Rio de Janeiro – Mostra Morar Mais por Menos apresenta novidades do mercado de arquitetura e decoração. Espaço Light inova ao levar a eficiência energética para ambientes sofisticados
Denilson Machado/MCA Estúdio
João Dalla, para o Procel Info
Rio de Janeiro – Abrir a conta de luz nem sempre é uma tarefa fácil. Ainda que a quantidade de lâmpadas acesas e o consumo de ar-condicionado sejam controlados ao longo do mês, surpresas podem acontecer caso o gasto com outros aparelhos seja superior.
A situação ainda se agrava quando a bandeira tarifária vermelha entra em vigor nos períodos em que a quantidade de chuvas é menor.
Além disso, desperdiçar energia – seja pelo uso de eletrodomésticos menos eficientes ou pelo aproveitamento inadequado de espaços – esbarra em questões ambientais e sustentáveis. A sustentabilidade, no entanto, vai além da eficiência energética e abrange outros segmentos, como o da reciclagem e reaproveitamento de materiais.
Com a proposta de mostrar que é possível unir conforto com sustentabilidade, a 15ª edição do Morar Mais por Menos – evento voltado para apresentar as novidades do mercado de arquitetura e decoração ao público – traz, entre seus 50 ambientes, o Espaço Light. O estande, que foi desenvolvido em parceria com o Studio Herrera, aborda ideias e soluções sustentáveis que podem ser utilizadas na concepção de um ambiente.
O designer Thiago Herrera, que esteve à frente do desenvolvimento do espaço, quis homenagear a fauna e a flora brasileiras. Ele ressalta que o viés ambiental é uma de suas preocupações durante o desenvolvimento de projetos e que o sustentável também pode ser sofisticado. Segundo Herrera, as casas estão se transformando e se tornando cada vez mais acolhedoras.
“As casas, hoje, estão deixando de ser brancas e frias e estão ganhando temperatura, cor, sensações e se tornando sustentáveis. Para mim, está se iniciando um movimento muito grande no Brasil e no exterior de designers e arquitetos que estão focados em mostrar beleza através da sustentabilidade. Nesse espaço, nós queríamos mostrar isso”, afirma.
Inovação e requinte
O Espaço Light é formado por uma cozinha e um lounge. E a sustentabilidade está presente em praticamente todos os detalhes. O piso da cozinha, o revestimento da parede e, até mesmo, as cortinas foram pensadas com o objetivo de garantir maior eficiência energética e respeito ao meio ambiente aliados ao bem-estar e comodidade do público.
As lâmpadas do espaço, por exemplo, são todas de LED. Essa tecnologia permite, além da economia de energia, maior conforto visual porque, segundo Thiago Herrera, o LED não tem tanta incidência de fluxo luminoso. Porém, esses não são os únicos benefícios. Essa tecnologia também deu liberdade para que o designer experimentasse novas formas de decoração.
No teto da cozinha, as lâmpadas foram todas envolvidas com barba de velho, uma planta altamente inflamável. Isso só foi possível porque, ao contrário das incandescentes, as lâmpadas de LED são frias. O designer explicou que essa é uma dúvida recorrente entre os visitantes do espaço. Segundo ele, essa foi a ideia original, já que, a partir do questionamento do público, é possível falar sobre eficiência energética.
Com iniciativa pioneira, Light apresenta novas formas de eficiência energética em ambientes alto padrão
“Você coloca a impressão, na cabeça das pessoas, de que isso poderia pegar fogo e, ao mesmo tempo, consegue falar da importância do LED. Então, se a pessoa faz o questionamento de o porquê colocar uma lâmpada quente junto com a palha, você consegue falar que ela não é quente, que ela é tecnologia LED, que todo o resto é LED e que todo o resto tem que ser LED”, ressalta Herrera.
A eficiência energética, no entanto, não se resume à escolha das lâmpadas. O revestimento cotton plusaplicado às paredes em um tom de verde mais claro garante uma luminosidade maior ao ambiente, o que permite o uso de menos lâmpadas.
