Sustentabilidade vista pela indústria




Estudo inédito da CNI mostra que empresários consideram caro ser sustentável, mas reconhecem que isso gera vantagem competitiva

O mundo está de olho nas práticas sustentáveis das empresas. A ausência de ações dessa natureza pode colocar em risco a sobrevivência de uma indústria. 

Esta, aliás, é a opinião de 39% dos 60 executivos de grandes corporações brasileiras que foram entrevistados para a pesquisa “Os Desafios da Sustentabilidade da CNI”, realizada pela Confederação Nacional da Indústria, em parceria com o Instituto FSB Pesquisa e inspirada em um esforço semelhante coordenado pelas Nações Unidas, o Global Compact, que ouviu executivos de 10 países em 2010.

Focado em mensurar como a sustentabilidade está inserida na forma de pensar e fazer negócios, como tem sido os avanços dos últimos anos e quais os desafios e perspectivas para o futuro, o estudo da CNI mostra, ainda, que a sustentabilidade já ocupa um espaço relevante nas organizações. 

Entre os executivos ouvidos, 64% afirmam que esse é um tema tratado pela presidência, diretoria ou pela vice-presidência. Outros 18% apontam que o assunto já ocupa as gerências.

Segundo Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, o empresário tem clara noção de que a manutenção da empresa no médio e longo prazo só se dará de forma sustentável. 

Para Mônica Messenberg, diretora de Relações Institucionais da entidade, a indústria precisa de uma política forte de incentivo à inovação e à sustentabilidade, inclusive como forma de garantir condições de competitividade.

Quanto custa a mudança?

Mesmo sendo tratada pelo alto escalão das organizações, a sustentabilidade ainda é vista como gasto por muita gente – um grande erro, na visão de Luiz Eduardo Osório, vice-presidente de Desenvolvimento Sustentável e Assuntos Externos da Raizen. “Sustentabilidade é investimento que tem retorno”, afirma.

Ser sustentável, na avaliação de 69% dos executivos que responderam à pesquisa da CNI, representa custos adicionais. Para 30% dos entrevistados, essa é a principal barreira para adoção de ações voltadas à conservação. Outros 27% apontam que o maior desafio é a falta de uma cultura sustentável.

Embora especialistas do setor apontem a deficiência de políticas de incentivo à inovação e à sustentabilidade por parte de órgãos públicos e agentes reguladores, as práticas sustentáveis, para eles, garantem condições de competitividade e oportunidades. 

“Os consumidores têm buscado produtos que tenham a preocupação em termos de responsabilidade socioambiental. É um grande desafio oferecer um produto de qualidade, com diferencial e preços competitivos”, analisa Vanessa Vilela, CEO da Kapeh Cosméticos.

“É caro ser sustentável, mas vale a pena porque já percebemos que estamos sendo vistos de forma diferente no exterior e podemos adquirir melhor financiabilidade internacional ou podemos também ser prestadores de serviços nesses mercados, uma vez que a sustentabilidade é uma necessidade que encaramos como oportunidade”, diz o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo.

Os macrotemas da indústria

Durante a Rio+20, a CNI apresentou documentos inéditos sobre os avanços e as oportunidades de 16 setores da indústria nacional no caminho da sustentabilidade, apresentando oito macrotemas que merecem a atenção das indústrias: energia, gestão de resíduos sólidos, clima e emissões, saneamento, biodiversidade e florestas, tecnologia e inovação, inclusão social e educação, bem como melhores práticas de gestão e governança corporativa.

De acordo com a entidade, os obstáculos do ambiente doméstico para a agenda de desenvolvimento sustentável são:

• As distorções do sistema tributário brasileiro;
• Os elevados custos e as dificuldades de acesso ao crédito de longo prazo no Brasil;
• Os escassos instrumentos da política de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade;
• A instabilidade, inadequação e administração dos marcos regulatórios na área ambiental;
• A insuficiência e precariedade dos serviços de infraestrutura;
• A insuficiência dos investimentos em educação e em qualificação dos trabalhadores;
• A obsolescência da legislação do trabalho.

Fonte: Portal HSM

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