PR - Fábrica da Leão tem até grama no teto

A primeira unidade industrial do país a receber a certificação ambiental Leed fica em Fazenda Rio Grande, na região de Curitiba
AMANDA MILLÉO, ESPECIAL PARA A GAZETA DO POVO


Economia de 23% no consumo de energia e 36% no de água são resultados das medidas de sustentabilidade adotadas pela fábrica de chás secos da Leão, em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. 

Atendendo mais de 30 critérios do Green Building Council Brasil (GBCB), organização que auxilia o desenvolvimento da construção sustentável, a fábrica foi a primeira do país a receber a certificação Leed – sigla em inglês para “liderança em energia e design ambiental” – na categoria Nova Construção.

Entre as várias medidas adotadas pela Leão estão a plantação de grama nos telhados, que ajuda a manter o isolamento térmico, reduzindo o gasto de energia com ar condicionado, ventilador e aquecedores.

Soluções

Telhas translúcidas e paineis solares ajudam a reduzir despesas

Dentre as ações para diminuir em 36% o gasto de água, a fábrica da Leão adotou cisternas coletoras de chuva, plantou espécies que não exigem irrigação constante e implementou o sistema de duplo fluxo nos vasos sanitários. 

Para diminuir os custos energéticos, telhas translúcidas favorecem a iluminação natural; painéis solares aquecem a água e diminuem os custos com o aquecimento a gás; e paredes em formato de venezianas permitem a entrada do ar e reduzem gastos com aquecedor ou ar condicionado, entre outros.

Hoje o Brasil é o quarto país que mais busca a certificação Leed, atrás de Estados Unidos, China e Emirados Árabes. São mais de 50 empresas buscando a certificação no país, 80% delas de pequeno e médio porte.

A unidade da Leão faz parte do Sistema de Alimentos e Bebidas do Brasil (SABB), do grupo Coca-Cola. Segundo o gerente de sustentabilidade e responsabilidade social do SABB, Fabiano Rangel, se os funcionários estão em um ambiente onde o ar é constantemente renovado, não há acúmulo de gás carbônico (CO2), os trabalhadores não se sentem sonolentos e a produção se mantém.

Para atender aos critérios da certificação “verde”, diz Rangel, a empresa precisou gastar de 13% a 15% mais na construção, em comparação ao custo de uma fábrica convencional – mais que o investimento extra de 2% a 7% que a GBCB estima para tornar sustentável um prédio comercial. 

A fábrica da Leão saiu mais cara por causa da dificuldade em comprar certos materiais durante o desenvolvimento do projeto e a construção, a partir de 2006.

“Tivemos de buscar a tecnologia, o que encareceu o projeto. Hoje esse custo não existiria, tanto que nos projetos das próximas empresas as mudanças já estão incluídas”, explica Rangel. 

De acordo com o presidente do SABB, Axel de Meeûs, o custo para tornar a fábrica sustentável não é repassado ao consumidor. “O cliente é exigente. Ele sabe o que é bom e temos de evoluir para atender à demanda.”

O gerente de relações governamentais e institucionais da GBCB, Felipe Augusto Faria, conta que as despesas dependem do tipo de construção, mas que o ideal é pensar nas melhorias desde o início do projeto. 

“O que encarece ou não é o momento em que você começa a pensar nisso. Às vezes o prédio está pronto e já tem algumas adaptações. Assim fica mais fácil de torná-lo mais sustentável, mudando a iluminação, por exemplo. Em outros casos, é mais complicado. 

Mudar o sistema de ventilação de uma sala totalmente fechada exige mudanças maiores”, diz.d


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