Grifes e designers investem em um material que se encontra com fartura na Amazônia - o couro de peixe - e ganham adeptos da moda e da natureza em si
Rosiel Mendonça
O criador da Osklen, Oskar Metsavaht, cantou a pedra há quase três anos:
“o novo luxo é nobre e sustentável”.
Foi essa filosofia que levou a grife brasileira a investir em um material que se encontra com fartura por aqui, o couro de peixe, tão resistente quanto o bovino. Exótica e peculiar, a matéria-prima amazônica chama a atenção pela presença das lamélulas, locais onde as escamas estão inseridas.
Quem trabalha com o couro de peixe há mais de 20 anos é a designer de joias Rita Prossi, que aplica peles de surubim, aruanã, pescada e tambaqui em suas biojoias e cintos.
“O exotismo é o diferencial desse material, mas alguns não entendem muito bem que essa é uma matéria-prima sustentável”, conta Rita, que se queixa da falta de informação sobre o produto.
“Essa é uma das barreiras que encontrei ao trabalhar com couro de peixe, por isso tenho sempre que explicar que essa é uma pele que seria jogada fora porque os frigoríficos exportam somente os filés.
Têm pessoas que acham que estamos matando os peixes para fazer isso”, comenta.
COLARES E PULSEIRAS
Aliar beleza e sustentabilidade a colares, tiaras, pulseiras e brincos também é a fonte de renda da artesã Luciana Martins.
Um diferencial dos produtos dela é justamente a utilização da técnica do curtume do couro de peixe de peixes regionais como o pirarucu, o tambaqui e a pirarara.
“Aprendi a técnica do curtume em Manaus em uma visita ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), onde tive acesso à pesquisa pioneira do professor José Rebello em transformar a pele de animais em couro para a utilização na indústria, e também por meio de qualificação no Sebrae”, explica a artesã.
Os colares produzidos por ela custam de R$ 15 a R$ 100 reais; as pulseiras, de R$ 15 a R$ 25.
Os acessórios podem ser encontrados no Feirão da Sepror, na avenida Torquato Tapajós (antiga Expoagro), de quinta-feira a sexta-feira, das 7 horas às 17 horas; aos sábados, na Feira da Asa, na avenida Coronel Teixeira;
na Feira do Cassam, na avenida General Rodrigo Otávio;
e aos domingos, na Feira da Eduardo Ribeiro, Centro.
SUSTENTABILIDADE
Outra artesã que embarcou na ideia de investir em couro de peixe é Greyci Oliveira, gerente da empresa Couro D’água Amazonas, que também é fornecedora da designer Rita Prossi.
Greyci conta que qualquer espécie pode ser utilizada, sendo a pirarara e a pescada as mais utilizadas por ela na produção de bolsas, carteiras, pastas e acessórios.
As etapas pelas quais as peles passam durante o curtimento vão da lavagem, descarne, remoção das escamas até o recurtimento com produtos naturais, tingimento, secagem e lixamento.
Tudo isso pode levar até 15 dias.
Serviços
O quê: Couro D’água
Onde: Galeria de Artes do Amazonas, na avenida Joaquim Nabuco, esquina com a avenida Tarumã
O quê: Feirão da Sepror
Onde: avenida Torquato Tapajós (antiga Expoagro)
O quê: Rita Prossi
Onde: Quiosque no Manauara Shopping
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