Investimentos em energia limpa somarão U$$1,7 trilhão na próxima década

Estudo traça cenários e afirma que políticas de incentivo podem elevar aportes na área para até US$2,3 trilhões.
 

Os investimentos em geração de energia a partir de fontes limpas nos países que compõem o G-20 - grupo das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia - devem somar algo próximo a US$1,7 trilhão ao longo dos próximos dez anos. 
Esse montante, porém, pode chegar a US$2,3 trilhões caso as políticas para fomento a essas fontes sejam significativamente fortalecidas nos próximos anos. As previsões constam de relatório divulgado nesta quarta-feira (12/8) pela Pew Charitable Trusts, organização dedicada a estudos e análises ligadas a políticas públicas.
Em todos cenários avaliados pelo documento, a corrida pela energia limpa é liderada pela Ásia, com grande expansão na China e na Índia. O texto afirma que todos os países teriam ganhos com uma política voltada a incentivar o setor renovável, mas que, entre todos, três aparecem como os que, potencialmente, melhor poderiam aproveitar a onda verde: Estados Unidos, Índia e Reino Unido.
O estudo examinou projetos de investimentos privados em energia eólica, solar, biomassa, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), centrais geotérmicas e usinas maremotriz (usam a força do mar). Os dados que subsidiaram o relatório foram compilados junto à Bloomberg New Energy Finance, que distribui notícias, dados e análises sobre o mercado de energia limpa e emissões de carbono. Com base nisso, foram elaborados três cenários: um que contempla as perspectivas com as políticas atuais; um com a implementação de acordos negociados em Copenhagen para a redução das emissões de CO2; e outro com o máximo de políticas e incentivos para a área.
Em todos os cenários, a Ásia aparece como a região mais atraente para os investidores. China, Índia, Japão e Coreia do Sul poderiam ser, em 2020, o destino de aproximadamente 40% dos aportes em energia limpa. O crescimento é explicado principalmente pelo grande aumento da demanda por eletricidade no continente. Somente Índia e China devem responder por 53% da alta no consumo nos próximos vinte anos. Na China, os recursos privados direcionados para a geração renovável poderiam chegar a US$620 bilhões até 2020.
Em sua análise, o documento avalia que os Estados Unidos já têm potencial para ver os investimentos no setor crescerem 73% acima dos níveis de 2010, mesmo com a atual legislação. Caso fossem adotadas medidas previstas para reduzir a redução de emissões, como falava-se em Copenhagen, esse expansão poderia ser de 90%. E, no caso de se adotar os cenários mais positivos, a variação positiva chegaria a até 237% - o que representaria a atração de US$342 bilhões na próxima década. "Os Estados Unidos são um dos três países que teriam mais a ganhar com a adoção de políticas agressivas de energia limpa", destaca o texto.
Na Europa, a tendência é de que o mercado chegue à maturidade na próxima década, o que fará o desenvolvimento das renováveis cair em alguns países que as adotaram mais cedo e crescer em outros. Assim, as maiores oportunidades de crescimento são vistas no Sul do continente e em aplicações eólicas offshore - instaladas em alto mar. A previsão otimista aponta para aportes de R$705 bilhões nos países do bloco, com destaque para a Alemanha, o Reino Unido e a Itália.
Ao analisar o Brasil, o estudo ressalta que o País é o líder mundial em potencial para usinas a biomassa e PCHs, além de ter um grande campo para o investimento em energia eólica. A previsão é de que sejam investidos US$4 bilhões em fontes renováveis no País até 2020, sendo que esse número pode dobrar com as políticas para redução de emissões. E, no caso de um incentivo mais agressivo, no cenário mais favorável, o País poderia receber até US$67 bilhões, com a instalação de 25GW em usinas de energia limpa.
O documento sugere, além da realização de leilões anuais para contratação de fontes renováveis, a criação de uma meta para esse tipo de geração na matriz, incentivos aos empreendedores, e a redução de impostos, que, segundo os especialistas, hoje representam cerca de 40% do custo dos projetos. Também são colocados como possibilidades a redução dos juros pelo Banco Central, para que bancos privados também possam financiar, com taxas atrativas, os empreendimentos na área, hoje bancados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Clique aqui para acessar a íntegra do relatório. 
 

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