Tripé da sustentabilidade

Para ser sustentável, e portanto, duradoura, a ação precisa ser ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável
Flávio Amary 


Conceito relativamente novo, e portanto com pouco conhecimento histórico, a sustentabilidade tem ganho cada vez mais importância em todas as áreas e em todas as regiões do mundo. 

Embora o derretimento acelerado das calotas polares, as mudanças climáticas, a diminuição da camada de ozônio e o efeito estufa, entre outros desdobramentos, estejam afetando todo o globo, cada Estado ou sociedade reage de forma distinta. 

O tripé da sustentabilidade busca encontrar um equilíbrio na definição de parâmetros de usos e de costumes dos povos. Esse equilíbrio nada mais é que: para ser sustentável, e portanto, duradoura, a ação precisa ser ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável. 

A perspectiva econômica resulta da aquisição de rendimento suficiente para o custo da vida em sociedade, a social diz respeito aos valores sociais e culturais, a justiça na distribuição de custos e benefícios e a ecológica à manutenção dos ecossistemas a longo prazo. 

Como já disse, por diversas vezes, sou a favor da preservação ambiental, entretanto precisamos ter uma visão de longo prazo e, portanto, sustentável sob a ótica do conceito do tripé. 

Alguns organismos internacionais tem buscado influenciar, alguns de forma subliminar, outros de forma explícita, como o Greenpeace, que durante a discussão do Código Florestal veio defender junto ao então relator deputado Aldo Rebelo (hoje ministro dos Esportes) a preservação das margens de nossos rios enquanto sua sede fica em Amsterdã, famosa por seus canais que cruzam toda a cidade, sem nenhum recuo para construção em todo seu território. 

Outro exemplo de influência estrangeira, foi o conhecido paper feito por americanos intitulado ""farms here, forest there"", onde foi estudado o impacto econômico na agricultura americana ao longo dos anos com o crescimento da área agrícola de nosso pais. 

Esse impacto, de acordo com o estudo, seria de centenas de bilhões de dólares e portanto era necessário incentivar a preservação ambiental e as florestas tropicais, enquanto os norte americanos geravam riquezas para seu país. 

Os americanos, indo além de suas fronteiras e influenciando nossos pensamentos, são melhores em parques urbanos dentro das cidades, na reciclagem do lixo, no bom uso dos recursos naturais como a água. E usando o tripé buscam indenizar financeiramente aqueles que fazem a preservação ambiental. 

Enquanto a Europa preservou menos de 1% de suas florestas originais, nós preservamos mais de 60%. Nossa extensão territorial é continental, com 46% de nossa área sendo composta por terras da união, 12% de terras indígenas e menos de 1% de cidades. 

Com tão pouco território de cidades e sendo a função do meio ambiente dentro das cidades diferente, a legislação ambiental urbana precisa estar atenta à realidade em que vivemos e criar condições duradouras principalmente na construção e utilização das áreas de preservação permanentes. 

Ao restringirmos demais o uso, estimulamos a ocupação irregular nas margens de nossos rios e diferente do objetivo criamos um problema ambiental e também social. 

Acreditamos que o caminho é de conscientização e não obrigatoriedade e que, principalmente, seja embasado no ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável, pois somente assim teremos uma ação eficiente e principalmente duradoura. 

Flávio Amary é vice-presidente do Interior do Sindicato da Habitação no Estado de São Paulo (Secovi-SP) e escreve às quartas-feiras neste espaço - famary@uol.com.br

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