Fontes de energia alternativa são o futuro dos data centers

Gestores de data centers têm uma regra dourada: não perturbar o fornecimento de energia elétrica. 
Por John Brandon, da Computerworld-EUA
Quase todas as instalações de data center usam alimentação de corrente alternada, o que pode ser excelente na hora de manter em funcionamento um PC doméstico, mas também é usada na alimentação de uma grosa de servidores.


Com um rápido crescimento na atividade, as previsões para o consumo dos atuais data centers são de um incremento na ordem de 100% nos próximos cinco anos. Cientes de tal realidade, várias empresas partem para fontes de energia alternativas. Entre essas tecnologias, podemos destacar: energia solar, turbinas alimentadas com gás natural, energia eólica, células de energia e energia hidrelétrica.
Por quê?
A motivação para tal adoção de fontes de energia é uma só: maior retorno sobre investimento (ROI).
Ainda assim, o cálculo para definir se o retorno financeiro para cada diferente projeto se dará em tempo hábil, é de complexidade razoável. “Esse cálculo vai decidir a viabilidade dos projetos”, diz o analista especialista em energia verde Ted Ritter, da Nemerts Research Group Inc.
Para Ritter, muitas organizações têm problemas em justificar o investimento em fontes de energia alternativas, pelo menos de imediato. O impasse aumenta quando a operação prevê a substituição completa da corrente alternada, entregue diretamente nas instalações. Outro raciocínio, necessário quando da avaliação em migrar de fornecimento elétrico, consiste em estabelecer planos e recursos que garantam a disponibilidade de energia – o que implica em investimento e em custos adicionais.
A pesquisa
As empresas que a Computerworld dos EUA entrevistou para o artigo a seguir figuravam entre as companhias mais importantes no que tange a energia verde e que contornaram várias questões no desenrolar dos projetos. Algumas dessas iniciativas têm projeção de gerar o retorno nos investimentos daqui há 15 anos.
Energia solar – Agência de governo do Estado da Califórnia
O departamento de transporte público da Califórnia, com sede em San Diego, optou pela modalidade solar para dar conta de sua demanda por fornecimento de energia elétrica. Por força da irregularidade na corrente de vento, a opção do energia eólica fora posta de lado. Com um data center de proporções consideradas pequenas/médias e voltados a atender 12 milhões de usuários de transporte público por ano, a principal atribuição é gerenciar o sistema de emissão de bilhetes e monitorar as câmeras de segurança instaladas em terminais e estações de meios públicos de transporte.
A CIO do departamento de trânsito, Angela Miller, diz que a organização percebeu a necessidade em adotar o sistema de energia alternativo por força do movimento pró-sustentabilidade. No total, o departamento investiu 600 mil dólares em 30 painéis solares, uma plataforma de virtualização para sistemas de armazenamento e novos sistemas de ventilação. Os painéis fornecem a energia elétrica que é revendida para o município em troca de energia elétrica em corrente alternada – o que torna a geração sustentável uma fonte de renda extra, já que existe superavites na produção.
Virtualização
Sobre a virtualização, Angela esclarece que “era crítico por uma série de motivos”. A nova constelação faz melhor aproveitamento do hardware disponível, torna a identificação de processos mais segura, e, finalmente, demanda menos mão de obra para ser administrada.
Angela alerta para um ponto importante na hora de avaliar a adoção de plataformas de virtualização. “Se a intenção for gerar economia, tenha pronta uma plataforma para realizar o benchmarking. Caso contrário, não irá passar de desperdício de recursos”.
Ressalvas
Ovacionada a atitude do departamento de Angela Miller, alguns analistas advertem que essa opção não é viável para todos os casos. É necessário prestar atenção no fato de um data center consumir entre 1000% e dez mil por cento mais energia por m² que um edifício corporativo ordinário. Tal circunstância eleva a necessidade por alta disponibilidade de luz solar para níveis sem precedentes. Ou seja, é alternativa para  DCs com sede em regiões áridas.
Imagem da companhia
