ONGs) e empresas para fazer a coisa certa.

“Alguns pontos comerciais se preocupam em fazer pequenos ecopontos para receber pilhas e baterias, mas é muito diminuto”, avalia João Zianesi Netto, vice-presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP). 

De acordo com Netto, houve um movimento da própria indústria no sentido de fazer o recolhimento antes de haver legislação específica, pois a maior parte dos produtos é reaproveitável e tem valor agregado. Mas, na opinião dele, a informação sobre como realizar a devolução não é satisfatoriamente repassada às pessoas. “Eu não estou vendo que estejam procurando instruir o cidadão”, 

A pesquisadora em meio ambiente Elaine Nolasco, professora da Universidade de Brasília (UnB), diz que as atitudes de logística reversa no Brasil são dispersas. “Está dependendo de algumas localidades. Geralmente são ONGs e cooperativas que têm esse tipo de iniciativa. 

Em alguns casos há participação do Poder Público, como no Projeto Cata-Treco, em Goiânia”, exemplifica ela, referindo-se a um programa da prefeitura daquela cidade em parceria com catadores de lixo.

O governo do Distrito Federal também instituiu um sistema para recolhimento de lixo com componentes perigosos. O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) disponibiliza 13 pontos para entrega de pilhas e baterias, espalhados por várias regiões administrativas do DF. 

A relação de endereços está disponível na página do órgão na internet.

Elaine Nolasco lembra que o risco trazido pelo descarte inadequado de pilhas, baterias e lâmpadas está relacionado aos metais pesados presentes na composição desses produtos – desde lítio até mercúrio. “Pode haver contaminação do solo e do lençol freático”, diz.

A Lei n° 12.305 estabelece, de forma genérica, que quem infringir as regras da Política Nacional de Resíduos Sólidos pode ser punido nos termos da Lei n° 9.605/1998, também conhecida como Lei de Crimes Ambientais. 

Assim, elas podem ser denunciadas às delegacias de meio ambiente das cidades ou ao Ministério Público.

Finlândia inicia a construção de bairro sustentável



O bairro residencial vai ser construído no município de Porvoo, não irá emitir CO2 e será energeticamente eficiente

Foto: DiárioNet 
SABRINA BEVILACQUA Especial da Finlândia para o Terra

O pequeno município de Porvoo, a 50 quilômetros de Helsinque, na Finlândia, quer se tornar a primeira cidade energeticamente eficiente e com residências sem emissões de gás carbônico. 

O primeiro bairro residencial desenvolvido com esse conceito já está em construção. A ideia é gerar qualidade de vida com baixo impacto ambiental, sem pesar no bolso dos moradores.

Segundo o chefe do Departamento de Planejamento urbano de Porvoo, Eero Löytönen, o bairro chamado Skaftkärr está sendo pensado para que os edifícios, serviços, tráfego e gestão de resíduos e abastecimento energético incluam critérios de sustentabilidade, eficiência e redução de emissões desde o projeto. 

O consumo de energia e as emissões de CO2 serão, respectivamente, 38% e 30% menores do que os de outros bairros. Mas o objetivo é zerar as emissões de CO2 das residências até 2020, quando todas as obras e serviços estarão concluídos.

Transformação - Em meio a charmosas casas de madeira e ruas irregulares, algumas construídas na Idade Média, novas e modernas residências estão sendo construídas. 

O primeiro lote terá apenas algumas casas e vai funcionar como piloto. Nessas residências, que ficarão prontas no fim do ano, serão feitos testes com diferentes tecnologias para ver o que funciona melhor e quais aspectos devem ser melhorados.

As casas novas terão estrutura mais resistente a baixas temperaturas, diminuindo a necessidade de aquecimento. Atualmente, 70% do aquecimento dos edifícios da cidade é produzido de maneira renovável. 

A meta é chegar a 2015 com 90%. "Por meio da produção e utilização de energia de maneira inteligente poderemos alcançar uma economia considerável no consumo, nas emissões e nos custos para os futuros moradores", afirma Löytönen.

Algumas medidas vão complementar a redução do consumo, como a conscientização da população. É o caso da instalação de instrumentos de medição de energia em cada casa do bairro. 

