Indústria do setor de metalurgia, em Londrina, viu o valor pago pela energia elétrica mais que dobrar de janeiro a julho deste ano
A energia elétrica é o que move uma indústria e o que representa um de seus maiores custos.
Após dois aumentos nas tarifas de energia este ano no Paraná, as indústrias estão preocupadas com o seu consumo. O primeiro reajuste de tarifa, extraordinário, teve média de 36,79% em março, e o segundo, anual, de 15,32% em junho.
O setor industrial é o maior consumidor de energia elétrica. Segundo dados da Copel, ele representa 29% do consumo total. E, diferentemente do que está acontecendo no País, no Paraná a indústria vem aumentando o consumo nos últimos meses, afirma Margareth Pisetta de Almeida, gerente de estudos de mercado da Copel. Em julho, cresceu 4,5% em relação ao mesmo mês de 2014. "No Paraná, tem crescido por conta do setor de alimentos. O Paraná é um Estado bastante agrícola. Quando presenciamos uma crise econômica, um dos últimos setores a serem afetados é o alimentício."
Do setor de metalurgia, a indústria Torno e Solda Brasília, de Londrina, viu o seu valor pago pela energia elétrica mais que dobrar de janeiro a julho deste ano. Hoje, gasta mais de R$ 20 mil ao mês com energia. Preocupada com o impacto deste valor no orçamento, a sócia-proprietária Maria Alice Califani está em busca de ações que possam aumentar a eficiência energética da indústria. "Trabalhamos com maquinário pesado, de torno, corte a laser, dobra CNC. Não conseguimos repassar (o custo com energia) para o cliente, então temos que tirar do próprio bolso."
A eficiência energética foi tema ontem de palestra no Senai Londrina dentro da programação do Mundo Senai, evento que acontece ao mesmo tempo em todas as unidades da instituição com o objetivo de apresentar as oportunidades no mercado de trabalho do setor industrial e de formação profissional na instituição. O engenheiro eletricista e analista de negócios do Senai Londrina, Hélio Kayamori, explica que algumas medidas que podem ser aplicadas às indústrias são capazes de otimizar o consumo de energia elétrica, diminuindo assim os custos do processo industrial.
"A maior parte do consumo de energia da indústria – 70% - é de motores elétricos", afirma Kayamori. Por isso, uma das principais ações para a eficiência energética industrial é a modernização dos equipamentos com a troca de motores antigos por outros de maior rendimento e menos consumo de energia.
De acordo com o gerente da área de eficiência energética da Copel, Gustavo Klinguelfus, motores antigos, adquiridos nos anos 1970 ou 1980, por exemplo, têm rendimento muito abaixo do normal. A troca por outro de maior rendimento proporciona ganhos expressivos de economia, mesmo que o investimento nisso seja alto. "Apenas 5% do custo de um motor ao longo de usa vida útil se refere à aquisição do equipamento. Os demais 95% são a manutenção e o custo da energia elétrica."
O retorno do investimento, aponta Kayamori, é rápido: de seis meses a um ano. Outras ações, como o melhor aproveitamento da iluminação natural, o aperfeiçoamento do sistema de ar-condicionado e a busca por vazamentos em sistemas como o de ar comprimido também podem representar redução do desperdício e do consumo de energia. Para isso, a indústria precisa realizar um diagnóstico de seu processo produtivo, buscando oportunidades de economia. O próprio Senai pode auxiliar as indústrias a identificá-las, comenta Kayamori.
A eficiência nas indústrias também é de interesse do setor energético. "O maior ganho de eficiência significa postergar investimentos em geração, transmissão e distribuição de energia", explica Klinguelfus, da Copel. Por definição da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Copel mantém um programa com chamadas públicas anuais para projetos de eficiência energética. A última, realizada no mês passado, destinou R$ 6 milhões a indústrias que apresentaram propostas com este fim.
Mie Francine Chiba
Reportagem Local
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