Projeção do Gartner mostra que, até 2015, 50% dos datacenters mundiais terão zonas de alta densidade, enquanto esta proporção era de 10% no ano passado.
A consultoria também prevê, em paralelo, que, até 2018, a demanda por projetos de centros de dados mais inteligentes, a pressão por eficiência energética, realidade dos ambientes de alta densidade e potencial da computação em nuvem serão os principais fatores a impactar negativamente a demanda por capacidade dos datacenters.
Para equilibrar a balança do aumento de consumo energético e a ameaça de redução de demanda, os gestores de datacenters precisarão arregaçar as mangas e colocar em prática um plano que contemple, em primeiro plano, a inteligência do negócio, de forma a ser capaz de considerar as variáveis tempo e capacidade de uso como dados importantes para a projeção da capacidade de processamento.
No quesito consumo de energia, o Gartner define zonas de alta densidade como sendo aquelas que consomem mais de 10 quilowatts de energia por rack de equipamento e diz que qualquer rack que tenha mais de 50% de sua capacidade ocupada estará, necessariamente, em uma zona de alta densidade, daí a relação com o alto tráfego de dados.
Segundo o estudo, os datacenters desenvolvidos nos últimos cinco anos foram desenhados para ter uma distribuição uniforme de energia entre os racks, sempre entre 2 kW e 4 kW por rack. Mas como cada vez mais espaço tem sido consumido por empresas, a distribuição de energia rapidamente se tornou obsoleta. Por isso, o instituto de pesquisas aponta que as zonas de alta densidade vão se tornar mais necessárias ao longo dos próximos anos.
Para o Gartner, essas zonas são uma forma de melhor organizar e gerenciar o consumo de energia, principalmente os relacionados à refrigeração, pois racks de servidores organizados permitem melhor circulação de ar e sistemas de resfriamento menos robustos. As zonas de alta densidade, segundo a consultoria, serão usadas como forma de economizar espaço dentro dos datacenters, mas apresentam o risco de se tornarem centros de alto consumo de energia.
O Gartner aconselha as empresas a projetarem grandes espaços capazes de suportar o aumento de capacidade, com uma “gordura” de 20% a 25%. Pois, como os custos com espaços são altos, os usuários devem garantir que o projeto e o tamanho desta zona sejam grandes o suficiente para acomodar o crescimento entre cinco a dez anos.
“Os métodos tradicionais para concepções de projetos de datacenters deixarão de ser funcionais, a não ser que se busque a compreensão das forças externas que impactarão os custos, a longevidade e o tamanho destes ambientes”, explica o vice-presidente administrativo e diretor de pesquisa do Gartner para infraestrutura, David Cappuccio.
Recomendações
O Gartner indica que os responsáveis pela gestão de datacenter foquem nos pontos a seguir para otimizarem projetos nesta área:
Projetos mais inteligentes – atualmente, os datacenters apresentam demandas variadas de acordo com tempo de uso, de capacidade etc. Novos projetos levarão estas variáveis em consideração, na contramão de métodos tradicionais, concebidos à época em que os mainframes estavam em alta.
Green IT I(TI Verde) – grande parte dos gestores desta área oferecem pouca atenção a este item, exceto em momentos nos quais sofreram algum tipo de pressão tanto por parte de profissionais de alta gestão de dentro das empresas quanto pelo público externo. Porém, com a crescente conscientização em relação a este tema, os responsáveis pelo gerenciamento já estão voltando suas atenções ao quesito eficiência energética, nos momentos da concepção e da execução dos projetos.
Conquista da densidade – com projetos mais inteligentes e a tendência pela adoção do Green IT, os responsáveis pela concepção dos datacenters focam na densidade computacional destes ambientes que em grande parte, são subutilizados. A implantação da nuvem privada e a alocação de recursos fornecerão métodos para melhoria da escalabilidade nos datacenters.
