Inaugurado em Cuiabá há cerca de três anos, o prédio do Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) reúne - como o próprio nome sugere - uma série de práticas ambientalmente corretas em sua construção, que inclui a valorização das culturas originárias, aproveitamento da luz natural e compostagem dos resíduos orgânicos, apenas para citar alguns itens.
Presente na capital do Mato Grosso para a cobertura do 4º Seminário Sebrae de Sustentabilidade, que começa nesta terça-feira, 29 de julho, o EcoD realizou uma visita ao prédio na tarde de segunda-feira (28).
O arquiteto responsável pelo projeto, José Afonso Portocarrero, e a gerente do CSS, Suenia Sousa, aproveitaram a ocasião para explicar mais detalhes do empreendimento sustentável.
"Na faculdade, em São Paulo, nunca tive aula sobre arquitetura indígena, o que me motivou a estudar esse tema mais tarde, já no Mato Grosso. Passado algum tempo, resolvi voltar a São Paulo para fazer meu doutorado, na USP, que teve foco em dez povos indígenas.
Quando fui convidado pelo Sebrae para projetar o CSS, vislumbrei uma oportunidade para botar meu estudo em prática", relembra Portocarrero.
De fato, a arquitetura do prédio do CSS remete a uma habitação indígena yawalapiti. Arcos ogivais sustentados por concreto armado coabitam com cobertura e parede formadas pelos mesmos materiais.
Ao padrão arquitetônico que valoriza a cultura local, foram acrescidos toques de modernidade, tecnologia e conforto.
Para o superintendente do Sebrae, é preciso mudar a lógica e ampliar os conhecimentos sobre sustentabilidade em todos os aspectos, especialmente sobre consumo de energia.
"Esse projeto representa a nossa terra", define o arquiteto, com entusiasmo. "O grande legado do Sebrae, com esse prédio, é dar vida a este desenho, que alia nossa cultura originária com a modernidade", completa Portocarrero.
Antes de idealizar o projeto, ele realizou uma série de visitas técnicas a tribos do Mato Grosso.
Sustentabilidade possível
Para Suenia Sousa, demonstrar a viabilidade das boas práticas aos micro e pequenos empresários é o grande desafio do CSS.
"Este centro surgiu como uma oportunidade de o Sistema Sebrae, que se articula em todos os estados, a juntar suas experiências no âmbito do desenvolvimento sustentável, na micro e pequena empresa. Resolvemos fazer algo que tornasse tangível a sustentabilidade, respeitando a cultura dos nossos povos ancestrais", destaca a gerente.
Com o intuito de difundir as novas tecnologias de energia, o Sebrae-MT está implantando uma mini-usina para a geração de energia fotovoltaica (solar) na sede em Cuiabá.
O projeto tem assessoria técnica da agência de implementação da cooperação alemã para o desenvolvimento Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e apoio indireto da Universidade de São Paulo (USP). Além de reduzir custos de energia, servirá também como unidade de demonstração para as empresas.
O sistema de placas fotovoltaicas, que irá gerar 150 KWP, será implantado no telhado do estacionamento interno e também no prédio da sede do Sebrae - a energia gerada atenderá metade da demanda.
“Esta é a primeira medida para fomentar o setor de geração de energia a partir de fontes alternativas em Mato Grosso”, destaca o líder da Unidade de Indústria do Sebrae-MT, José Valdir Santiago Júnior, acrescentando que o sistema é simples, porém funcional, podendo ser instalado em qualquer unidade consumidora.
“É um sistema que todas as MPEs podem aplicar e já existem empresas em Mato Grosso interessadas no assunto”.
Selos verdes
Dotado de soluções que visam redução de consumo tanto para iluminação, quanto para conforto térmico, o prédio do CSS conquistou a etiqueta Procel Edifica, concedido pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica e Instituto Nacional de Metrologia Normalização Qualidade Industrial (Inmetro).
Ao ser questionada se o prédio também não irá se candidatar ao selo Leed, concedido pela organização GBC, Suenia Sousa justifica que, em um primeiro momento, o CSS buscou as certificações nacionais que estão mais ao alcance dos pequenos e médios empresários, a fim de inspirá-los.
"Mas o selo Leed está nos nossos planos também", confidencia.
Para o superintendente do Sebrae, é preciso mudar a lógica e ampliar os conhecimentos sobre sustentabilidade em todos os aspectos, especialmente sobre consumo de energia.
Segundo ele, condomínios horizontais e verticais deveriam se preocupar em implantar sistemas alternativos de energia. “As construtoras precisam ver que um prédio sustentável aumenta inclusive seu valor de mercado”, alerta.
* O repórter viajou a convite do Centro Sebrae de Sustentabilidade.
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