Os medidores vão permitir o monitoramento do consumo energético por residência em tempo real. Por meio do aparelho, as famílias poderão ver o que ocorre com o consumo da casa quando se liga uma máquina de lavar, por exemplo.

O projeto prevê ainda investimentos em ciclovias amplas e com rotas conectando as residências ao centro da cidade e aos principais serviços para incentivar a bicicleta como meio de transporte.

Para que os resultados finais correspondam ao esperado, Löytönen, ressalta a importância da participação da sociedade. "Estamos trabalhando com todos os atores locais para que não seja um processo isolado." 

Reuniões com a participação de autoridades, empresas de energia e sociedade civil ocorrem periodicamente para discutir o projeto. A intenção é promover, desde o princípio, integração entre quem vai coordenar, fornecer serviços e morar no local.

De acordo com Löytönen é possível consumir menos energia e gerar menos gases de efeito estufa se esses aspectos forem incluídos no planejamento urbano das cidades. "É uma questão de planejar os princípios do crescimento urbano", afirma Löytönen. 

Ele diz ainda que o modelo não foi feito exclusivamente para Porvoo, pois pode e deve ser adaptado para outras cidades.


Sabe quando sei que falta liderança sustentável numa empresa?

Neste artigo, o consultor Ricardo Voltolini divide com os leitores fatos observados no cotidiano das empresas que revelam os problemas decorrentes da ausência de liderança para a sustentabilidade



No final do ano passado, publiquei no Facebook uma série de posts levemente irônicos à qual dei o título de “Sabe quando sei que falta liderança sustentável numa empresa?” 

À época, como justificativa para as “pérolas” oferecidas aos fiéis, amigos e seguidores, confidenciei que elas nasceram de observações da minha prática de consultor, e que, até então, as havia compartilhado apenas com alunos de pós-graduação e clientes, no âmbito restrito de aulas, workshops e palestras. 

Com a proximidade do segundo encontro da Plataforma Liderança Sustentável, em 14 de agosto, muitos são os que têm me indagado sobre as razões pelas quais decidi focar meu trabalho em líderes de empresas. Costumo responder em duas partes. 

Na primeira, reforço o óbvio – que empresas têm enorme poder no mundo atual e que, se queremos fazer uma mudança para a sustentabilidade, não podemos ignorá-las. Na segunda, que embora não consigamos definir liderança, sabemos exatamente quais são os problemas originados por sua ausência ou escassez nas empresas. Isso vale – e muito – para a sustentabilidade.

Sei que falta liderança sustentável numa empresa, por exemplo, quando um diretor afirma a uma analista, com ar sério: “Para com esse negócio de sustentabilidade e vamos trabalhar um pouquinho, né?”

Quando o vice-presidente me diz, sem constrangimento, que sustentabilidade é importante, mas as medidas para garanti-la na gestão do negócio podem ficar para o ano que vem, pois a empresa não se encontra preparada para as mudanças necessárias. 

É certamente o que ele vai dizer no “ano que vem”, simplesmente porque não quer aceitar as responsabilidades – e os custos – da transição para um modelo mais sustentável de negócio.

Quando o presidente diz, sem receio de parecer arrogante, que sustentabilidade está no DNA da empresa desde que ela nasceu e que, portanto, ela não precisa fazer mais nada para ser sustentável. 

Esta é uma das frases que mais me provocam comichão. Pelo que tem de prepotente e ingênua ao mesmo tempo. Estrutura-se na falsa ideia de que um tema contemporâneo –como é a sustentabilidade, valor deste século 21 – já venha sendo praticado pela empresa há 50, 80 ou 100 anos.

Quando quem deveria tomar a decisão de mudança, transfere a responsabilidade a alguém em posição hierárquica inferior, normalmente a menina ou menino “da responsabilidade social”, um profissional júnior lotado num departamento meramente funcional, sem qualquer poder, que só vê o presidente uma vez ao ano, na festa de encerramento das atividades do ano. 

A diferença entre sustentabilidade para valer e sustentabilidade para constar está em quanto o tema encontra-se mais próximo de quem toma decisões. Com os anos de experiência, aprendi a identificar o estágio de sustentabilidade a partir do meu primeiro interlocutor. Mais próximo do poder, mais avançado. Mais longe, menos avançado.