O componente de marketing que mais interessa nessa estratégia é denotado pela presença física dos painéis solares – expostos aos olhos de todos. Tal mensagem tem excelente aceitação por parte das comunidades e expressa compromisso com questões de ordem ecológica. Virtualização é outra manobra inteligente, por consolidar mais instâncias em uma máquina.
Gás Natural – Universidade de Syracuse
A geração de energia ocorre ali mesmo, nas instalações da Universidade de Syracuse, nos EUA. Com base em um investimento da ordem de 12 milhões de dólares, a instituição implementou um data center alimentado por energia gerada por turbinas, que por sua vez exploram as propriedades do gás natural. O data center da universidade consome ½ megawatt. Outros 200 quilowatts são gerados para outras finalidades; entre essas, alimentar outros edifícios da instituição.
As turbinas alimentam duas centrais de resfriamento com capacidade de 150 toneladas. Elas condensam o ar quente e o devolvem em forma de água refrigerada para resfriar os servidores do data center. Durante o inverno, as centrais usam ar externo para controlar a temperatura dos sistemas, ao passo que enviam água quente como calefação dos edifícios adjacentes.
O sócio
O CIO da universidade, Cristopher Sedore, afirma ter avaliado diversos fatores no cálculo do ROI (retorno do investimento). Um parceiro importante na elaboração e execução do projeto foi a IBM, que encontra-se alocada em parte das instalações com laboratórios para monitoração do experimento.
O CIO se reservou o direito de não comentar sobre a participação financeira da IBM no custo do projeto ou a revelar qual é o ROI prospectado.
Células de energia no First National Bank de Omaha
Possivelmente, uma das tecnologias mais promissoras seja a de células de hidrogênio combustível. Sem produzir qualquer subproduto ou emitir gás prejudicial, empresas como a Verizon, a Whole nFoods e a Google adotaram esse modelo para dar conta da alimentação elétrica nas instalações.
Em 1999
Por ter aspectos que reduzem o escopo da aplicação de células de hidrogênio, nem todo data center é candidato a adotar tal solução. O que levou o First National Bank de Omaha, nos EUA a ,em 1999, construir um data center de 6.800 m², alimentado exclusivamente por células do combustível, foi a robustez do sistema. Com tamanho de quase um campo de futebol e quatro geradores de 200 kilowatts, qualquer queda no fornecimento pode ser corrigida com o emprego de um sistema UPS – ainda assim, essa possibilidade é remota.
Segundo a presidente do First National Buildings, ligado ao banco, Brenda Dooley, a indisponibilidade da alimentação não ultrapassa a casa dos dois ou três segundo por ano. A presidente explica que o data center é responsável por realizar as transações de cartão de crédito e que demanda por alta disponibilidade. Uma hora de queda de energia pode trazer prejuízos da ordem de 6 milhões de dólares.
A justificativa
Ciente dos altos custos associados à adoção de células de hidrogênio combustível – até 230% mais caro que alimentação por corrente alternada padrão – o banco apostou em estabilidade para dar conta dessa diferença no investimento.
“É uma modalidade de energia alternativa que não deve ser levada em consideração para data centers muito grandes”, explica o analista Ritter. “Mas, em longo prazo e usada em forma de fonte de energia suplementar, pode ser interessante”, completa.
Ao avaliar o emprego de células de H combustível, Ritter sugere que se calcule as médias de queda no fornecimento de energia tradicionais. Sobre o caso do First Natioonal Bank de Omaha, Ritter comenta que possivelmente a indisponibilidade de energia convencional deva ser bastante alta para convencer a instituição a pagar 12 centavos de dólar por quilowatt de energia quando o preço comum está na casa dos cinco centavos.
O futuro
Fontes de energia alternativas são o futuro para os data centers. Atualmente, Ritter não vê outra saída se os preços de energia convencional continuarem a subir. Seja solar, com gás natural, células de combustível ou outra tecnologia emergente – como o aproveitamento das marés – está claro que novas fontes terão papel fundamental no desenvolvimento dos data centers.

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