Critérios de sustentabilidade entram objetivamente nas decisões de investimento

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Os impactos das alterações climáticas e as consequentes medidas governamentais para lidar com o problema se mostram cada vez mais presentes nos desafios e resultados das empresas. 

Investidores e gestores de carteiras buscam informações mais objetivas e transparentes sobre sustentabilidade para tomar decisões de alocação, aproveitar oportunidades nos mercados de “green bonds”, e se engajar em causas relevantes que afetarão suas taxas de retorno e obrigações fiduciárias no futuro.

A divulgação, o processamento e a padronização dessas informações e seu uso pela comunidade de investidores foram o tema do evento Side Activity, um complemento à segunda edição da conferência Abrasca & CDP Conference, realizado em parceria com a iniciativa Principles for Responsible Investment (PRI) no escritório da Bloomberg em São Paulo, no dia 17 de março.

O Carbon Disclosure Project (CDP) tem a adesão de 822 investidores que administram um total de US$ 95 trilhões em ativos e estão comprometidos em incluir critérios de sustentabilidade em suas avaliações de investimento, criando uma massa crítica capaz de impactar a economia real. 

Um dos panelistas, o vice-presidente de Iniciativas de Investidores do CDP, Chris Fowle, apresentou ao público presente algumas das métricas mais importantes e como as mesmas são vinculadas ao desempenho financeiro das empresas em diferentes setores.

As métricas elaboradas pelo CDP incluem eficiência energética, uso da água e carvão e atitude em relação à legislação ambiental, que depois são compiladas em rankings. 

“Empresas com pior avaliação podem ser investimentos de maior risco”, explicou Fowle. 

“Nós ajudamos os investidores a administrar a exposição a emissões de carbono e a reduzir esse risco”, além de dar às companhias referências para aprimorar seu desempenho na área de sustentabilidade.

Também presente no evento, a iniciativa Principles for Responsible Investment, formada com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), reforça a importância de dados objetivos para que os investidores e gestores de recursos possam tomar decisões com confiança e real potencial de preservar o meio ambiente. 

“A comparação de empresas similares, os dados, são o primeiro passo para se encontrar uma estratégia”, afirmou Kurt Morriesen, que atua no PRI nas áreas de finanças inclusivas e investimentos com tema ambiental e social.

O PRI tem 1.400 signatários que administram US$ 59 trilhões e foi criado para colocar em prática a inclusão de critérios de governança ambiental, social e corporativa nas decisões de investimento e nas causas defendidas por investidores. 

Segundo a entidade, os investidores já colocam dados sobre a emissão de carbono (“carbon footprint”) em seus relatórios como forma de melhor avaliar suas aplicações, redefinir estratégias e mitigar riscos.

“O tempo não volta atrás e cada um tem de definir como se engajar nesse universo”, disse Morriesen.

Mantendo um diálogo constante com investidores e empresas na busca por informações para a tomada de decisões, a Bloomberg se empenha em ampliar o número de entidades que divulgam dados de sustentabilidade em todo o mundo, ao mesmo tempo em que incorpora esses dados às suas ferramentas tradicionais de avaliação de investimentos.

A ferramenta de Análise Financeira de empresas (no terminal Bloomberg, FA ), por exemplo, traz números sobre emissões diretas e indiretas de dióxido de carbono, consumo total de água, energia e produção de lixo tóxico. 

No caso de green bonds, métricas de sustentabilidade já foram integradas à análise padronizada de dívidas da Bloomberg, como a comparação de curvas de juros e rankings.

“Cada vez mais os investidores estão reagindo à mudança climática, em diferentes classes de ativos e regiões geográficas e não só no mercado de ações, como também em renda fixa, private equity e hedge funds”, disse Lenora Suki, responsável por Estratégia de Produto no Grupo de Negócios e Finanças Sustentáveis da Bloomberg, que falou por videoconferência a partir do escritório da empresa em Nova York.

“À medida que os investidores ficam mais envolvidos, aumenta o foco na qualidade e relevância dos dados e diminui o foco na quantidade. 

A Bloomberg vem criando novas ferramentas de avaliação em diferentes classes de ativos, com informações mais granulares e úteis e em tempo real. 

Existem novas fronteiras de dados”, completou Lenora Suki, que virá no mês que vem ao Brasil para o Seminário ESG de Sustentabilidade nas Empresas e nos Investimentos. 

O evento aprofundará a discussão sobre o futuro da análise de investimentos incorporando aspectos de sustentabilidade, inovação e impacto social, e foi realizado pela Bloomberg no dia 5 de abril no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

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