Além disso, o revestimento é 100% natural – uma vez que foi desenvolvido a partir de restos de algodão e de escama de peixe triturada – e termoacústico, ou seja, é capaz de manter a temperatura do ambiente.
O verde ganha forma na coluna de samambaias naturais que florescem no ambiente. O urban jungle, como é conhecido esse estilo de decoração que traz o verde do exterior para o interior das residências, dá cor e textura ao espaço.
Thiago Herrera também ressalta a importância de se abrirem janelas. Segundo ele, essa deve ser uma das principais preocupações da arquitetura hoje em dia. As janelas permitem a entrada da luz natural no ambiente e, consequentemente, reduzem o consumo com lâmpadas.
As cortinas utilizadas no Espaço Light, por exemplo, foram escolhidas com esse propósito. Apesar de serem pretas, elas são feitas a partir de fios; então, ao mesmo tempo em que garantem privacidade e conforto, permitem a entrada de luz no ambiente sem ofuscamento.
A preocupação do designer não se restringiu à eficiência energética. A reutilização de materiais também foi aplicada na construção do espaço. Segundo Thiago Herrera, é possível transformar o que é tido como descartável em objetos de decoração sofisticados e confortáveis. “Eu luto a favor da reutilização de materiais e do não-consumo.
De se recriar e refazer. De se transformar o lixo em arte”, pontua.
Essa preocupação é observada no ambiente. Restos de serralheria se transformaram em um biombo.
O cachepot (estrutura decorativa para recipientes) que envolve os vasos de plantas é feito de lycra e restos de fábricas têxteis. Um andaime naval encontrado em um lixão, depois de pintado e laminado, se transformou no piso da cozinha. Garrafas PET, que seriam despejadas no meio ambiente, compõem o revestimento de armários e da bancada da cozinha.
Esses elementos se unem a uma geladeira dos anos 1950 que deixou de ser despejada no meio ambiente para integrar um espaço moderno e acolhedor. Reformada e com um novo motor, que gasta menos energia, o conceito do ambiente mostra que é possível unir um estilo de decoração retrô com sustentabilidade.
Arquitetura sustentável já é uma tendência em edificações modernas
Thiago Herrera ainda aproveitou o estande para lançar a Mymba, coleção de almofadas desenvolvida pelo próprio designer.
O tecido produzido pela empresa EcoSimple e utilizado para a fabricação dos modelos é 100% sustentável, já que durante o processo de produção não é gasta nem uma gota d'água.
Além disso, a cada metro de tecido, oito garrafas PETs são retiradas do meio ambiente.
O designer considera que não apenas a concepção de um espaço deve ser sustentável como também a manutenção do mesmo.
“A sustentabilidade tem que estar em um todo. Tem que ter um processo sustentável.
Para o meu cliente, tem que ser uma coisa prática para que ele consuma menos produtos de limpeza. Então, eu procuro pensar não só na entrega do meu projeto como também em sua manutenção”, salienta.
Sustentabilidade é tendência na arquitetura
A Light também contou com a assessoria da Eletrobras para a concepção do espaço. A arquiteta Estefânia Mello usou sua expertise em eficiência energética de edificações para que o ambiente se tornasse ainda mais eficaz.
Na cozinha, por exemplo, ela ressalta que é importante que a geladeira não fique colada junto ao forno ou fogão, porque quando um equipamento que gera frio e outro que gera calor estão muito próximos, ainda que ambos sejam certificados, há uma redução na eficiência.
No caso do Espaço Light, a geladeira e o forno são separados por um armário.
Apesar de algumas preocupações terem que ser levadas em conta na hora de compor um espaço, a arquiteta diz que a eficiência energética tem que estar aliada com a praticidade e comodidade dos moradores.
“Desde os primórdios o ambiente foi feito para garantir conforto. Então, ele tem que garantir o conforto térmico, visual e a qualidade do ar. Isso tudo é levado em consideração quando vamos definir o conceito de eficiência energética, porque você tem que cuidar para que o ambiente forneça todos esses atributos gastando menos energia”, explica Estefânia Mello.
