Mudanças para o bem

O mercado imobiliário se movimenta mundialmente em busca de diferenciais, como melhoria de eficiência
 
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Coletores para a separação do lixo e paredes duplas para reduzir calor e 
consumo de ar refrigerado estão entre as propostas

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Calçadas verdes e largas não apenas amenizam o calor e as enchentes, 
mas facilitam o ir e vir das pessoas e os seus encontros

O mercado imobiliário se movimenta mundialmente em busca de diferenciais, como melhoria de eficiência

Sustentabilidade talvez seja o termo mais pronunciado nesta segunda década do século XXI. E vem marcando presença nos mais variados setores, cada dia que passa com mais força, fazendo muita gente passar do discurso à ação.

No setor da construção civil não é diferente. Praticamente todo mundo está se mexendo de alguma forma. E um setor que, há até pouco tempo tinha a má fama de degradador do meio ambiente, vem mudando lentamente de postura.

Essa mudança, porém, não acontece da noite para o dia e a países que iniciaram o processo há três ou quatro décadas ainda têm o que avançar. No Brasil, como em outros setores, a cidade de São Paulo desponta em projetos, cursos e também em certificações e premiações.

No Ceará, ainda não é fácil encontrar fontes para falar com propriedade sobre o assunto. Ainda assim, tem muita gente de olho nesta nova forma de projetar, construir e mudar construções para adequação, não apenas de matérias-primas e materiais, mas também de melhoria do conforto, seguranças, acessibilidade e eficiência energética.

Novo momento
Na semana passada, por exemplo, mais uma empresa do setor anunciou o início de um novo momento em sua trajetória. Ao comemorar 21 anos de atividades, a Novaes Arquitetura convidou todo o empresariado da construção civil de Fortaleza para um jantar onde um pouco da sua história foi lembrada e novos capítulos que começam a se esboçar foram anunciados.

No comando do escritório, Artur Novaes admite que a mudança está começando por ele mesmo, que vinha se sentindo incomodado com algumas coisas e buscou na academia e numa assessoria de marketing o que estava faltando para esta verdadeira virada em suas atividades profissionais, que contam com a parceria da esposa e da filha.

Cinco diretrizes foram definidas: 
- realização de bons negócios com a satisfação dos clientes e uma arquitetura voltada às pessoas; 
- investimento em tecnologia e informação, incluindo a inserção nas redes sociais; 
- adoção de critérios factíveis de sustentabilidade nos projetos, considerando principalmente as especificidades do nosso clima; 
- o repensar dos conceitos de acessibilidade e segurança, lembrando que a qualidade dos espaços está ligada diretamente à liberdade de ir e vir; 
- e a valorização do design, destacando que todo edifício é importante na construção da qualidade do espaço urbano, com beleza e funcionalidade.

Projeto

Novaes enfatiza que é na fase inicial do projeto que são definidos os itens de maior impacto na sustentabilidade e desempenhos das edificações, incluindo a redução de custos.

Ele, que preside a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura - Regional Ceará (Asbea-CE), destaca, ainda, a qualidade do projeto, lembrando do tempo da valorização de uma arquitetura internacional, que desprezava as características locais, tendência superada na década de 1970, com o movimento regionalista, que passou a interpretar as condicionantes locais.

Check list

Partindo das suas próprias motivações e contando com assessorias específicas, a direção do escritório montou um check list com itens e intenções em sustentabilidade. Entre eles, está a questão climática, considerando que cores claras e paredes duplas na face poente representam a opção mais viável de adequação das nossas construções.

Quanto à relação com a cidade, destaca que o tecido urbano, com seus cheios e vazios, é o resultado do somatório das edificações. "Sua qualidade, ou a falta dela, depende das relações entre as edificações e o seu entorno", afirma.

Novaes afirma que quer projetar passeios com três metros de largura, com ênfase nas pessoas, ao criar espaços favoráveis a encontros, vivências e atividades, tendo como princípio o conforto e a qualidade de vida. "Não adianta um empreendimento com 60 itens de lazer se não se usa vinte e o apartamento não é habitável", afirma o arquiteto.

Para finalizar seu recado ao setor responsável pela execução dos projetos que elabora, Novaes disse: "Acreditamos na capacidade do mercado de incrementar a melhoria da qualidade de vida das pessoas".

MARISTELA CRISPIM
EDITORA