Cloud computing – profissionais de TI responsáveis pela gestão de datacenters estão começando a considerar a possibilidade de transferir trabalhos que não são essenciais para as suas atividades aos provedores de nuvem.
A hora e a vez dos empreendimentos brasileiros
Aquecimento econômico e expansão acelerada dos negócios na web fazem da infraestrutura local um novo alvo de investimentos
Os serviços baseados em nuvem não apenas estão entre as prioridades dos gestores de TI, como os 3% das corporações latino-americanas que possuem a maioria da sua TI no cloud computing, atualmente, devem saltar para 43% em quatro anos. Os dados do Gartner se somam a uma pesquisa feita pela Universidade da Califórnia a qual revela que o consumo de dados de computadores em empresas no mundo é de aproximadamente 9,57 zettabytes por ano.
Esse panorama justifica os investimentos anunciados no Brasil para fomentar a infraestrutura de datacenters e também o aumento do interesse internacional sobre a infraestrutura montada por empreendedores locais. “Desde o ano passado ouvimos do JP Morgam e do Gartner, respectivamente, que no final desta década o Brasil será a 5ª maior economia do mundo e que acabaremos nos tornando o 2º maior mercado de TI, ficando atrás apenas da China entre os países emergentes”, pondera Victor Arnaud, diretor de marketing e processos da Alog.
Além disso, lembra ele, o Mundial da FIFA e as Olimpíadas devem contribuir ainda mais para ampliar a geração e o consumo de dados digitais. “Esses dois eventos vão explodir o conceito de celular. Haverá uma mudança de paradigma como a que estamos vendo com a banda larga”, afirma, utilizando essas expectativas como pano de fundo para a incorporação da Alog pela Equinix, por US$ 127 milhões, em fevereiro último.
Na mesma linha dos investimentos internacionais, a Iron Mountain, empresa com mais de 60 anos de operação e com instalações na América do Norte, Europa, América Latina e Pacífico, para atender a mais de 100 mil clientes corporativos, investiu R$ 6 milhões na construção de dois centros de dados - um em Curitiba e outro em São Paulo. O objetivo é atender inicialmente clientes nacionais, apesar de estar em estudo a oferta de serviços também na Argentina, Chile, Peru e México.
A instalação de Curitiba, que já está em operação, segue os padrões adotados nos Estados Unidos e na Europa. A expectativa é que o crescimento da receita no País, em 2011, seja superior a 25%.
Já a T-Systems, por outro lado, se preparou para a alta demanda construindo, em São Paulo, um data center de R$ 50 milhões, 1400 metros quadrados e aproximadamente 2 mil servidores. Mesmo reconhecendo a alta competição presente no mercado brasileiro, a companhia alemã importou da matriz uma proposta de cloud computing privada para atrair os primeiros clientes ao seu ambiente e trabalha com uma reserva de 50% à espera da explosão dos dados digitais no País. “Também estamos preparados para o crescimento”, avisa Slawomir Kupczyk, vice-presidente da área de ICTO da T-Systems do Brasil.
Por que investir?
Ao incorporar a Alog, a Equinix garante sua entrada no mercado de data center do Brasil e da América do Sul, e vai utilizar todo o poder internacional para ofuscar o avanço das operações locais na área de cloud computing e outras correlatas. “A posição da Alog no Brasil, juntamente com um forte modelo de negócio complementar, nos dá a oportunidade de entrar neste importante e emergente mercado e rapidamente acomodar as demandas de nossos clientes por serviços de datacenter na América do Sul”, disse Steve Smith, CEO da Equinix, em comunicado.
Mas essas ações não serão isoladas, muito menos pioneiras do ponto de vista financeiro, porque uma outra organização tem monitorado o mercado brasileiro há mais de três anos e programou seus investimentos a partir da demanda identificada. “Começamos em 2008 focados em pequenas e médias empresas, atuando em algo que está próximo do dia a dia, na hospedagem de site, com o UOL Host. Hoje esta divisão tem mais de 500 mil clientes”, explica Gil Torquato, presidente do UOL Diveo. O crescimento aconteceu também com os serviços de contratação de domínios na web, aplicativos e soluções de gestão de negócios vendidos como serviço pela internet, além de lojas virtuais – serviço que reúne mais de 5 mil iniciativas.