A arquiteta acredita que a sustentabilidade é uma tendência na arquitetura e design de interiores, no entanto, ressalta que gostaria que o ritmo para a adesão desses conceitos na construção civil fosse mais acelerado.
“Eu acho que as questões ambientais estão tão urgentes que não tem mais como você pensar hoje, em 2018, um espaço que seja contemporâneo e que não tenha nenhum cuidado com sustentabilidade, com eficiência energética e com tratamento de resíduos.
Eu acho que se ainda tem alguém projetando assim, hoje em dia, não é que ele não está seguindo tendência, ele está ultrapassado. Eu vejo que a tendência, hoje, é muito mais do que eficiência energética: é aliar alta tecnologia.
Eu gostaria muito que a eficiência energética fosse uma coisa que todos já estivessem fazendo. É para isso que nós trabalhamos. Nós queremos que isso fique comum, mas infelizmente ainda não é.
Ainda é visto como uma tendência. Mas nós trabalhamos todos os dias para que isso vire cada vez mais uma premissa em todos os projetos ”, afirma Estefânia Mello.
O arquiteto Fernando Paz, que visitou o espaço da Light, diz que também leva em consideração a eficiência energética e a sustentabilidade no desenvolvimento de seus projetos. Segundo ele, a tecnologia permite que esse viés seja discutido e levado em consideração na hora de projetar os ambientes.
“A própria tecnologia surgiu para facilitar que isso seja aplicado. Hoje em dia, você tem a tecnologia favorecendo muito o barateamento de custo. Antigamente, era muito caro. Não só o design prevalecia, mas o custo era muito alto para ser mais sustentável. Eu acho que a tecnologia veio para favorecer isso: diminuir o custo e popularizar”, diz o arquiteto.
Inovação na abordagem da eficiência energética
A Light já desenvolve projetos que discutem eficiência energética com o público infanto-juvenil. Nesta primeira parceria com o evento do Morar Mais por Menos, a empresa pretende levar o assunto para outra esfera.
Com a iniciativa, a concessionária planeja dialogar com o público das classes mais elevadas. São dois os motivos para essa lógica: a localização do evento e o custo dos produtos sustentáveis.
A reciclagem ainda é de acesso a poucos e aqueles com poder aquisitivo maior têm mais acesso a esse tipo de mercadoria.
Por serem públicos diferentes, as abordagens também precisam ser distintas. Enquanto uma tem o viés mais educativo, a outra tem um viés mais persuasivo. E esse foi um dos fatores levados em consideração ao firmar essa parceria.
“Uma distribuidora de energia elétrica, como a Light, tem um público muito heterogêneo e ela precisa se comunicar com todo mundo.
Você precisa falar com todo mundo. E você não fala com todo mundo da mesma forma. Então, você tem que segmentar essa comunicação. Eu preciso conversar com meu público de uma forma que ele me ouça, que ele me entenda e que ele me escute”, afirma Luis Felipe Amaral, gerente do Instituto Light.
Luis Felipe Amaral ainda diz que, apesar de regulatória e necessária, a discussão sobre eficiência energética também é importante para a distribuidora.
“Não interessa para nós que haja um consumo desnecessário. O conforto sim, mas o conforto aliado à eficiência”, ressalta.
Morar Mais por Menos – o chique que cabe no bolso
Local: CasaShopping – Avenida Ayrton Senna, 2.150, bloco P, 4º piso – Barra da Tijuca
Quando: de 3 de agosto a 9 de setembro de 2018
Visitação: de terça a domingo, das 12h às 21h
Ingressos: R$ 30 (terça-feira), R$ 35 (de quarta a sexta-feira) e R$ 45 (sábado, domingo e feriado)
Aceita somente cartões de débito
Informações: (21) 2512-2412
Site:www.morarmais.com.br
* Atualizada em 16/08/2018 às 08h49
Nenhum comentário:
Postar um comentário