Sei que falta liderança sustentável numa empresa quando o presidente cria um comitê de sustentabilidade e não aparece nem na primeira reunião para deixar claras suas crenças e expectativas. Este tipo de atitude, muito comum, revela dois problemas: 

(1)sustentabilidade não é um tema suficientemente importante para que eu, líder, invista meu tempo nele; 

(2) enquanto não tenho tempo para pensar em sustentabilidade, crio uma instância interna para fazer de conta que estamos preocupados com o tema. 

Uma pena. Comitês de sustentabilidade, quando bem liderados, podem ser extremamente úteis e efetivos. E existem os que são, felizmente.

Quando o presidente da empresa convence o marketing de que está na hora de botar sustentabilidade na imagem, mas se esquece de convencer os colaboradores de que ela deve estar na cultura? 

Lição aprendida nos últimos anos: primeiro a lição de casa, depois a comunicação. E a comunicação dever ser feita, antes de tudo, para os funcionários, colaboradores e parceiros. 

Se a empresa não consegue convencer os mais próximos de que se preocupa com a sustentabilidade, como espera persuadir os consumidores e a sociedade? As corporações que pularam essa lição, ainda hoje amargam arrependimentos.

Quando mesmo depois de ser apresentado, com detalhes, ao conceito de diversidade, o presidente continua achando que isso não tem nada a ver com a “lógica” da empresa! Este mesmo dirigente é o que precisa da “cola” de um assessor de imprensa para falar de sustentabilidade em uma entrevista para uma revista de negócio. 

O mesmo que diz em público que sustentabilidade está na “estratégia do negócio”, e no privado, reclama com os mais próximos que ela representa só custo e desvio de foco. 

O mesmíssimo que, diante de uma crise que aponta trabalho escravo na cadeia de valor de sua empresa, afirma não ter responsabilidade nenhuma pelo que acontece com empresas terceirizadas!

Sei que falta liderança sustentável numa empresa quando pergunto a um diretor se a empresa tem uma política de sustentabilidade integrada à estratégia de negócio e ele diz que sim, mas só fala de projetos pontuais, localizados, periféricos e… completamente descolados da estratégia de negócio na empresa.

Quando existe um discurso pródigo sobre inovação em sustentabilidade e, na prática, nenhum ambiente favorável que valorize as contribuições vindas das bordas, isto é, dos colaboradores, fornecedores, clientes e comunidades.

Quando sai um presidente e o seu substituto decide pisar no freio das iniciativas de sustentabilidade, colocando no freezer ações que vinham ajudando a criar uma cultura para o tema na corporação. 

Ah, é claro, ao tomar tais medidas, ele se apoia em argumentos velhos conhecidos de guerra, como “reduzir custos”, “resgatar o foco” e “concentrar energia no essencial.” Business as usual total, mas com um verniz verdinho!

Quando a alta direção decide concentrar o pensamento estratégico da sustentabilidade (isso mesmo, mas sem essas palavras, claro!) no marketing, abrindo mão de construir ações de transformação “da porta para dentro” em detrimento de um bom discurso “da porta para fora”!!!

Quando o principal dirigente diz – entre os mais próximos, claro – que sustentabilidade “custa caro” e que só vai investir em produtos sustentáveis quando o consumidor estiver disposto a “pagar o preço” ou quando o governo oferecer algum tipo de “incentivo”…

Quando o diretor de sustentabilidade apresenta, em público, com orgulho, a política de diversidade da empresa e, no privado (numa impressionante demonstração de falta de coerência entre o pensar e o agir), destila fel e preconceito contra mulheres, negros e homossexuais.

Quando a moça da responsabilidade socioambiental me sabatina antes de começar uma reunião com o presidente da empresa para me alertar sobre o que ele “gosta ou não gosta” de ouvir sobre sustentabilidade… e ainda me pede para que eu seja breve, não passe de 15 minutos, já ele não tem muita paciência para assuntos que não sejam “do negócio”.

Juro, amigos, vivi e vivo essas situações todos os dias. Espero que, ao dividi-las com vocês, entendam porque decidi trabalhar com liderança sustentável. Afinal, sabemos o que significa trabalhar numa empresa sem líderes com valores. 

E não me consta que estejamos felizes com isso.