Para crescer no segmento corporativo de médias e grandes organizações, o UOL foi às compras e utilizou como caso de referência a sua própria experiência na área de conteúdo online, apresentado como o maior portal de conteúdo da América Latina, com 4 milhões de visualizações de páginas mensais, segundo do Ibope. A aquisição mais significativa, a DHC, aconteceu há dois anos. Com essa transação, o UOL incorporou como clientes algumas grandes corporações e também os gigantes de e-commerce, a exemplo do B2W, holding que controla a Americanas.com, o Ingresso.com, o Shoptime.com e o Submarino.com.
“Compramos a DHC, ganhamos musculatura e há um ano e meio atrás adquirimos a Tech4b, que atua na área quality assurance e que criou entre os vários serviços, um sistema automático de medição e desempenho, com o qual é possível prevenir falhas, avisando ao usuário sobre a necessidade de ampliar a infraestrutura ou, caso o problema esteja no software, identificar o script e recomendar ações ao usuário”, explica Torquato, ao completar que Embraer, Procter & Gamble, Souza cruz, AmBev são clientes conquistados com a compra da Tech4b.
Ao final do ano passado, o UOL deu a sua cartada mais recente ao efetivar a compra da Diveo, a princípio negada pela companhia, mas posteriormente reconhecida. “Já era um desejo antigo, porque primeiro a competência da Diveo era algo reconhecido pelo mercado – atendimento, infraestrutura de datacenter, principalmente o de Tamboré com mais de 17 mil metros quadrados – e também pelo relacionamento entre as duas empresas”, afirma Torquato.
A compra foi concluída em dezembro e mudou a identidade do UOL para UOL Diveo, resultando na soma de mais de 3 mil clientes corporativos, desde os contratos do UOL Hosting Datacenter. “A Diveo trouxe a Saraiva, a Livraria Cultura e uma série de clientes de varejo, algo que nos permite afirmar que temos 90% do mercado de e-commerce, somando o UOL Hosting e a Diveo”, relata o executivo. Somente no segmento financeiro são mais de 100 bancos, segundo ele, além da própria Bovespa, completa. Torquato arrisca dizer que, se consideradas as operações de multinacionais na área de datacenters, como HP e IBM, hoje o UOL Diveo ocupa a terceira colocação no Brasil.
Sobre a tendência de consolidação do setor, ele diz que ainda não enxerga os movimentos ocorridos no passado recente com este perfil. Para Torquato, as negociações são fruto de uma demanda crescente e paralela à expansão da internet, visão com a qual Victor Arnaud, da Alog, concorda parcialmente, ao afirmar que “a consolidação, além de estar em curso, beneficia o consumidor final ao permitir a oferta de mais serviços maduros e de menor custo”.
25% em cinco anos
Dos US$ 5 bilhões investidos mundialmente, em 2010, em infraestrutura de TI – servidores, storage e redes – 5% foram destinado a cloud computing. Segundo a IDC, até 2015, esse percentual deve chegar a 25% na América Latina, região onde foram ouvidas 600 empresas em janeiro do ano passado, para saber quantas estavam ou tinham pretensões de investir em cloud computing. Três e meio porcento disseram ter projetos, dado que saltou para 14.5%, em dezembro de 2010.
De acordo com a consultoria, o primeiro passo para um ambiente de cloud é a virtualização, num prazo de 12 a 18 meses, no qual ocorre a transição para a computação em nuvem. A tendência, segundo a IDC, é que o usuário departamental pressione a mudança para o cloud, especialmente a geração Y. Aqueles que já perceberam que a migração para o cloud é um caminho sem volta, vão demandar estrutura elástica e compartilhada, com rápida implementação, interface web e padronização, conclui a IDC.